Demitido - Parte 2

1285 Words
Chego na rua e está chovendo. As gotas de chuva caem sobre mim enquanto choro toda raiva, frustração e medo que estou sentindo. Não tenho dinheiro para pegar outro táxi então olho ao redor para ver se tem algum ponto de ônibus por perto. Não faço ideia de em que direção devo seguir e não quero perguntar na empresa então apenas sigo caminhando perdida sob a chuva. De repente um carro esporte de luxo para ao meu lado. Olho confusa enquanto a janela do lado do passageiro se abre "Você quer uma carona srta. Hoffman?" Reconheço o homem da sala do chefe, ou melhor, ex-chefe do meu pai. Não quero nada de ninguém daquele lugar. "Não, obrigada" respondo e volto a caminhar. O carro me segue, seu motorista dirigindo na velocidade dos meus passos. Paro para encarar ele através da janela que segue aberta “O que você quer?” “Apenas ajudá-la. O que você ganha ficando doente? Uma cama no hospital ao lado da cama do seu pai. Tem certeza de que prefere ficar na chuva a aceitar uma carona?” Suas palavras fazem sentido. Estou sem dinheiro, enxarcada, e sem saber como voltar ao hospital ou para minha casa e, com toda certeza, este não é o melhor momento para eu ficar doente. Suspiro frustrada antes de responder "Você está certo. Não tenho como ir embora, pode me levar até a avenida 44?" Escuto o clique da porta sendo destravada e sua agradável voz quando me diz "entre" “Obrigada”. Agradeço a ele. Antes de entrar, procuro algo em minha bolsa que possa usar para proteger o banco do carro. Encontro apenas meu caderno de anotações. Não gostaria de arruiná-lo, mas com certeza estragar o banco seria bem pior. Chega de dívidas por hoje. "Não se preocupe com isso, apenas entre no carro" ele me fala, mas coloco o caderno no banco mesmo assim. “Não quero correr o risco de arruinar o banco do seu carro caro. Eu não conseguiria pagar por um novo nem em cem anos.” Digo dramaticamente enquanto me acomodo tentando evitar encostar em qualquer coisa. “Eu te pedi para pagar algo?” ele questiona levantando uma sobrancelha para mim. “Nada é de graça” murmuro em voz alta sem perceber. O homem se volta para me encarar com aqueles hipnotizantes olhos azuis “Então, por que você aceitou entrar no carro?” Sua voz é profunda, uma das mais sedutoras que já ouvi na vida. ‘É Rebeca, porque você entrou no carro de um desconhecido?’ minha mente me questiona. ‘Ele deve conhecer o meu pai se não porque ele pararia, deve ser isso’ respondo a mim mesma. Percebendo que fiquei em silencio ele pergunta novamente “por que você entrou no meu carro?” “Por que você parou?” respondo com uma pergunta "você conhece meu pai? É amigo dele no trabalho?" "Só de vista. Trabalho em outro departamento." Ele responde. "Entendo. E como você sabe meu nome?" Pergunto curiosa. "Na verdade, eu não sei o seu nome. Só sei seu sobrenome e porque escutei sua conversa com Jeremy" "Jeremy?" Olho confusa para ele. "O chefe do departamento de contabilidade" ele responde. Ahhh, o idiotä que acusou meu pai." Digo deixando nítida minha raiva. "Você acredita nele?" "Como disse, eu não conheço seu pai" ele responde calmamente. Isso me frusta um pouco mais. Talvez outra pessoa lá naquele escritório, alguém que realmente trabalhasse com meu pai, pudesse ajudá-lo com esse m*l-entendido. Com certeza alguém tramou contra ele e preciso descobrir quem foi. "Se você não conhece meu pai porque resolveu parar para me ajudar?” Questiono confusa. "Uma garota bonita como você não merece caminhar sozinha na chuva" ele diz e sinto um arrepio percorrer minha espinha. A voz dele parece veludo, baixa e sedutora. Como se estivesse me acariciando. Tremo involuntariamente. Parte de frio, parte por sua voz. Ele nota e aumenta a temperatura do carro antes de tirar seu terno e passá-lo para mim. "Vista isso, você deve estar com frio" Recuso educadamente. “Obrigada, mas estou tão molhada que com certeza vou estragá-lo." “O mesmo discurso outra vez” ele me diz revirando os olhos com certa impaciência. Antes que eu consiga impedi-lo ele joga o terno por cima das minhas pernas. "Pronto, já molhou, agora você pode usar" Seu tom autoritário me faz concordar. Já que foi ele que jogou o terno em cima de mim não faço mais cerimônias e o coloco. Está quente e com o perfume dele. Algo almiscarado. Inebriante. Fecho os olhos e involuntariamente me abraço, desfrutando de seu calor. Quando os abro novamente noto o homem ao meu lado me encarando. Obviamente corei de vergonha. Enquanto eu me repreendia mentalmente sua voz me arrasta de volta a racionalidade. "Você mora na avenida 44?" "Não, minha escola é lá. Quando soube que meu pai infartou me assustei tanto que desmaiei. Ainda estava muito abalada quando recuperei a consciência então um colega me levou até o hospital e meu carro ficou lá" explico. “Um colega ou um namorado?” estranho sua pergunta, mas não paro para pensar muito nisso antes de responder. “Um colega. Talvez nem isso. Hoje foi a primeira vez que ele falou comigo em quase quatro anos” penso na bipolaridade de Adam e reviro os olhos “Agora eu devo um mês de trabalhos a ele. Nada é de graça” falo sem perceber. "E por que você não pegou um taxi agora? Acho que caminhando, e na chuva, você só conseguiria chegar com um belo resfriado” é uma pergunta lógica e fico envergonhada pensando se respondo ou não. Decido que sim, afinal como a filha de um homem que desviava dinheiro não tem o suficiente para um taxi. "Eu gastei todo o dinheiro que tinha comigo para ir a empresa. Ia voltar de ônibus, mas estava tão chateada com o que aquele i****a falou sobre meu pai que fiquei tão perdida quanto me senti ao sair” respondo e olho para ele. “Você pode não acreditar em mim, mas meu pai é inocente e eu vou provar isso. Só não sei como ainda” suspiro frustrada. Ele fica quieto por um tempo e então muda de assunto "você ainda não me disse seu nome." "Você também não me disse o seu" provoco antes de responder "Rebeca, mas pode me chamar de Becky" "Thomas" Vejo meu carro isolado no fim de todo o pátio de estacionamento agora vazio. Aponto para ele e digo "está ali." Ele para na vaga ao lado. Me viro para agradecer sua gentileza, mas ele fala primeiro "te dou mil dólares se você me der um beijo agora?" Não consigo acreditar no que acabei de escutar. Ele quer comprar um beijo meu. O que ele pensa que eu sou. "Eu não estou a venda. Você acha que só porque eu entrei no seu carro eu sou uma prostituta?" Abro a porta, mas antes que eu pudesse sair ele segura meu pulso. "Não acho. Apenas sou um homem de negócios prático. Desejei provar seus lábios desde que você entrou naquele escritório. Eu quero um beijo, você está sem dinheiro. Negócios." O choque por sua resposta me deixou sem palavras. Enquanto tento soltar seu pulso para sair ele coloca um cartão em minha mão. É um cartão preto com letras douradas e tudo que tem escrito nele é um número de telefone. "Se você mudar de ideia me ligue" ele finalmente me solta. Arranco seu terno caro e jogo dentro do carro. Bato a porta atrás de mim e saio sem dedicar nem uma última olhada para aquele pervertido.
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