Capítulo 5

949 Words
Moisés Whetson "Agradeço-lhe meu pai por ter chegado até aqui, pelas providências que tú enviates pelo caminho, jamais me desamparou, e jamais irás fazê-lo. Creio em ti, e posso ver a sua glória em tudo o que sou e tudo que ainda irei de ser. Tomastes a minha vida, sou o teu humilde servo, faça de mim o teu querer... desde ontem, hoje e sempre amém." Terminado a oração, abri os olhos contemplando Benjamim olhando-me fixamente, como se me entendesse perfeitamente bem. Sentado na cama que era do filho da Emilly Tonson, bom... em teoria posso chama-la assim no meu pensamento. Não por falta de respeito, pelo ao contrário, a respeito por demais, é uma nobre mulher, coração de ouro. Só está amargurada, sofrendo pelos seus entes queridos, isso um dia vai passar, porém a dor da perda, o vazio, sempre ficará, somente vai doer menos a cada dia. Ao colocar os pés na sua fazenda senti uma energia frustrante, uma sensação de angústia, desamparo, solidão. Sei, que tal sentimentos, principalmente essas cargas negativas, sejam parte da nossa vivência aqui nessa Terra, mas também pude sentir a força da amizade, companheirismo e garra. São nesses sentimentos bonitos que irei trabalhar para glorificar o nome do Senhor Jesus. Analisei o quarto do menino, tudo muito limpo e extremamente organizado. Os brinquedos no devido lugar nas prateleiras, como se fossem velhos troféus. Ela devia limpar aqui todo os dias, pensei. Depositei Benjamin na cama, ouvindo seus barulhos constantes de bebê, aqueles sons da boca, as sucção dos lábios. Retirei a bolsa improvisada da cintura, e de dentro dela, removi a Bíblia de capa marrom, depositando ao lado do meu filho. Peguei as minhas roupas e as dele, pegando as coisas essências para o nosso banho. Não queria incomodar tanto a dona da casa. Ela já está sendo extremamente gentil conosco. Quando Deus me mostrou em sonho este lugar, esta fazenda... ele disse... "Vai-tes Moisés a este lugar que vós digo, porque tenho grandes promessas a cumprir naquelas vidas" Sem questionar, eu vim, pois nas outras duas vezes ele fez o mesmo comigo, levando a palavra do Senhor a outras duas almas sofridas, porém não tão rebeldes como o da Sra. Tonson. Ri, sozinho, pensando no nosso primeiro diálogo sobre Deus. Os filhos rebeldes, estes são os que Deus mais quer, ele ama a todos, porém quando batemos de frente com os revoltados em Cristo, e esses retornam a casa do Senhor... há grande festa no céu. Essa ovelha desgarrada da matilha voltará ao seu lugar, junto das outras ovelhas. Benjamim pegou os seus pezinhos cobertos pelo macacão e põe um na boca. Achava tão gracioso quando fazia isso, que mesmo quando estava triste lembrando de Rute, sorria, pois Deus me deu esse... pacotinho... Debruçando sobre ele apertei de leve sua bochecha rosada, fazendo-o rir da minha careta doida. Percebi no canto do travesseiro um ursinho, peguei-o, só que Ben confisca rapidamente da minha mão. Tentei tirar dele, a dona da casa poderia não gostar, mas o danadinho segura firme, e faz carinha de zangando. — Pode deixar com ele. Sr. Whetson. Emilly entrou afoita carregando uma bandeja contendo sopa, água e... mamadeira. Rapidamente endireitei-me na cama pondo outro travesseiro ao lado da criança para ela não cair, ao mesmo tempo que trazia o objeto na minha frente. — Tome, é para vocês se alimentarem, devem estar famintos pela viajem. — Deus lhe pague, dona. Peguei visivelmente agradecido. Em seguida pegou uma cadeira da escrivaninha, colocando-se a nossa frente ao se sentar nela. — Posso dar de comer ao seu filho, Sr. Whetson? A voz feminina expressava um encantamento pelo meu filho, o amor de mãe permanecia intacta em seu ser. Talvez todas as mulheres se sintam assim. — Claro. Assenti e imediatamente o pegou no seu colo, apertando contra o seu... Desviei o olhar, pois uma inesperada sensação de calor invadiu o meu peito. Não era da minha ossada admira-la como mulher, na verdade ao chegar aqui, pensei que fosse casada, cercada de filhos. Avistei a mão feminina, fina e delicada pegando na mamadeira. Os observei juntos... Ela medindo a temperatura do leite no seu pulso, testando o calor. Benjamim a olhava centrado, através daqueles olhinhos angelicais, gostando de tê-la ali, com ele, sorrindo lindamente para aquela mulher que acabará de conhecer. Impactado por essa interação eu quis essa família, consegui até visualizar nos três, Ben já andando, um pouco mais crescido... nós três correndo nesse campo. Outra sensação forte descarregou sobre mim, veio feito raios. Tamanho foi que fiquei inquieto. Deus ajude-me... Clamei mentalmente, sabendo que não poderia desejá-la. Meu objetivo era ajudá-la na fazenda, tornando-a mais próspera do que jamais fora, e fazê-la aceitar a Jesus novamente em seu coração, na sua vida... Depois eu e Ben iremos embora para a próxima jornada, é assim desde que a minha Rute morreu com a febre espanhola. Emilly segurava, dando o leite dentro da mamadeira conversando com Benjamin, que por sua vez sorria enquanto mamava. Meus olhos encheram-se de lágrimas. Porque a minha amada esposa não teve esse prazer, muito menos de amamentá-lo nos seus seio.s. Tudo para nos proteger. Dona Tonson virou o rosto na minha direção, sua face se mostrava radiante, mas ao me notar com mais clareza estranhou a minha reação ao ficar ali contemplando-os. — Algum problema? Posso ajudá-lo com alguma coisa? — Questionou-me, preocupada. — Já estais a fazer isso... dona Tonson. Esbocei um sorriso para desanuviar a mente, fazendo-o sorrir meiga, feliz, voltando suas atenções ao meu querido rebento. Bebi a água toda de uma só vez, observando eles, logo depois, tomei a sopa, achando-a super saborosa, quente e com gosto de... lar. Oh! Deus.
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