Encontro de dois mundos

1361 Words
Selene corria sem olhar para trás, sentindo a adrenalina correndo em suas veias, mas algo dentro dela a fazia saber que ainda não era o momento de escapar das garras de Bruce. Ela parou na fronteira que separava a floresta verde e viva daquela que era dominada por Heron e suas trevas. Era como se houvesse uma linha invisível que separasse dois mundos distintos. Selene avançou cuidadosamente pela densa vegetação, suas passadas ecoando no solo macio da floresta exuberante. A luz do sol filtrava através das folhas verdes, criando um jogo de sombras dançantes no chão. O aroma fresco das flores enchia o ar, e pássaros coloridos cruzavam o céu, entoando melodias alegres que pareciam se misturar com a própria essência da natureza. Do lado em que Selene caminhava, tudo pulsava com vida. As árvores altas e majestosas saudavam-na com suas folhas vibrantes, que balançavam suavemente com a brisa. A vida selvagem se movia em uma coreografia natural, e o chilrear dos pássaros criava uma trilha sonora que preenchia a floresta com uma harmonia inigualável. À medida que Selene avançava, o contraste tornava-se cada vez mais evidente. Uma fronteira invisível dividia a terra exuberante daquela que se estendia à sua frente. As árvores, eram sombrias e enegrecidas, erguiam-se como sentinelas silenciosas. Suas folhas, outrora cheias de vitalidade, pendiam desesperadamente, como se todo o vigor tivesse sido sugado delas. O silêncio era palpável, um contraste arrepiante em relação à sinfonia de vida do outro lado. Selene estremeceu involuntariamente. As sombras pareciam esticar-se para tocá-la, envolvendo-a em uma aura de desolação. O chão, antes repleto de flora exuberante, agora era coberto por uma camada de folhas secas e quebradiças. Cada passo ressoava como um eco sombrio. A desolação estendia-se para além do visual, infiltrando-se nos sentidos de Selene. O ar estava impregnado com um odor amargo, e a ausência de cantos de pássaros tornava o ambiente ainda mais sombrio. Selene sentiu uma pontada de tristeza ao testemunhar a transformação radical entre a vida exuberante e a morte iminente. A jovem observava a cena com tristeza, questionando-se o que teria acontecido naquela região para que fosse consumida pelas trevas. Era como se um véu de escuridão tivesse coberto a terra, sufocando qualquer traço de vida que um dia pudesse ter existido ali. Enquanto fitava a floresta sombria, Selene sentia um chamado estranho, como se alguma força misteriosa a atraísse para o lado n***o da fronteira. Ela sabia que era um local perigoso, onde as trevas reinavam e mantinha seu domínio, mas algo dentro dela a impelia a investigar o que estava além daquela linha invisível. Talvez fosse sua curiosidade inerente, ou talvez algo mais profundo estivesse agindo em sua alma. Selene era a chave para o equilíbrio, e talvez esse chamado estivesse relacionado ao seu destino entrelaçado com os reis, Higor e Heron. Lutando contra seus próprios medos, Selene deu um passo adiante e cruzou a fronteira, adentrando a floresta das trevas. A mudança era imediata; o verdejante da vida deu lugar ao negrume da escuridão. Os pássaros cessaram seus cânticos, e o silêncio envolveu a atmosfera. Selene caminhava cautelosamente entre as árvores sombrias, sentindo uma estranha energia ao seu redor. Ela se deparou com criaturas obscuras, seres sobrenaturais que nunca imaginara existir. Alguns olhavam para ela com curiosidade, enquanto outros mantinham-se à distância, temendo a presença daquela jovem humana naquele ambiente hostil. Enquanto continuava sua jornada, Selene viu vestígios de batalhas passadas, árvores marcadas por magia n***a e indícios de destruição causada pelo reinado de Heron. A tristeza invadiu seu coração ao contemplar o que aquela terra já fora um dia, um lugar vibrante e vivo agora tomado pela escuridão. Em um determinado momento, Selene encontrou uma clareira onde a aura maligna era mais intensa. Ali, erguia-se uma estrutura antiga e majestosa, o castelo das trevas de Heron. Era uma fortaleza imponente, com torres negras apontando para os céus. Selene sentiu-se pequena diante da grandiosidade sombria daquele lugar. Enquanto observava o castelo, um arrepio percorreu sua espinha. Ela não estava sozinha ali. Um par de olhos negros a fitava das sombras, e Selene sentiu a presença sinistra de Heron próximo a ela. Ele emergiu da escuridão, com sua beleza sombria e poder emanando de cada fibra de seu ser. Heron olhou para Selene com uma expressão intrigada, como se estivesse surpreso de vê-la ali. A jovem tentou reunir coragem para falar, mas suas palavras pareciam travadas em sua garganta. No entanto, algo naquele momento fez com que ela se sentisse conectada a ele de alguma forma. Em meio àquele território hostil e cheio de trevas, uma estranha faísca surgiu, unindo dois destinos aparentemente opostos. O confronto entre a luz e a escuridão estava prestes a ganhar um novo capítulo, e Selene estava no epicentro desse embate. Selene sentiu um turbilhão de emoções quando a voz desconhecida ecoou em sua mente com urgência. "Corra, Selene, corra, volte para a luz!" O impacto daquelas palavras quebrou o encanto sombrio que a mantinha paralisada. Sem hesitar, ela deu meia volta e correu como nunca antes na vida. Sabia que algo dentro dela e a vida de todos os seres de luz dependiam disso. Heron, por sua vez, também ficou momentaneamente paralisado com a visão da jovem. Nunca antes a beleza feminina o havia tocado dessa forma. O cabelo branco de Selene chacoalhando ao vento, seus intensos olhos azuis que pareciam enxergar sua escura alma e seu rosto delicado despertaram algo nele. Pela primeira vez, sentiu a vontade de tocar os lábios de uma mulher. Mas antes que pudesse reagir, Selene já estava correndo e o lobo interior de Heron tomou conta dele. Ele se transformou em um enorme lobo preto de olhos vermelhos como sangue e correu em busca de Selene. Nesse momento crucial, outra peça importante dessa história chegava à fronteira. Higor estava parado do lado verde da floresta, sem entender bem o motivo pelo qual estava ali. Sentia como se uma força o atraísse para aquele ponto específico, como se fosse o lugar onde ele deveria estar. De repente, sua respiração acelerou, seu coração disparou e seus olhos vislumbraram a figura de uma linda jovem de cabelos brancos prateados correndo da parte escura em direção à luz. Tudo em Higor parecia querer se aproximar dela, como se ele fosse irresistivelmente puxado em sua direção, mas ele resistiu. Por um breve instante, os olhos de Selene se encontraram com os de Higor, e tudo ao redor pareceu desaparecer. No mundo criado por esse momento de conexão, só existiam eles dois. Mas o chamado da voz em sua mente a impulsionou a continuar correndo, ignorando a atração magnética que sentia em relação a Higor. Higor também foi afetado pelo encontro visual, e por um momento pensou em segui-la, porém, a visão do lobo preto emergindo da escuridão e a aparência feroz de Heron o fizeram soltar um rosnado poderoso. O lobo parou a centímetros da fronteira, sinalizando uma espécie de trégua, mas mantendo-se em alerta. Pela primeira vez, Higor e Heron se encararam, e o ar pareceu carregado de poder. O confronto entre esses dois reis estava prestes a acontecer, mas ainda não era o momento. As ondas de poder emitidas por ambos demonstravam a magnitude desse embate, mas por ora, Higor era o mais poderoso, o que fez Heron recuar para as sombras, esperando por uma oportunidade para atacar. Selene continuava a correr, guiada pela voz misteriosa em sua mente. Ela sabia que seu destino estava em jogo, que algo muito maior estava em jogo, e o confronto entre os reis poderia mudar tudo. A adrenalina e a determinação a mantinham avançando, mesmo que seu coração ainda parecesse sentir a conexão com Higor. Enquanto a jovem bruxa se afastava, a fronteira entre os dois mundos voltou a ser calma, como se nada tivesse acontecido. A floresta verde e viva parecia se recusar a ultrapassar a linha invisível que a separava da terra escura e desolada do rei das trevas. O destino de Selene, Higor e Heron estava entrelaçado, e uma força maior estava conduzindo os acontecimentos. As peças do tabuleiro estavam se movendo, e a competição entre os reis se tornava cada vez mais iminente.
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