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1625 Words
Respiro fundo e pego meu celular. Aperto para escutar a mensagem em minha caixa postal. Eu nunca poderia imaginar a importância daquela mensagem e o medo começa a me dominar. “Por favor entre em contato com o hospital central o mais rápido possível. Precisamos falar com os familiares do senhor Steve Hoffman.” Retorno para o número indicado com as mãos tremendo. "Boa tarde, meu nome é Rebeca Hoffman, sou filha do Steve Hoffman. Recebi uma ligação sobre o meu pai. Está tudo bem com ele?" "Senhorita Hoffman, tentamos ligar diversas vezes para você. Precisamos que você venha imediatamente para cá. Seu pai infartou e necessitamos um familiar para assinar os documentos de internação e tratamento." Oque? Infarto. As palavras começam a ficar distantes. Minha vista turva e um segundo depois a escuridão me envolve. Não sei por quando tempo fiquei desmaiada, mas quando desperto a primeira coisa que vejo são os olhos azul gelo de Adam. Eu estava deitada no banco de trás de seu carro com a cabeça apoiada em seu colo. Pulo assustada. “O que aconteceu? Onde estou?” pergunto. “Você desmaiou. Como não tem mais ninguém na escola estava a ponto de te levar para o hospital. Você bateu a cabeça na queda precisa ver ser não sofreu uma concussão” Hospital. Meu pai. “Meu pai” grito. “Preciso ir ver meu pai.” Começo a tremer e a chorar. “Deus, eu não posso perder meu pai. Deus, nos ajude por favor” Adam me encara com olhos preocupados quando abro a porta do carro e saio. Ele corre ao meu lado. “Respira, o que aconteceu?” Ele pergunta de forma gentil me apoiando como seu eu fosse cair novamente. “Meu pai – soluço – sofreu um infarto.” Choro “Preciso... ir agora ao hospital central... encontrá-lo, eu preciso ir para lá.” Falo entre lágrimas e soluços. “Entra no carro que eu te levo até lá. Você não tem condições de dirigir assim.” Ele fala enquanto abre a porta do passageiro e me acomoda no banco, prendendo o cinto de segurança em mim antes de dar a volta para o banco do motorista. Obedeço a tudo como uma criancinha. Sei que não vou conseguir dirigir até lá no estado que estou. Ele programa o endereço no GPS e sai a toda velocidade sem que eu necessite pedir para ele ir rápido. Em um momento de lucidez eu lembro que meus irmãos estão sozinhos em casa e ligo para nossa vizinha. A Sra. Kovalski é uma senhora de uns 70 anos, viúva, com muitos gatos. Ela já olhou meus irmãos em um par de emergências que tivemos por isso apelei a ela. “Alo, Sra. Kovalski, é a Becky. A senhora poderia ficar com meus irmãos? Meu pai está no hospital...” Soluço, com dificuldade de segurar o choro outra vez “e não sei que horas vou conseguir voltar para casa.” Ela concorda e eu desligo aliviada. Preciso centrar todas as minhas energias no papai agora. “Você não tem outros familiares?” Adam pergunta baixinho. “Não, somos só eu, meus irmãos e papai a muitos anos” sussurro. Essa resposta traz mais lagrimas aos meus olhos. “Fica tranquila. Ele vai estar bem.” Ele me diz e sou grata pelo silencio a seguir. Em cerca de 30 minutos chegamos à porta do hospital. Eu desço sem nem me lembrar de agradecer e corro até a mesa da recepção. “Steve Hoffman. Infarto. Me ligaram daqui.” Minhas palavras saem cortadas como se eu tivesse vindo correndo até aqui. A recepcionista digita em seu computador por um tempo, levanta a cabeça e fala “Sala de emergência 2, setor de cardiologia. Fica no quinto andar. Pegue este elevador e vire à esquerda ao sair” Estou novamente agitada. Correndo, mas com vontade de ir bem devagar por medo do que vão me dizer. Chegando no local indicado encontro a porta da sala de emergências fechada e com a luz acesa o que significa que ele ainda está lá dentro. Vejo um posto de enfermagem no fim do corredor do lado oposto e caminho em busca de alguma notícia. “Boa tarde, meu nome é Rebeca Hoffman, sou a filha do Steve Hoffman. Meu pai infartou e me ligaram daqui do hospital para avisar. Você sabe como ele está?” Eu pergunto a enfermeira que encontrei lá. “Sinto muito querida. Você terá que esperar o médico sair da sala de emergências. Infelizmente foi uma outra enfermeira que estava aqui quando ele chegou.” Volto para a porta da sala de emergências. O sentimento de solidão me domina provavelmente devido ao medo. Eu não sei se tenho mais medo de perder o meu pai porque o amo muito ou porque eu e meus irmãos estaríamos completamente sozinhos. Devem ser as duas coisas. Perdi as contas de quantas vezes eu me levantei e me sentei. Não sei nem a quanto tempo estou aqui. Em algum momento eu liguei para casa da Sra. Kovalski para saber se estava tudo bem com os gêmeos. Pedi para ela não dizer nada a eles, quando eu chegar em casa, eu conto. De repente a luz acima da sala se apagou. Isso é um bom sinal, certo? Encaro a porta como se fosse a única coisa em todo o andar. Um médico sai olhando ao redor como se buscasse por mais alguém. Ele está visivelmente cansado. “Você é parente do Sr. Hoffman? “Sim. Sou filha dele.” “Quantos anos você tem menina?” ele pergunta. “Quase 18” digo, já imaginando o que ele está pensando. “Sou só eu doutor. Não tem mais ninguém. O médico me dá um olhar complicado como se escolhesse que palavras ia usar. Estou ansiosa demais para esperar que ele comece então tomo a iniciativa de perguntar “Meu pai está vivo?” “Sim. Ele está vivo e estável.” Solto o ar que eu não percebi que estava segurando. Minhas pernas ficam fracas por um momento e sou obrigada a sentar na cadeira para não cair no chão. O médico se aproxima preocupado comigo. “Estou bem, estou bem” Digo. “Só estou feliz que meu pai esta vivo, que ele vai ficar bem.” “Ainda temos um longo caminho pela frente, mas sim, ele tem tudo para ficar bem. Neste momento nós colocamos um by-pass em sua artéria. Temos que reavaliar em alguns dias se ele vai necessitar de uma nova cirurgia. Você sabe me dizer se seu pai tem histórico de problemas no coração?” “Não sei. Ele nunca apresentou nenhum sinal e se tinha não me contou” digo impotente. “Entendo. Sabe dizer se ele estava passando por algum momento estressante ou se aconteceu algo que pudesse fazê-lo infartar?” “Não sei.” Repito. Sinto as lágrimas enchendo meus olhos. “Tudo que eu sei é que ele foi trazido do trabalho para cá.” “Seu pai ficara sedado até amanhã de manhã. Ele está sendo encaminhado para um quarto e você poderá vê-lo em breve. Talvez seja bom você tentar descobrir se aconteceu algo com ele no trabalho. Pode nos ajudar a entender seu quadro de saúde.” Aceno com a cabeça concordando. “Doutor, quanto tempo meu pai vai ficar internado?” “No mínimo uma semana. Após esse período ele vai precisar de exames frequentes e muito descanso.” “Eu entendo. Vou cuidar muito bem dele” digo com um sorriso. Meu pai e meus irmãos são tudo para mim e com certeza vou me dedicar além do máximo para que ele fique bem. Nesse momento uma enfermeira se aproxima de nós. O médico a cumprimenta e se despede de nós duas. “Muito obrigada por salvar meu pai doutor.” Agradeço com toda a sinceridade presente no meu coração antes do médico ir embora. Olho para a enfermeira. “Olá, meu nome é Jane, eu que dei entrada no seu pai aqui no hospital. Podemos conversar um minutinho?” ela me diz. “Claro” concordo. “Seu nome é Rebeca, certo? Balanço a cabeça afirmativamente. “Então Rebeca, como você já sabe seu pai foi enviado para o hospital pela empresa dele. Durante o procedimento de admissão eles nos forneceram todos os dados básicos para atendê-lo e se comprometeram a pagar o tratamento inicial, isto é, tudo até o momento dele sair da sala de emergências. Seu pai terá que ficar alguns dias internado conosco e nesse período ele terá que fazer muitos exames, tomar medicações. O hospital precisa de algum tipo de garantia para mantê-lo aqui” ela me dá um olhar simpático. “Meu pai tem um seguro saúde por seu trabalho” “Isso é ótimo Rebeca. Você tem os dados para eu registrar no sistema? A pessoa que o acompanhou desde a empresa não falou nada sobre o seguro saúde.” “Sinto muito. Eu não tenho, mas vou até lá pegar e aproveito para descobrir o que aconteceu.” Respondo. “Você tem 24 horas para registrar o seguro saúde ou pagar a garantia de internação. Você entendeu querida? Jane, a enfermeira, me pergunta. “E de quanto é esta garantia?” Pergunto curiosa. “15 mil dólares” Abro muito os olhos ao escutar o valor. Com certeza não temos 15mil dólares sobrando então preciso conseguir os dados do seu seguro saúde o quanto antes. “Você quer ver o seu pai agora? Ele já deve estar no quarto” concordo de forma exultante. Não há nada neste mundo agora que eu queira mais do que ver ao meu pai.
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