Capítulo X

802 Words
Maristela foi a delegacia especializada no atendimento a mulheres que sofrem com violência doméstica e após ser examinada no IML, fez o registro de ocorrência.Foi solicitado no mesmo dia que Paulo saísse de casa. Para isso, ela foi acompanhada de dois policiais, que já de posse do mandato de prisão, uma vez que por precaução, a vítima não podia permanecer no mesmo local que o acusado, o delegado que tinha feito o atendimento, conseguiu logo acordem assinada pelo juiz. Maristela entrou em casa e falou com ele: - Arruma as tuas coisas, que você vai sair daqui agora. - Não vou sair, não. Um dos policiais avisou: - Estamos com o mandato. Ou o senhor sai por bem, ou vai com a gente, preso. O senhor escolhe. - Se ela queria a separação, porque não saiu ela de casa? O policial respondeu: - Deixa de cinismo. Então o senhor espanca a sua esposa e ainda quer que ela fique ao relento? - E porque sou eu que tenho que ficar? Dessa vez foi Maristela que respondeu: - Porque a casa é minha por herança de meus pais. - Mas nós somos casados e eu tenho direito a metade de tudo o que é teu. - Nós nós casamos depois que meus pais morreram e somos casados em regime de comunhão parcial de bens. Tudo que cada um tinha antes do casamento, não tem que dividir. - Eu vou entrar na justiça e te obrigar a vender a casa e me dar a minha parte. O policial declarou: - Depois o senhor tem o direito de tentar ganhar alguma coisa. Tenho certeza que vai perder a causa, pois faço Direito. Por hora, escolhe a maneira que vai sair daqui. Por boa vontade ou algemado? Está aqui a cópia do mandato. - Mas eu não tenho pra onde ir. Fiquei desempregado e não tenho como pagar um aluguel e me sustentar. - Devia ter pensado nisso antes de agredir a sua senhora. E saiba que ainda pode ser preso por agressão, tanto a sua esposa quanto a pessoa a quem o senhor agrediu no trabalho que resultou na sua demissão por justa causa. Paulo arrumou duas bolsas de roupas para levar, mas antes de sair, avisou: - Isso não vai ficar assim. Você vai ter notícias minhas. Foi o pior que tinha para fazer naquele momento. O policial entendeu suas palavras como ameaça e lhe deu voz de prisão. Paulo saiu de casa algemado. Maristela estava muito nervosa com a rapidez que tudo tinha acontecido. Tinha ouvido falar de pessoas que sofriam de violência doméstica e não conseguiam nada perante a justiça. Tudo pra ela fora muito rápido. Não conseguindo ficar em casa e precisando desabafar, procurou o emprego do filho. Tinha sentido que ali se encontravam pessoas em que podia confiar. Ao chegar no restaurante, Seu Mário perguntou: - Conseguiu resolver? - Consegui. Ele saiu de casa algemado. - Tão rápido assim? - Nem eu consegui entender. Todo mundo fala que aqui no Brasil tudo fica impune, mas comigo foi muito rápido. Fiz exame no IML e saiu logo o mandato de protetiva. Como ele me ameaçou na hora de sair, foi preso. - A justiça causa surpresas. A senhora quer falar com o Renato? - Não, na verdade estava muito nervosa pra ficar sozinha em casa, por isso vim pra cá. Desculpa, agora percebo que abusei. - A senhora não abusou em nada. Pode vir quantas vezes quiser ou precisar, mas o Renato agora está muito ocupado, e como a senhora só precisava desabafar, me tenha como um amigo. Já desabafou comigo. - Foi isso que eu vim procurar aqui. Amizade sincera, é difícil de encontrar, mas eu senti o quanto aqui ela é preservada. - Eu só não entendi até hoje, porquê seu marido me tinha como amigo. Na verdade, somente o tratava com o respeito que devo a todos os fregueses, enquanto me respeitarem. Aqui, ele nunca bebeu pra chegar em casa a ponto de agredir uma pessoa. A única pessoa que não gostava dele aqui era a Maria. Ela sempre falou que ele era uma pessoa preconceituosa e violenta. - Eu sempre soube disso. Não sei porquê aturei tanto tempo. Depois de conversarem um tempo, veio a hora de movimento e Maristela se prontificou em ajudar. Precisava esfriar a cabeça. No final do horário de almoço, o filho veio para almoçar junto com Maria e André e deu de cara com a mãe. Ficou preocupado e perguntou: - Foi na delegacia? - Fui. Seu pai está preso e quando sair, não pode voltar para casa. Renato respondeu: - É triste, mas era necessário. Seu Mário convidou Maristela para almoçar com eles e apesar de meio sem graça aceitou. No final do almoço, perguntou: - Não quer trabalhar aqui também?
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