Capítulo 9

924 Words
Emilly Logo após o delicioso almoço feito pelas mãos generosas das minhas empregadas, fomos ao banco. Ao meu lado sentado na carroça, estava Moisés abraçado ao seu filho. — Vai chacualhar um pouco Sr. Whetson, mas acredito que o jovenzinho irá amar a viagem. — Já está, olha como rir. Olhei de relance ganhando uma bela gargalhada. Sorri para ele voltando em seguida minhas atenções nas rédeas. Fazendo Pico e Galateia correrem velozes, no limite certo por causa do bebê a bordo. No trajeto pensei que antigamente tínhamos a nossa carruagem aberta, entretanto, tivemos que vender para comprar aquelas sementes suplantados na terra. Um ótimo trabalho feito por nós dois, formamos uma bela dupla. Antes de sairmos deixei a Cris e Jorna a frente de terminar a produção de queijo, não havia muito o que fazer, porque quando mostrava ao Moisés o manejo, denodo, mostrando a agilidade com que se realiza algo, foi mexendo nos maquinários junto comigo, no mínimo precisa de dois para fazê-lo. E assim nós fizemos. Agora elas devem estar separando nas prateleiras, amanhã ou depois de amanhã, estarão saborosas para o consumo. Crivilan após refazer as contas da fazenda, foi cuidar dos animais, principalmente as vacas. ************************************ Ao chegarmos na cidade, avisei a ele que o ajudaria. Desci, contornando a carroça, indo para o outro lado peguei o pequeno no colo, assim que o seu pai desceu, observei o xerife. Antony se aproximando de nós, olhando enveasado na direção do Moisés. Mirou eu, Sr. Whetson e o Benjamim desconfiadamente. — Boa tarde. Dona Tonson. — Entoou esticando o braço com a mão esperando ansioso toca-lo. Entreguei o neném ao pai, sendo que este o pegou sem tirar os olhos do xerife, os homens se encaravam cabreiros. Foi estranho. Apertei a mão dele, ao trazê-la de volta, ele não permitiu. Antony pegou firme juntando as duas, olhei às nossas mãos unidas, seus polegares roçaram na luva que eu usava. — Como tens passando? Soube dos empregados que largaram seus trabalhos com a dona. — Agradeço a preocupação. — Relatei afastando as mãos, fazendo nós nos olharmos. — Graças ao nobre homem chamado Moisés Whetson, a semeia foi feita hoje. Na mesma hora o xerife mirou Moisés. — Satisfação em conhecê-lo. Sou o xerife da cidade, sou Antony Cabrit. Falou calmo, decidido, meneando a cabeça num comprimento formal, sem fazer questão do aperto de mão. — Feliz em saber. Vamos Dona Tonson! — Discorreu meio áspero, tanto que fitei-o querendo sorrir, porém me contive. — Outro dia nos conversamos xerife, preciso resolver umas pendências. Passar bem. Sua boca virou uma fina linha, um pouco desapontado pela minha saída. Dei as costas amarando os cavalos na pilastra, ao olha-lo já havia partido. Acabando de prender os animais chamei Moisés que não tirava os olhos do xerife caminhando entre as pessoas da cidade. Desistindo de tanto olha-lo seguiu-me. Subimos as escadas, tive que puxar a bainha do vestido senão tropeçaria. Dentro do banco fomos recebidos pelo gerente, Sr. Eston, que nos aguardávamos. Depois de conversarmos brevemente mostrou o valor do cheque do empréstimo, entregando-o em mãos. fiquei chocada alisando o papel. Fitei Moisés, ele arqueio as sombrancelhas incentivando a falar alguma coisa. Mirei o gerente sem acreditar e por último olhei novamente o cheque na minha mão. — Esse valor é o dobro que pedi! Não entendo, pois antes não... Senti o toque reconfortante da mão do Sr. Whetson. Sentado ao meu lado, sempre do meu lado... Pensei. — Não digas nada, apenas receba o que é de direito. Buscando meu olhar, piscou o olho. Fiquei encabulada. No entanto agarrei sua mão, embaixo da mesa ninguém veria... Gostei de sentir sua pele calejada, grossa e áspera... — Emilly... — A voz do gerente bancário trouxe-me de volta. — Se vou emprestar é porque sei que vás me pagar. — Como sabes?! Alegrei surpreendida demais pela sua certeza, voltando a mirar o homem. Escutei o ressoar gentil da risada suave de Moisés. Seu toque se tornou mais intenso, tamanho foi a intensidade que ofeguei discretamente. — Sei que vás, pois senti ontem a noite que isso era o que devias fazer. Não sei explicar a mudança, só sei que assim és. Pode se dirigir ao caixa e pegar a quantia, Dona Tonson. — Disse-me, pacificamente. — Obrigada. Agradeci, soltando-me daquela quentura, erguendo da cadeira junto do meu inquilino. — E, Dona Tonson! — Chamou-me. — Sim. — Minha esposa sente sua falta nos cultos. Ela tem orado pela dona desde aquele terrível... — Meus cumprimentos a Sarai. Falei quase fugida da sua presença, assim caminhamos em direção ao caixa mais vazio. Na fila, estufando o meu peito de alegria, senti meus cabelos sendo levemente repuxados. Ao me virar, não totalmente, via Benjamim por na boca, eu e Moisés achando graça tentamos tirar das suas mãozinhas rechonchudas, no embaranhado de cabelos nossos dedos se encostam. Automaticamente nos olhamos, ao tirarmos os fios da boca do seu filho, Moisés agindo pelo impulso pega na minha mão e a leva aos seus lábios... Espontaneamente senti uma enxurrada de sentimentos conflitantes, meu coração disparou descompensadamente no mesmo instante em que nos encaravamos mutuamente, como se existisse somente nós três... como uma família.. Família... Sussurrei mentalmente. Me perdendo, me encontrando naqueles olhos esverdeados, na doçura do seu olhar... — Próximo! Avisou em alta voz a mulher do caixa. Sem interromper o clima que jorrou em nós, ele delicadamente afastou os lábios... molhados, soltando-me bem devagar. — Vai-te. Ficarei aqui aguardando a Dona. Sussurrou ele. Respirei fundo afastando-me daquele homem charmoso.
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