Dois

2618 Words
Marreta 2 Meu celular tremeu como uma metralhadora. Eu não estava a fim de atender aquela p***a, com certeza eram meus parceiros querendo saber se eu iria brotar no furduncinho do Taquara.  Não estava animado, o cansaço me sugava. Nesta semana mesmo eu só me fodi, posso contar nos dedos as vezes em que dormi sossegado. Era muito problema com morador, devedor, alemão, entrega chegando e saindo, e mais uma p*****a de bomba pronta para explodir na minha cabeça. Daí me veio a ideia de dar um de vapor só para ter uma desculpa pra descer na baixada sozinho, refrescar minha mente e ficar tranquilo. Fiz uma entrega da alta para os playboyzinhos da faculdade que o bonde abastecia. Como sempre acabei me empolgando com o rolê. Parei pra comer um pastel, troquei ideia com uns parceiros das antiga, mas na moral, o que me atrasou mesmo foi a carona que dei pra aquela mina. Novinha maluca… o que ela tinha na cabeça pra tá andando ali àquela hora? Não sou assaltante, mas a correria está no sangue, foi instinto vê-la de bobeira, sem rumo por aqueles lados, ainda mais gostosa daquele jeito e com maior pinta de patricinha. É o típico prato cheio pra bandido. Mas me enganei real, ela não tinha nada, e aquele celular? p***a nem a Samsung fabrica mais daquele modelo. Acelerei fazendo os pneus da moto riscar o asfalto. Na entrada do morro meus vapores e olheiros me encararam com respeito. Estalei os dedos passando a visão para que eles prestassem mais atenção no trampo, ao invés de ficar me bicando. Subindo a viela eu buzinei cumprimentando a rapaziada. A comunidade não para, sempre descolam um esquema pra curtir, embrazar. Olhei para o lado e vi que o bar do Xulipa estava no grau. Geral bebendo, fumando e curtindo um pagodinho de época através da máquina de música. Tinha até uns parceiros lá que acenaram me chamando pra colar, mas eu não estava a fim. Continuei seguindo meu rumo. Quando cheguei no barraco guardei a moto e fui direto para o chuveiro, onde tomei um banho gelado, gostoso. Me enrolei com a toalha da cintura para baixo e segui para o quarto. Lá botei um traje bolado; Bermuda jeans, camisa do Flamengo e um tênis branco da Oakley pra ficar no jeito. Coloquei uns cordões pesados no pescoço, joguei um Ferrari Black no corpo e pra fechar passei creme e massageei meu cabelo só pra falar que penteei. Saí de casa no sapatinho, não estava a fim de esbarrar na minha coroa e ter que ouvir mais uma de suas conversas fiada. Tirei meu carro da garagem e partir pra 14 doido pra embrazar até de manhã naquela p***a. […] Com o funk no último volume parei em frente ao barraco de Taquara, geral abriu caminho para que eu passasse com meu carro, quando consegui, estacionei num beco ao lado. Olhei no retrovisor, mas pela maneira que as piranhas me encararam nem foi preciso espelho para confirmar que eu estava no jeito. Como diria minha coroa: Eu era um n***o arrumado.  Saí, tranquei a porta e guardei a chave no bolso. Segui reto brincando com o cordão dourado que estava pendurado no meu pescoço quando Patrícia, uma loira gostosa, rabuda, me parou. — Oi Marreta!  — E aí! – dei uma piscada de leve, encarando aquela boquinha gostosa. A morena alta, amiga dela também se aproximou. — Tá sumidasso Marreta, tô com saudades. — Relaxa. Qualquer dia desses eu colo lá no teu barraco – sorri com maldade puxando uma mecha do cabelo da mulher. Ela sorriu animada, empolgada. Se eu quisesse pegaria ela ali, naquela hora. Era só arrastar pro beco e meter a vara, mas eu podia fazer isso mais tarde. Dei as costas alargando os passos, seguindo rumo à escadinha apertada que levava até a laje. Prestes a pisar no primeiro degrau acabei me esbarrando em outra mina. — Qual foi Marreta? Por que não colou no meu barraco ontem? – a n****a se aproximou cheia de maldade, dando aquele sorriso que deixava o pai doido – e a Melissa que você me prometeu?! – Tati perguntou enroscando o dedo num cacho da cabeleira crespa. — p***a Tati! Vem falar de sandália no meu ouvido. c*****o, tu tá pedindo mais que mendigo! Não fiquei para ver sua reação, meti o pé rumo à escada, bolado. As vadias daqui do morro são fodas, se der mole elas montam, mas eu não dou bobeira, não saio por aí bancando p**a. O pagode aumentava a cada degrau que eu subia, a estrutura da laje deixava explícito um ar de humildade, o piso era só o cimento, alguns arranjos de luzes maus feitos iluminavam a área, no centro uma parte pequena da grande equipe de som do baile marcava presença – era só pra quebrar um galho –, a churrasqueira grelhava a picanha suculenta, num congelador ao lado a cerveja e a vodka fluía no grau enquanto o baseado rodava nas mãos dos meus parceiros que marcavam presença. Mal dei as caras e os manos vieram com tudo querendo cobrar meu atraso. — Qual foi Marreta! Que demora é essa mano?! O pagode tá fluindo, e as novinhas tá como… tá que tá! – Taquara deu o papo enquanto o bagulho queimava entre seus dedos.  Ele era preto, alto, magro e tinha dreads grossos caídos pelos ombros. Os olhos escuros e fundos não chamava mais atenção do que aquele sorrisão branco que ele abria a todo instante. Éramos da mesma idade, 25 anos nas costas. A gente era amigo desde moleque, parceria pra toda hora. Crescemos no crime juntos, e desde que Chocolate rodou ele tem fechado comigo como gerente do Chapadão. — Fui fazer um corre e me enrolei. Tu acredita que eu parei pra assaltar um mina e ela não tinha grana?! Me fodi, na moral! – não consegui segurar o riso na garganta, meus parceiros também não. — p***a, mas o que te deu na cabeça? Assaltar a essa altura do campeonato, tu pirou só pode! – Taquara afirmou balançando a cabeça. — Mas eu acabei dando uma moral, deixei ela em casa – pisquei com deboche deixando os parças intrigados. — p***a mano, na boa, essa aí vai até sonhar contigo essa noite. Pega só essa ideia: De ladrão a cavalheiro! Pow que honra hein… – p**a p*u levantou da cadeira quando deu o papo. Abriu aquele sorriso sarcástico e se aproximou dando uns tapas fracos em minha costas – isso até me lembrou de quando eu era moleque e inventei de assaltar uma velha. Pow, a coroa era mó enxuta, se ofereceu pra mim na hora que eu ia pegar a bolsa dela… aí no final tu sabe né… ela pagou pra eu comer ela, nem precisei roubar pra sair no lucro! Geral riu. Pica p*u era dono do morro do Final feliz, fechamento meu há alguns anos. Fazíamos parte da mesma facção e sempre nos esbarramos nas reuniões, nos rolês e até nos corres que pintavam. Ele tinha 23 anos, era branco com o porte alto e magro. O nariz troncudo e o moicano vermelho ganhava destaque na cabeça esguia. Do bonde ele era aquele que não rasgava com p***a nenhuma. Estávamos distraídos, trocando ideia de boa quando Pedrão, nosso parceiro dono do morro do Gogó do Êma, apareceu abraçado por duas morenas gostosas, daquelas de deixar qualquer um de p*u duro. Ele puxou uma das cadeiras e se sentou à mesa, elas inclinaram o corpo sorrindo, pararam ao seu lado e apoiaram as mãos nos ombros dele. — Fala aí malandrada! Surubinha de leve pra hoje quem topa? – arqueou as sobrancelhas olhando com maldade para a que estava à sua esquerda. — Pra mim não rola, tô metendo o pé, já tá na hora de trombar com uma novinha aí, tá ligado?! – p**a p*u levantou da cadeira todo desajeitado, quase derrubou as garrafas. Antes de dar as costas ele pegou uma de Absolut e meteu o pé sem se despedir. Qual foi? p**a p*u nunca foi de dispensar b****a. — Que viagem! Que p***a deu na cabeça dele? – Pedrão perguntou com um ar desconfiado. — Vai saber… vocês são f**a, depois que garra em mulher fica assim, lesado – pensei alto. — Se ele não quer, tem quem queira! – Taquara piscou pra morena peituda que estava à direita de Pedrão. Quando a v***a sacou que meu mano estava dando mole, ela não pensou duas vezes em se afastar de Pedrão e vir rebolando até sentar no colo de Taquara, toda solta. A morena foi rápida, roubou um beijo daqueles que só de olhar dá t***o enquanto requebrava aquele rabão em cima dele. — Que palhaçada é essa aí Taquara?! – A voz afinada ecoou pela laje. Taquara engoliu em seco, arregalou os olhos quando ouviu os gritos da mulher. Ele não pensou duas vezes em empurrar a morena do seu colo e fingir que não estava rolando nada entre os dois. Olhei para trás e vi Kel, a mulher do meu parceiro, se aproximando com os olhos negros estreitados cheios de raiva. Ela parou à nossa frente com os braços cruzados aguardando mais uma das desculpas esfarrapadas do meu parça. A pele morena num tom caramelado combinava com a cintura fina, os quadris largos e a b***a redondinha. Os cachos cheios caídos sobre os ombros preenchia o rosto delicado com traços finos, com exceção da boca carnuda, que modéstia à parte era uma delícia. Ela era gostosa pra c*****o, mas mulher de amigo meu pra mim é macho, então não rola nada. — Quem essa p*****a pensa que é pra tá agarrando MEU HOMEM, NA MINHA CASA?! Kel não esperou mais para avançar sobre a mulher agarrando-a pelos cabelos e arrastando-a para longe do seu macho. Ela bateu, socou a cara da p*****a com força fazendo a pobre coitada gritar, espernear enquanto Kel surrava seu rosto em cima do piso grosso da laje. Revoltada, a p*****a não deixou baixo, agarrou nos cabelos da fiel a trazendo para baixo onde chutou e arranhou os braços da mulher do meu amigo. Kel ficou bolada, contorceu o corpo até ficar por cima de novo, quando conseguiu socou a cara da mulher e mais uma vez tornou a esfregar o rosto da morena contra o chão. Taquara se jogou entre as duas quando viu que o bagulho estava esquentando.  — Para Kel! Calma p***a! – meu mano ficou agoniado ao ver a cara da morena ensanguentada.  Ele acabou levando umas também, por isso não vi outra alternativa a não ser sacar a 38 que portava na cintura pra cima e largar o aço naquela p***a. Que m***a! Não sei qual dos três vacilou mais. O pagode estava rolando numa boa, aí o cuzão do Taquara pega uma p*****a no próprio barraco e com a mulher dentro. p**a que pariu, meu mano é f**a. Geral parou pra ver a mulher jogada no chão com a cara surrada, os cabelos arrebentados e as roupas rasgadas no corpo. Na moral, eu fiquei com pena porque por algum motivo meu santo não batia com o da mulher do meu irmão. — Qual foi Taquara? Perdeu a moral p***a?! Que mulher problemática é essa c*****o?! Ao me ouvir, Kel levantou ajeitando a roupa curta, e passou os dedos entre o cabelo embaraçado. — Problemática? Eu?! – riu com ironia – mas você não tem mesmo vergonha na cara! Fica arrastando essas p**a pra cima do meu homem, vagabundo! Rala da minha casa agora, você e todo mundo! O pagode acabou! Não ouviram? Acabou a farra, aqui não é puteiro, p***a! – gritou, explanou, tocou a galera do barraco sem nenhuma vergonha. Que ódio! Eu ia dar o papo, mas Pedrão foi mais rápido. — Tu vai dar moral pra tua mulher expulsar nós do teu barraco Taquara? É isso mermo que tô vendo? p***a, eu não dou liberdade pra mulher minha ficar de onda com a minha cara diante dos meus parças! Uma hora dessas ela já lavou as vasilhas, tá lá no barraco, me esperando cheirosinha na minha cama… – Pedrão iria falar mais, porém a morena o interrompeu e voltou a gritar. — E o que eu tenho a ver com a otária da tua mulher? Ela é ela, eu sou eu! Sai daqui agora, você manda na sua casa, e na minha mando eu! Anda! Vaza daqui todo mundo! Se Taquara não botou moral, quem era nós pra falar alguma coisa? Eu e Pedrão metemo o pé bolado, cheio de raiva. Pegamos nossos carros e subimos a viela acelerados até pararmos no bar do Xulipa. Lá colocamos umas fichas na máquina de música, não demorou muito para que outro furdunço começasse, e mais uma vez lá estava eu, rodeado por uma p*****a de v***a. Depois de uns anos me envolvendo, acabei percebendo que não havia diferença de uma mulher para a outra. b****a é tudo a mesma coisa, só muda a posição na hora da f**a. Mas pensando bem, do bonde, p**a p*u e eu somos os únicos solteiros, os outros tem fiel, mas isso não impede eles de dar uma escapada e curtir que nem a gente. Por isso tenho a impressão que namoro, casamento, essas coisas de compromisso não vale a pena, pelo menos não pra mim. Entediado com aquela m***a toda, me afastei da zoeira com as questões da boca queimando na minha cabeça. Passei o rádio para um dos meus vapores na fé que eles tinham batido a p***a da cota de hoje. Também aproveitei para dar um papo nos moleques da escolta só pra garantir que estava tudo no esquema, como tinha que estar. E graças a Deus, estava. Respirei fundo quando ouvir uma voz baixa, doce. — Boa noite n**o, o que tá pegando? Era Suzy, minha enfermeira particular, ou melhor, meu pente certo. Eu curtia a loirinha pra c*****o, era baixinha, peituda e com a cintura fina. Tinha os olhos esverdeados, claros a ponto de ser quase transparentes. O cabelo loiro pegava na metade do pescoço e combinava com aquele jeitinho de boneca. — O que tá pegando? Hum… – pensativo, revirei os olhos – deixa eu ver… por enquanto nada, mas vou pegar uma loira gostosa que tá aqui na minha frente! – passei os dedos entre as mechas aloiradas do seu cabelo. Ela abriu um sorriso no canto daquela boquinha que trabalhava bem pra c*****o no meu p*u. — Ah n**o, você não faz ideia do quanto eu tô cansada. Trabalhei em pé o dia todo e pra finalizar ainda tive que escalar a p***a desse morro! – ela realmente parecia cansada, ainda estava com o uniforme branco, e sem a maquiagem as olheiras quase saltavam de seus olhos – d***a! Hoje sou eu que vou precisar de uma massagem. Daquelas pesadas, que só sua mão faz! – sorriu cheia de malícia, deixando o n***o aqui doido. — Deixa comigo, tu sabe como eu faço! Bora pro teu barraco! – bati na b***a da loira e apertei gostoso. — Falando em barraco, n**o, eu tô com 2 contas de luz atrasadas, e o pior que não tenho dinheiro pra mandar instalar um gato. Vamos ficar sem luz, não vai ter como a gente fazer mais nada lá em casa… – falou baixinho olhando para baixo sem graça. — Quê isso… fica tranquila, nós dá um jeito.  Passei o braço pelos ombros da loirinha que batia no meu peito, e segui com ela para o carro. Um sorriso malicioso escapuliu dos meus lábios quando pensei que iria passar a noite toda fodendo até não sobrar mais p***a no meu saco.
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