Victoria
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Gael está sentado atrás de uma grande mesa no fundo da sala, uma pasta de documentos espalhada na superfície à sua frente.
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— E ai Vic. — ele murmura em saudação quando eu entro atrás de Fabiola, sem tirar os olhos da papelada que ele está folheando.
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— Alfa Gael. — eu respondo respeitosamente, parando na porta.
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Gael e eu estamos familiarizados um com o outro, inferno, eu até me arrisco a dizer que somos amigos neste momento. Eu estive perto de sua companheira, Fabiola, desde que nós duas estávamos na mesma turma de recrutas para o time no verão passado. Mesmo assim, estou me esforçando para me manter profissional hoje, tendo em vista o propósito desta reunião que solicitei com ele.
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Eu dei alguns passos para dentro da sala quando Gael finalmente olha para cima da mesa.
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— Desculpe, tivemos que nos encontrar aqui estou até os joelhos tentando resolver toda a merda do alfa Aiden... Sente-se.— Ele gesticula para as cadeiras à sua frente no lado oposto da mesa.
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Eu me sento e Fabiola também na cadeira ao meu lado, virando de lado e jogando as pernas para cima com os braços cruzados. Ela parece totalmente relaxada, em completo contraste comigo, estou sentada rigidamente na beirada do meu assento, engolindo um nó na garganta enquanto Gael volta para a papelada e um silêncio pesado cai sobre a sala.
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— Então você quer realmente entrar no time, hein? — ele finalmente pergunta, fechando a pasta na frente dele e olhando para mim.
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Fabiola deve ter avisado Gael sobre o porque eu queria me encontrar com ele. Lá vai o discurso que eu estava praticando.
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— Sim, senhor — eu aceno.
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— Eu sei que não é assim que você normalmente faz as coisas…
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— Não, não é.— diz ele sem rodeios, me cortando.
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Eu engulo em seco. Há aquele maldito silêncio novamente. Espero que ele não possa ouvir o quão rápido meu coração está batendo agora. Não me intimido facilmente, mas coisas formais como essa
me deixam ansiosa, especialmente quando estou pedindo favores.
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Eu realmente odeio pedir favores.
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Quando saí da matilha para o time no verão passado, não foi porque meu coração estava decidido a ser uma guerreira ou algo do tipo, era um meio para um fim, uma maneira de sair da matilha da lua azul com um salário fixo, mais hospedagem e alimentação.
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E eu subestimei grosseiramente o quão cansativo seria o campo de treinamento e despreparada em comparação com os outros recrutas, não foi uma surpresa quando fui cortada em algumas semanas e enviada para a casa.
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Tive a sorte de ter outra oportunidade alguns meses depois, quando o time reserva foi formado. Eu me juntei avidamente, voltei e treinei duro, finalmente, lutei na batalha contra a matilha da sombras. Mas quando a guerra terminou, o time de reserva também acabou e mais uma vez, fui mandada embora.
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Agora eu estou esperando para outra oportunidade. Terceira vez pode pedir música, certo?
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— Não é que eu não queira deixar você entrar, é só que temos processos de recrutamento em vigor há anos, e se eu deixar você ignorar isso porque...— ele para seu olhar deslizando entre Fabiola e eu.
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— Bem, você pode ver como isso pode parecer para os outros.— Gael suspira esfregando uma mão no rosto e se recostando na cadeira.
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— Você acha que vai parecer que está me colocando lá por favorito já que sou amiga de Fabiola.— Eu sei bem que é isso ele está insinuando.
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Gael acena com a cabeça, cruzando as mãos sobre a mesa à sua frente.
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— Affz, isso é besteira.— Fabiola deixa escapar enquanto torce o final de seu longo r**o de cavalo loiro sobre o ombro.
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— Isso não tem nada a ver comigo. E, além disso, você faz as regras, Gael... então por que você não pode contorna-las apenas desta vez?— Ele suspira novamente, olhando para sua companheira.
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— Se eu contornar as regras para Victoria, eu teria que contornar elas para todos, querida.— Nós dois sabemos que ele está certo e Fabiola cruza os braços sobre o peito novamente em derrota, apertando os lábios com força.
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Nós três ficamos sentados em silêncio por um minuto e eu juro que posso ver as engrenagens girando na cabeça de Gael antes que ele fale novamente.
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— A única coisa que eu posso fazer agora é conversar com os caras e ver o que realmente podemos fazer... Podemos recrutar algumas pessoas sem o processo normal... Estamos mandando algumas pessoas para rastear os que sobraram da matilha das sombras. Então talvez tenhamos que voltar com o time reserva novamente.— diz ele, balançando seu olhar de volta para mim.
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— Serio?— Eu pergunto, sobrancelhas se
levantando.
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— Quer dizer, apenas me avisem de qualquer forma. — Eu rapidamente percebo o quão tragicamente esperançosa eu pareço e me controlo um pouco.
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— Com certeza manteremos contato.— Gael acena com a cabeça olhando para Fabiola.
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— Legal. — eu respiro, os lábios se espalhando em um sorriso.
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A esperança floresce em meu peito, embora eu saiba que não devo me deixar alegrar demais antes de saber se isso vai acontecer ou não. Parece que tive uma série de azar ultimamente.
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— Bem, obrigada por essa reunião comigo hoje.— eu digo enquanto me levanto dos braços da cadeira para ficar de pé. Gael já está pegando outra pasta na beirada da mesa, voltando ao trabalho.
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— Eu a acompanho até a porta. — Fabiola fala enquanto se move para balançar as pernas para baixo.
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— Não precisa Fabi, o caminho é curto até lá. Certeza que me lembro. — Eu a paro com uma mão em seu ombro, balançando a cabeça.
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— Foi ótimo te ver garota.— Eu sorrio, inclinando-me para lhe dar um abraço.
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— Digo o mesmo Vic.— ela suspira, jogando um braço em volta do meu pescoço e me abraçando de volta.
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Deixo Fabiola e Gael para trás e saio do escritório, tirando meu telefone do bolso de trás e abrindo uma mensagem para minha amiga Vanessa. Eu não tinha certeza de quanto tempo essa reunião iria durar, então pedi a ela para me cobrir no trabalho. Estou olhando para baixo, digitando uma mensagem para dar a ela um aviso que ela não precisará ir no meu lugar até que colidi com um peito duro, o ar saindo dos meus pulmões e meu telefone escorregando das minhas mãos e batendo no chão.
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Estou tão desprevenida que levo um segundo para registrar o que ou quem encontrei, e quando tropeço para trás e olho para cima para encontrar aqueles olhos de antes, meu cérebro entra em curto-circuito.
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— Indo embora tão cedo? — Caio pergunta
suavemente enquanto eu pisco para ele, o canto de sua boca puxando em um sorriso e uma covinha afundando em sua bochecha. Malditas covinhas.
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— Tenho que trabalhar. — Eu me abaixo para pegar meu telefone, me recompondo no processo, franzindo a testa quando vejo Caio olhando para minha b***a enquanto me endireito. O cara não tem vergonha.
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Viro o telefone na mão, com o coração apertado quando vejo uma grande rachadura na tela do impacto que teve com o piso de madeira. Parece que a maré de azar continua. Levantando minha cabeça em aborrecimento, estou pronta para pular quando meus olhos encontram os de Caio e a intensidade de seu olhar me dá uma pausa.
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— Você me deve um telefone novo.— Algo voa na minha barriga, embora eu não tenha certeza se eu chamaria isso de borboletas, mais como um enxame de vespas furiosas. Minha garganta aperta quando quase caio nas profundezas daqueles olhos. Eu consigo me puxar para trás antes de me afogar, lançando lhe um olhar.
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— Como você pode dizer isso, se você esbarrou em mim.— Caio arqueia uma sobrancelha em desafio.
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— Só porque você estava no meio do meu caminho.— eu respondo de volta.
— Talvez você devesse prestar atenção para onde está indo, baixinha.— Ele diz rindo.
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— Talvez você deva ocupar menos espaço, grandão!— Enfio meu telefone no bolso de trás da minha calça jeans, passando por ele e fugindo da casa da matilha.
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Eu me jogo no banco do motorista do meu carro, batendo no volante com a palma da minha mão e soltando um gemido frustrado. Não tenho ninguém para culpar além de mim mesma, tanto pela tela quebrada do telefone quanto por deixar um i****a arrogante como Caio me irritar. Eu tenho zero tempo ou tolerância para garotos i****a.
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E Caio Rios é a definição de um garoto i****a.