Capítulo 66

946 Words
Aurélio _Exatamente! E esperava que você estivesse dentro - Aurélio sabia que estava brincando com fogo, mas não perderia a oportunidade de irritar Emílio, afinal, seu primo já o havia desafiado por tempo demais. _Você... _Emílio vamos deixar uma coisa bem clara, eu quero a sua cabeça, não vai ser hoje em respeitar a tia, mas vai acontecer. - diferente de Aurélio, Emílio não possuía muito poder e nem meios para retaliar caso seu primo realmente quisesse matá-lo. _Vocês dois tem que parar com isso, já chega de tragédia na família - diz Olga encarando os dois homens a sua frente, quando eram crianças era comum para ela separar as brigas dos dois, mas agora eles haviam crescido e ela via que se não resolvessem suas diferenças, uma tragédia poderia acontecer. _Isso é culpa dele tia, eu nunca ataquei ele, e mesmo assim ele vive me provocando e atrapalhando meus negócios! - pensar em todo o dinheiro que havia perdido por causa de Emílio elevava o ódio de Aurélio a outro nível. _Seu canalha! Você sabe que por culpa do seu pai o meu morreu! As palavras de Emílio pegam Aurélio de surpresa, ele nunca imaginava ouvir isso do seu primo, não que sua família fosse santa, mas isso o deixou surpreso. _Do que você está falando? - a confusão em seu rosto era evidente. _Para Emílio! Isso é passado - diz tia Olga para o filho. _Deixa tia, eu quero saber. _Na época o vovô ia nomear meu pai como novo capo, então seu pai montou uma armadilha para ele, foram ver um fornecedor e apenas seu pai saiu vivo. Aurélio estava chocado, não havia outra palavra para descrever sua expressão, ele nunca imaginou que havia uma história tão maluca por trás do comportamento de seu primo, se bem, que a forma como Emílio se afastou dele era estranha, eles sempre foram muito próximos e de uma hora para outro ele simplesmente havia cortado laços com ele. _Eu não sabia disso! Quando meu pai me nomeou eu ia te colocar como sub-chefe, havíamos crescido juntos eu te tinha como um irmão Emílio, não confiava em mais ninguém ao meu lado, mas então, no dia que eu ia te nomear você havia feito o primeiro ataque, e depois outro se seguiram e eu acabei desistindo. _Está me dizendo que era para eu ser seu Sub chefe? - pergunta Emílio, tentando digerir o que Aurélio havia dito. _Sim, você sabe que minha mãe tinha outros negócios e o objetivo era que você aprendesse para assumir como Don no futuro - Emílio cai no sofá em choque com as palavras de aurélio, pensando que tudo aquilo poderia ter sido evitado se tivessem sido sinceros um com o outro. _Vocês são a única família que eu tenho Emílio, porque acha que tenho relevado a anos o que você apronta? Por isso vim hoje aqui para pôr um ponto final nessa história toda ... e também porque queria sua cabeça - diz um pouco sem graça. _O que aconteceu com "eu sou da família". _Eu tenho direito de arrancar seu couro, tem ideia do prejuízo que me deu ao longo desses anos? _Eu disse a ele que era besteira. _Mãe! _Eu sei que a senhora é a única que tem juízo aqui tia - diz Aurélio se levantando. _Já vai querido? _Já! Tenho alguns amigos para ver. _A Fênix? - pergunta Emílio com sarcasmo. _Você tem que agradecer por não ter passado seu endereço a eles, você é muito burro primo, resolveu se esconder justo na toca do lobo - Emílio olhava para Aurélio vermelho de raiva, mas para surpresa deles a tia cai na risada. _Desculpe filho, mas ele tem razão. _Viu! Até sua mãe concorda. _Você é muito irritante. _É um dom. _Mas o que você vai fazer sobre tudo que conversamos? _Eu proponho uma trégua enquanto eu investigo, se ficar provado que você está mentindo eu volto aqui e corte sua cabeça. _E se eu estiver certo? _Então irei te devolver o que é seu por direito - diz olhando Emílio fixamente. _E como saber se posso confiar em você? - Aurélio pega uma adaga da sua bota e vem em direção a Emílio. _O que vai fazer? - diz assustado. _Com essa covardia, você não duraria uma semana como Don - diz pegando sua mão e fazendo um corte na palma, em seguida ele faz um corte na sua e aperta a mão de Emílio. _Eu juro sobre o nosso sangue, se a sua história for verdade te devolverei tudo que é seu por direito. Um arrepio percorre o corpo de Emílio com as palavras de Aurélio, olhando nos olhos de seu primo ele sabia que ele estava falando a verdade, Aurélio sai da casa de Emílio com uma promessa e missão a cumprir, ele não descansaria até descobrir a verdade sobre a morte do tio. Não era segredo para ninguém que sua família as vezes se banhava em sangue, mas seja qual for a história macabra por trás da ascensão de seu pai, ele descobriria. Tanto a família dele quanto de sua mãe eram nomes antigos no mundo da máfia, e faziam qualquer coisa para alcançar o poder, inclusive passar por cima da própria família. Aurélio havia crescido para ser uma máquina mortal, e matar era o que ele fazia de melhor, o pouco de humanidade que havia nele foi preservado pela convivência com seu primo, o que o levava a relutar tirar sua vida durante esses longos anos. Seu semblante se fecha ao pensar o que faria com o responsável por toda aquela bagunça, e ele já tinha uma ideia de por onde começar.
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