Karol estava sentada no colo de Eduardo como se fosse uma criança assustada, ele estava a abraçar e chorava lembrando dos bons momentos que havia vivido com Karina, karol estava quieta, as lágrimas escorriam pelo rosto dela, mas já não tinha mais forças para nada, de tanto que havia chorado.
— karol, precisa ir ao iml fazer a liberação do corpo. — disse Eduardo, ela apenas suspirou e fez um gesto com a cabeça, ele então a afastou um pouco de seu peito e a olhou nos olhos. — estou com você, vou te acompanhar em tudo que for necessário.
Eduardo levou karol até o iml onde se encontrava o corpo de karina, olhar sua irmã sem vida, sem aquele brilho esplêndido nos olhos, mais uma vez causou desespero em karol, Eduardo mais uma vez a amparou e após assinar todos os papéis necessários, o corpo foi encaminhado para uma funerária. De volta a casa, karol entrou e começou a recolher algumas coisas que estavam espalhadas pela casa.
— karol...o que está fazendo?
— eu preciso deixar a casa arrumada pra recebê-la. — disse karol se referindo ao corpo de karina.
— deixa que eu dou um jeito nisso, não precisa bancar de forte pra mim. — disse ele se aproximando. — eu sei o quanto está doendo. — Eduardo mais uma vez a abraçou, karol escondeu o rosto contra o peito dele e mais uma vez desabou em lágrimas, o corpo dela aos poucos perdeu as forças, ele então a pegou no colo e levou até o quarto. — toma um remédio e descansa tá, eu resolvo tudo.
— pega um copo de água por favor. — Eduardo foi até a cozinha, quando voltou, ela tinha em sua mão um comprimido, um calmante, logo ela tomou e repousou a cabeça no travesseiro.
Com a casa já pronta, Eduardo foi até o quarto de karol, ela permanecia dormindo, ele respirou fundo e com cuidado para não acordá-la fechou a porta, apesar de karol sempre ser bem irrisória, ele gostava dela e sabia que no fundo ela tinha uma ponta de razão, ele não era das melhores pessoas. Eduardo estava sentado na cozinha, quando o telefone fixo tocou, ele foi até o mesmo e atendeu, a surpresa veio ao saber quem estava do outro lado da linha.
— quem fala?
— Ruan, o namorado de karina, a que horas irá ocorrer o velório? — a voz soava distante e falha.
— está proibido de colocar os pés aqui.
— eu preciso me despedir dela...eu a amava.
— a família não te quer por perto. — disse Eduardo que logo em seguida desligou o telefone, foi então que karol apareceu.
— quem era? — antes de contar, Eduardo respirou fundo.
— era o tal Ruan, ele queria vir ao velório.
— o que disse a ele?
— que a família não o quer por perto.
— fez bem, não o quero, aqui sou capaz de mata-lo com minhas próprias mãos.
— não creio que ele vá se contentar apenas com um não, vou ligar para uns amigos e pedir que venham para impedir que ele entre caso apareça aqui.
— obrigada.
— por que levantou tampinha?
— escutei o telefone tocar.
— volta pra cama, quando a funerária chegar eu vou lá te avisar ok. — Eduardo se aproximou dela, a deu um abraço e depositou um beijo no topo da cabeça dela, em seguida ela retornou para o quarto.
Cerca de duas horas se passou, então a funerária chegou, Karol não saiu do quarto, Eduardo deduziu que estaria dormindo e optou por acordá-la somente quando o pessoal do serviço funerário fosse embora. Quando tudo estava pronto para o velório, os funcionário da funerária foram embora, então os amigos de Eduardo chegaram, ele passou uma descrição de Don e os pediu que se ele chegasse ali, não o deixasse entrar de forma nenhuma. Eduardo caminhou até o quarto de karol, ele abriu a porta suavemente, ela ainda dormia, então ele se aproximou, sentou-se na cama, a fez um carinho no rosto e a acordou.
— karol, a funerária já veio.
— por que não me acordou antes? — ela perguntou um pouco sonolenta.
— estava em um sono pesado, não quis atrapalhar, mas agora está na hora, daqui a pouco deve começar a chegar os amigos e os vizinhos.
— eu vou tomar um banho e já vou ok.
— meus amigos estão lá fora, eles não vão deixar o Ruan se aproximar ok.
— obrigada.
Karina estava na sala, abraçada a Eduardo enquanto chorava, em outro momento ela não faria aquilo, ele tampouco imaginou que um dia a veria vulnerável daquela forma, mas como ele tinha um carinho muito grande por karina e também por karol, ele iria a dar todo o apoio necessário, mesmo que depois de tudo ela o chamasse de bandidinho mais uma vez. Do lado de fora da casa, estavam os amigos de Eduardo, logo viram um rosto familiar se aproximar, eles então tomaram a frente o impedindo de passar.
— me deixem passar. — disse Don.
— a família da moça não lhe quer por perto. — disse um dos rapazes.
— era minha namorada, eu tenho todo direito de está aí.
— não mais que a família, e se ela não quer, você não vai entrar. — disse o outro, Don partiu para cima deles na tentativa de entrar, mas foi atirado no chão.
— ok, mas eu volto, aí quero ver quem vai me impedir de entrar aí. — Don saiu enraivecido, entrou em seu carro e logo deu partida.
Ao chegar em sua casa, Don bateu a porta com força, Jeff e Diego vendo a cena o seguiram pra saber o que havia com o amigo, foi então que no quarto o viram pegar uma pistola.
— ei cara, o que vai fazer? — Jeff perguntou.
— não me deixaram ver a Karina, mas eu vou, que qualquer forma eu vou.
— não, não vai mesmo. — declarou Diego ficando em frente a porta.
— sai da frente Diego.
— não saio.
— eu preciso ver ela uma última vez. — Don avançou para a porta, então Diego o segurou, Don começou a se debater e foi aí que veio uma ideia.
— pega uma corda Jeff. — o rapaz obedeceu e logo saiu pela casa em busca de uma corda e não tardou em encontrar, Diego mantinha um luta corporal com Don para segurá-lo, mas sozinho estava difícil, foi então que Jeff se juntou a ele e junto eles conseguiram amarrar Don e o colocaram sob a cama
— me soltem, eu vou lá naquela casa e vou ver a Karina...minha karina.
— você tá fora de si, do jeito que está só vai fazer uma desgraça. — disse Diego e Don começou a gritar.
— eu tenho uns remédios para dormir no meu quarto, vou pegar. — disse Jeff, que logo foi buscá-los e os trouxe junto a um copo de água, então forçaram Don a tomá-los.
— vocês não podem fazer isso, eu preciso vê-la uma última vez, preciso ver meu amor. — disse ele visivelmente transtornado, o que não durou muito, logo ele começou a ficar um tanto lento e sonolento e depois de cerca de vinte minutos, apagou completamente.
— eu sinto muito amigo, mas é para o seu bem e para o bem da família dela. — disse Jeff antes de sair do quarto.