Renato chegou antes do patrão e teve que ficar esperando ele chegar, assim que Seu Mário chegou, elogiou o garoto por ter sido o primeiro a chegar. Como ele servia café da manhã, ofereceu ao garoto.
Ficaram sentados, tomando café e conversando. Seu Mário lhe contou que a Maria tinha elogiado o serviço dele e perguntou se ele sabia cozinhar.
- Sei sim. Gosto de ajudar minha mãe na cozinha e com isso aprendi a fazer de tudo.
- Que pratos você sabe?
- Feijão, arroz, macarrão, farofa, sopas, frango de diversas maneiras e carne também de diversas formas.
- Isso é bom. Se a Maria faltar, você pode quebrar o galho, aliás
vocês vão folgar em dias diferentes, assim vou poder dar folga a vocês.
- Seria bom. A Maria já não é novinha e deve se sentir cansada trabalhando todos os dias.
- Vamos fazer o seguinte, os dias de menos movimento são Sábados e Domingos, porque quem vem almoçar aqui são os trabalhadores da redondeza. Uma semana, você folga no Sábado e ela no Domingo e na outra a gente troca, assim fica justo para os dois.
- Eu nem faço questão de folgar. O ambiente lá em casa, não está dos
melhores.
- Seu pai, né?
- É. Ele me arranjou esse trabalho pensando que estaria me castigando, não gostava de me ver na cozinha. Dizia que era coisa de mulher.
- Ele não sabe que a maioria dos restaurantes tem cozinheiros homens?
- Parece que não.
Quando Maria chegou, encontrou os dois conversando. Estranhou porque o patrão não era de falar muito.
Foi avisada que eles haviam combinado a respeito das folgas e Maria se alegrou, mas perguntou se poderia fazer uns testes com ele antes de decidir deixar a cozinha nas mãos dele.
Seu Mário respondeu:
- Pode sim. Só que você vai ter que fazer o trabalho dele. Ele não pode fazer tudo sozinho em dia de grande movimento.
- Tudo bem eu faço. Respondeu Maria. Vou começar a testar ele hoje.
E perguntou para Renato:
- Preparado pra mais um teste?
- Sim. Eu sei que vou passar. Adoro cozinhar. Assim como gosto dos outros afazeres da cozinha.
Maria declarou:
- Cozinha tem isso, a pessoa tem que gostar, se fizer só por obrigação a comida não sai tão boa. Vamos começar?
- Vamos lá!
- Primeiro, vamos ver o que o patrão quer que faça. Depois a gente dividi o serviço.
Olharam o cardápio e Renato sabia fazer todos os pratos. Maria então disse:
- Você hoje é o cozinheiro e eu serei sua ajudante.
- Vou me esforçar para te ajudar na limpeza também.
- É muita coisa para fazer.
- Vai dar tempo pra tudo e eu vou te ajudar.
Maria pegou os legumes que seriam usados no preparo dos pratos do dia, enquanto Renato começou a cuidar das proteínas. Depois colocar no fogo, começou a lavar tudo que havia utilizado.
Maria comentou:
- Isso hoje é serviço meu.
- Não custa nada deixar as coisas em ordem.
- Vou passar a trabalhar assim também. Me diz uma coisa: Porquê você quiz arrumar trabalho tão novo, o seu pai está sempre muito bem arrumado e eu tenho certeza que vocês não passam necessidade.
- É que tenho problemas com meu pai pelo meu jeito de ser. Ele não me aceita.
- Porque você é homossexual?
- Você percebeu?
- Claro. Nós temos um jeito diferente de comportamento e dá para perceber logo.
- Eu tento disfarçar, mas ele está desconfiado e assim que tiver a certeza, me expulsar de casa. Por isso eu gostei quando ele me arranjou esse trabalho. Se acontecer de fome eu não morro.
- Será que ele sabe que homofobia é crime?
- Deve saber. No outro dia chegou em casa todo arrebentado por brigar na rua com um cara que ficou encarando ele.
- Ele é grosseiro mesmo. Quando ele vem aqui, eu nem chego perto do balcão.