Maristela estava satisfeita com a conversa que tinha tido com a sogra. Então depois de tudo o que Paulo havia feito, ainda estava falando para os outros que a vítima era ele. Agora que a mãe dele, já sabia a verdade as coisas iam mudar. Dona Marlene era uma mulher de princípios e não ia de jeito nenhum, aceitar homem que bate em mulher dentro de casa.
Na certa, iria mandar ele procurar um emprego e algum lugar para ficar.
Ela deveria ficar até com medo de vir a sofrer uma agressão também.
Quando bebia, Paulo não raciocinava e não iria poupar nem a própria mãe.
Renato, que tinha ido para o quarto, voltou para sala disposto a conversar.
- Foi bom a vovó ter vindo aqui saber a verdadeira história. Ele se fazer de vítima foi o cúmulo. É muita cara de p*u.
- O pior é ele estar na casa dela que mora sozinha. Você sabe que quando ele bebe, não respeita ninguém. Tenho medo que ele agrida ela também.
- A própria mãe?
- Quando ele bebe, não raciocina. Não vai nem lembrar que é a mãe dele.
- Tomara que não aconteça. Vovó já tem certa idade.
- Ela só aceitou ele lá, porque ele mentiu. Se ela soubesse a verdade não tinha deixado ele ficar.
- A senhora tem algum remédio para dor de cabeça?
- Tenho, vou pegar.
Trouxe o remédio já com água. Renato tomou e avisou:
- Vou me deitar um pouco para ver se passa.
- Se não passar, você não vai ao colégio hoje.
- Tenho que ir. Tenho prova hoje.
- Se não passar, vai perder a prova.
- Aí vou ficar com nota baixa no bimestre. Eu sei a matéria e quero fazer. De qualquer jeito, vou ao colégio. Com ou sem dor de cabeça.
Renato foi se deitar e colocou o despertador para cinco e meia. Acabou pegando no sono.
Quando acordou estava se sentindo melhor. Tomou um banho e se arrumou para ir ao colégio.
Na hora da saída, encontrou o pai que lhe esperava.
Já sabendo que teria aborrecimento, tentou passar direto, mas o pai o chamou:
- Renato! Não me viu aqui?
- Não. Estava distraído. Como você está.
- Estou querendo voltar pra casa. Quero que você convença a sua mãe a me aceitar de volta.
- Eu não vou fazer isso. Ela está bem melhor sem você.
- Escuta aqui, seu m***a, eu não estou pedindo. Eu estou mandando. Você vai convencer ela a me aceitar de volta ou eu te mato de p*****a.
Renato resolveu fingir que concordava e foi para casa. A mãe cochilava no sofá. Chamou por ela e fez ela ir para cama.
No dia seguinte falaria com ela que o pai foi fazer ameaças na saída do colégio.
De manhã, resolveu que conversaria primeiro com Maria e
com Seu Mário. Tinha certeza que o pai ia acabar preso de novo.
Como a mãe estava junto, deixou para falar com o patrão depois.
Na cozinha, contou a Maria o que tinha acontecido e ela aconselhou:
- É melhor você contar para sua mãe e ela ir na delegacia avisar. A protetiva impede ele de chegar perto da casa. Mas não do colégio e você está correndo perigo.
- Eu sei. Mas se ela for na delegacia, ele vai ser preso de novo.
- Você acha que ele não vai cumprir a ameaça?
- Tenho certeza que vai.
- Então conta logo.
Renato saiu da cozinha e foi falar com Seu Mário. Pediu para conversar com ele rápido e contou o que tinha se passado.
Seu Mário chamou Maristela e avisou:
- O Paulo esperou o Renato ontem na saída do colégio e fez ameaças a ele. Se ele não te convencer a aceitar ele de volta, ele mata o Renato de pancada.
- Vou na delegacia avisar.
- Pode ir agora mesmo.
- Vou e volto antes do almoço.
- Use o tempo que precisar.
Maristela saiu e foi na delegacia. O delegado, pediu a um juiz, seu amigo, que providenciasse uma medida protetiva para o garoto também.
Poucos minutos depois, recebia o documento que o delegado lhe entregou. Ele pediu o endereço da casa da mãe de Paulo e fez uma cópia do documento. Mandou que dois policiais fossem na casa que Paulo estava e entregassem a cópia a ele, com o aviso que não poderia chegar perto do filho também e qualquer coisa que acontecesse a ele, iria mofar atrás das grades.