Emilly
O mirei incrédula. Sendo testemunha do seu sorriso iluminado.
— Ele quer conversar com a dona a tarde, logo após o almoço, vai estar esperando-a no banco, ansiosamente, disse o Sr. Eston.
— Obrigada, Crivilan. — Murmurei, compenetrada no olhar doce de Moisés.
— Disponha, dona. Já vou calcular onde iremos investir, lógico que assim que pagarmos às dívidas da fazenda...
Sua voz foi sumindo falando consigo mesmo, pois agora poderíamos sonhar.
— Virás comigo, Sr. Whetson? — Perguntei esperançosa da sua compania.
Ao fundo ouvi os risadinhas imprudentes das minhas empregadas coviteiras.
— Vou onde a dona quiser que eu vá, sem sombra de dúvida. Bem pode ir conosco? Ele gosta de vê gente e passear.
Sorri mirando o menino.
— Claro, será uma honra tê-los ao meu lado nessa vitória.
— Bom... então vou adiantar o almoço. — Disse Cris se despedindo limpando as mãos no avental.
— Sr. Whetson deixe o pequeno com a Jorna, ela têm três irmãos menores, não tão pequenos assim, mas ajudou a sua mãe a criar todos eles.
Expliquei e ele assentiu.
Jorna correu para lavar as mãos na pia ao lado da Baía.
Em seguida pediu silenciosamente abrindo os braços pegando o bebê no colo, interagindo com o menino.
— Vou ficar com a Cris. — Avisou saindo de perto de nós.
— Obrigado, senhora Cristina!
— De nada!
Gritou ela caminhando.
— Vamos!?
— Vamos. — Respondeu ele me seguindo.
Mostrei o nosso campo de trigo, e que ainda precisava ser airado, mexido e limpo para produzir o mesmo.
Moisés sabia exatamente o que fazer então pegou as ferramentas necessárias, rapidamente começou a trabalhar.
Como só tínhamos nós dois para fazer isso, e mesmo se não houvesse, eu ajudaria, pois nesse ano de viuvez aprendi tudo, não temia ao trabalho braçal.
O ajudei lado a lado.
E às vezes parávamos ao meio ao descanso quando o sol começara a esquentar às nossas cabeças. Nos entreolhavamos por segundos a fio, perdia quem desviava o olhar primeiro, e nessa gincana eu sempre perdia.
Sabendo do seu olhar sério sobre mim, continuei o serviço, assim Moisés Whetson também fazia o mesmo.
Numa questões de horas, faltando uns minutos para o intervalo do almoço, terminamos o preparo da terra, logo depois peguei às últimas sementes, despejando em duas bolsas de lona grossa, dividindo uma porção para cada um, em seguida, andando entre a terra fofa, limpa, pronta para receber a chuva esperada, jogamos com carinho às sementes.
Ri internamente conforme caminhavamos, sentia uma emoção indescritível. Sem ao menos notar, minha alegria transparecia involuntariamente aos meus lábios.
Olhei a minha direita admirando a desenvoltura do meu hóspede, inquilino... empregado, ao despejá-las na base da ternura.
Seus lábios se moviam enquanto executava a função.
Estava falando, conversando com o seu Deus, com toda a certeza.
Ao finalizarmos esse processo, ele se aproximou devagar, foi difícil fazer meus olhos olhar para o céu, por exemplo.
Moisés era um homem muito atraente, além de apaziguar o meu interior, uma paz que não me permitia sentir a um ano.
— Próximo passo? — Discorreu parando na minha frente limpando as mãos uma na outra.
— Chuva. — Respondi curtamente fazendo-o rir.
— Irá chover hoje a noite, dona. — Afirmou numa simplicidade contagiante.
— É mesmo?
Cruzei os braços, e olhei o céu. Sem ameaça de chuva, o sol estava tão forte que ardia a minha vista por causa dos raios solares atingindo a minha íris.
— Hum... — Apertei os lábios fazendo força, em fim soltei o verbo; — Acho que se enganou... varão.
Ele achou graça na forma que o evidenciei.
— Vai chover, dona Tonson.
Afirmou novamente.
O mirei pasma. Como era ser ele?
— Em que se baseio para ter tamanha certeza?
— Deus falou agora comigo em meu coração.
Repousou as mãos no peito robusto.
— Assim falou o Senhor; es que farei chover nesta terra seca, pois a achei bendita diante dos meus olhos, abençoada seja as mãos desses que a semeiam.
Minha boca ficou entreaberta ao ouvir o relato, nunca em toda a minha existência cristã tive um envolvimento assim com esse Deus.
No entanto o sentimento de dúvida penetrou em meu coração, então duvidei selando os meus lábios, fazendo um muxoxo verbal.
— Não creio.
Moisés abaixou as mãos, tentando ver através de mim.
— Crer sim, só estais com medo de aceitar que crer. — Comentou calmo.
Molhei os lábios sentindo sede de repente. Virei o olhar.
— Vou te ensinar a fazer queijo, o leite já foi reservado, faremos os últimos...
— Ou os primeiros da fornada. — Completou ele, fazendo-me olha-lo.
— Tens uma fé inabalável, Sr. Whetson. Como faz... — Vi seu sorriso se alargando. — Deixe, vamos às máquinas de queijada.
Mudando de proza o pedi para me acompanhar na parte esquerda da fazenda, onde fazíamos a nossa indústria de queijos funcionar.
"Salva-me, ó Deus, porque as águas me sobem até a alma.
Salmos; 69: 1"