Cassino

1088 Words
Anna Narrando. Depois de um tempo vendo o mar, finalmente o navio atracou na ilha, eu respirei fundo e fui andando lentamente ao lado da Tânia. Entramos no grande salão e pude sentir os olhares em cima de mim. Eu estou com borboletas no estômago, estou prestes a ter um colapso nervoso. Eu avistei o meu papá sentado em uma das mesas de jogos, Tania foi falar com a Abuela e eu fui andando devagar até a mesa em que ele estava. Chegando perto, pude reconhecer o tal Eduardo Mallardo, eu o vi apenas uma vez pessoalmente e vi algumas fotos dele na pasta no escritório do meu pai. Junto dele tinha mais três homens, todos mais velhos, exceto dois, não eram tão velhos assim, um deles até que era bem apresentável. Porte físico de atleta, olhos claros, cabelo muito bem penteado, parecia até um fantoche. Cheguei perto da mesa e tinha algumas mulheres, eu sei bem o que elas estavam fazendo ali. Essas mulheres são usadas para distrair os jogadores e fazer com que eles percam, isso é interessante, uma das formas da máfia ganhar dinheiro, chama - se exploração de jogos de azar. Eu me aproximei do meu pai e coloquei minhas mãos em seu ombro, ele pegou uma de minhas mãos e a beijou. - Você demorou, Hija! - Ele falou enquanto jogava. - Estava observando o mar... - Falei tentando disfarçar o meu nervosismo. - Que bela moça, Angelo. - Um dos senhores me elogiou. - Gracias! - Sorri de canto. - Minha futura nora! - O homem que deduzi ser o Eduardo respondeu. - Homem de sorte! - O senhor respondeu olhando em direção ao homem que me chamou a atenção. - Hija, vá com sua Abuela... quando terminar essa partida nós vamos até lá. - Papá falou um pouco sério. Pude sentir os olhos do homem sobre mim, ele observava cada detalhe do meu corpo, o que me deixou um pouco constrangida. Passou um garçom com taças de Dom Perignon, eu peguei uma taça e virei de uma vez. Todos me olharam espantados, além de eu ser menor de idade, eles não imaginavam que eu gosto de Prosecco. - Claro, papá! - Falei virando as costas. - Uma dama não deve beber desta forma. - O homem falou me reprovando pelo olhar. - Que bom que não sou uma dama. - Revirei os olhos e saí. Já sei que o meu pai vai falar até os meus ouvidos não aguentarem mais, mas quem manda querer se meter onde não foi chamado?! Só ficando bêbada mesmo para aguentar essa loucura toda. - Vai com calma, Hija! - Abuela falou. - Não precisa descontar na bebida. - Isso é carma, Abuela... - Já falei que estamos do meu lado, amiga! - Tania disse segurando minha mão. - Sorria Hija, seja gentil... - Abuela pedia até com o olhar. - Seu pai está vindo acompanhado. Eu olhei para trás e vi papá vindo com o tal Eduardo, o outro homem e uma senhora, pouco mais velha do que a minha mãe seria se estivesse viva. - Dá tempo de correr? - Falei com os olhos cheios de lágrimas. - Estamos contigo. - Tania mais uma vez falou. Papá chegou perto de nós com os convidados, o homem na qual eu ainda não sei o nome me estendeu uma taça de champanhe, e sorriu. - Para quem gosta de Prosecco, com certeza aprecia champanhe. - Ele falou entregando a taça para mim. - Qualquer coisa que me deixe bêbada hoje eu estarei virando. - Falei pegando a taça e dando um gole enorme. - Hija, este é o Eduardo Mallardo, seu futuro sogro, está é Carmen, sua futura sogra e este Matteo Mallardo, seu futuro marido. - Papá falou me apresentando cada um. Ah, então ele se chama Matteo... fico pensando como um homem de 28 anos de coloca nesta situação... casar-se por contrato... - Que infelicidade a minha. - Falei dando mais um gole no champanhe e pode sentir o olhar reprovador do meu pai. - Brincadeira... Encantada... Revirei os meus olhos e a mulher, a tal Carmem me olhou de cima até em baixo. - Devia ensinar bons modos a está moça, Contini. - Devia aprender a segurar sua língua, futura sogra. - Cruzei os meus braços. - Chega, Hija! - Papá falou nervoso. - Não adianta você tentar ser m*l educada, a decisão já foi tomada. - Não se preocupa, em um ano consigo ensinar bons modos a adolescente rebelde. - Matteo falou. - Não se atre... - minha Abuela me interrompeu. - Anna querida, vamos ao toilette um minutinho? - Abuela fez sinal e eu virei as costas. - Com licença! - Falei e segui Abuela e Tânia até o toilette. Nós entramos e ela fechou a porta, eu me encostei no lavatório e fiquei um tempo me olhando no espelho. A minha vontade era de sair dali gritando, quebrar tudo ou até mesmo cometer uma loucura. - Hija tenha calma! - Abuela pediu. - Não dá, eu não consigo... estou muito m*l! - Falei limpando algumas lágrimas. - Anna, pense na sua mãe... neste momento ela estaria te dando forças. - Tania falou. - Faça isso por ela. - É fácil para vocês falar quando não está no meu lugar. - Falei cruzando os braços. - Eu não vou conseguir deixar o Carlos, Abuela... - Será necessário querida. - Ele tem que entender, Anna... Vai dar tudo certo! - Tomara! - Falei me virando para o espelho e retocando minha maquiagem. - Seja forte Hija! - Abuela me abraçou forte. - O que seria de mim sem vocês?! - Falei sorrindo. - Nada né, gata!? - Tania brincou. Nós voltamos para o grande salão principal, os jogos estavam sendo todos encerrados para começar o pronunciamento do papá e o tão esperado anúncio de casamento para os outros convidados. Para mim, tudo o que está acontecendo é loucura, é estressante e desgastante. Minha vontade é de fugir, mas eu não vou conseguir, então, o jeito é encarar os fatos como eles realmente são. A tortura começou, meu papá chamou eu e o velhote na frente para consumar o nosso noivado, ao que parece todos os chefes dos clãs Espanhóis estão presentes e se eu fizer uma cena agora irei prejudicar todos. Sem contar o líder da Máfia Carroma, veio direto da Itália para prestigiar a nossa união, coitado, achando que estou de acordo com tudo e que não passa de um contrato.
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