cap 05 Feliz aniversário

1345 Words
Alice... Amanhã é meu aniversário… Ou melhor, hoje é meu aniversário de 18 anos, já que passou da meia-noite faz tempo. Não sei por qual motivo i****a eu não consigo dormir direito. Fico rolando na cama pra lá e pra cá feito uma barata tonta, e o sono simplesmente não vem. Quando finalmente consigo pegar no sono, por alguns míseros segundos, acabo tendo pesadelos horríveis — e a maioria é com o Rodrigo. Droga, droga, droga! Depois daquela cena bizarra que vivi com ele no dia do nosso noivado, eu não consigo pensar nele sem sentir medo. Eu sei, eu sei que estou prestes a me casar com aquele monstro em menos de uma semana, mas pra mim isso é como uma entrada gratuita pro inferno particular dele. E o pior? Eu não consigo mais ficar no mesmo lugar que ele, só de medo. Sabe, naquele dia, quando tudo aconteceu, eu realmente pedi pra Deus, mentalmente, que me levasse de uma vez. Pra que eu nunca mais passasse por aquilo de novo. Porque, além de me humilhar na frente de todo mundo com a amante dele, eu ainda levei um tapa no rosto por uma coisa que nem sabia que tinha feito — até ele me contar, cheio de raiva. Meu querido irmão podia ter feito o favor de me contar sobre a vida do Rodrigo antes da merda toda acontecer. Antes de, sem querer, eu xingar a mãe falecida dele e quase ser morta por isso. Desgraçado! Saio um pouco das minhas paranoias e pego o celular em cima da mesinha ao lado da cama. Olho as horas: já são 3:16 da manhã… e eu ainda estou acordada. A única pessoa com quem eu podia desabafar era minha melhor amiga, Mari. Mandei uma mensagem pedindo pra ela me ligar o mais rápido possível. Esperei ansiosa por uns dez minutos até que o celular vibra em cima do meu peito. Atendo rapidamente, sem nem olhar quem era. No instante em que ouço a voz do outro lado da linha, me arrependo amargamente de ter atendido. Ligação on… — Olá, minha querida noivinha! — ele fala num tom debochado assim que atendo. — O que diabos você quer, me ligando a essa hora da noite, Rodrigo? — Nada demais, só queria conversar um pouco. Começo a rir, irônica. Até parece que eu não conheço ele. — Ahh, conta outra, né? — Garota, é óbvio que eu tô tirando com a sua cara. — O sorriso que estava no meu rosto some na hora. — Quero deixar claro que ainda não engoli aquela sua atitude. E mais cedo ou mais tarde… a gente vai se encontrar de novo. — O que você quer dizer com isso? — Espere e verá. Boa noite. — Rodrigo, você tá me assustando falando desse jeito. Ouço uma risada e, logo em seguida, o celular começa a apitar. Aquele filho da mãe desligou. Ligação off… Eu não tô falando? Esse cara é o próprio demônio em pessoa. Acordo de manhã bem mais cedo do que o normal e vou direto pro chuveiro. Meu irmão me disse que estava tudo certo entre mim e o Rodrigo, mesmo sem eu ter pedido desculpas. Normal, já que eu estava morrendo de medo dele naquele momento. Logo depois voltamos pra Nova York, porque eu não queria ficar na Itália nem mais um segundo perto dele. Mas antes de embarcar de volta, conversei com a minha cunhada e deixei ela responsável pelos preparativos do casamento, já que eu não tô mais lá. Claro que ainda acompanho tudo de longe, então tudo que eu decido está valendo. Mesmo que isso seja o meu fim, eu quero tudo do jeito que sonhei todos esses anos. Por exemplo, o meu vestido de noiva. Eu escolhi um modelo que já vinha guardando há tempos pra esse grande dia. Mandei pra ela redesenhar conforme minhas preferências. Ela é uma estilista talentosa — já tinha visto ela em revistas de moda. Fiquei sabendo por alto que foi a primeira dos três irmãos a se casar por conta de um acordo, assim como eu. Só que isso foi anos atrás… sortuda! Visto minha roupa de dança e desço pra tomar café antes da minha última aula com a Monick. — Bom dia! — falo entrando na sala de jantar, onde meu irmão está sentado tomando café e lendo o jornal. — Bom dia, irmãzinha! — Onde está a Sarah? — Saiu. — grosso. — Você sabe se a Monick já chegou? — Sim. Você vai dispensá-la hoje, né? — Infelizmente. — Tomo um gole do meu suco e saio dali o mais rápido possível. — Feliz aniversário, meu amor! — Monick me recebe com um abraço apertado e um buquê de flores. — Obrigada, Monick. — Meus olhos se enchem de lágrimas assim que lembro que vou ter que dispensá-la. — Que carinha triste é essa? Aconteceu alguma coisa? — Tenho que te contar uma coisa. — Respiro fundo, tentando não chorar. — Vou me casar nesse final de semana, e com isso, não poderemos mais continuar com as aulas. — Como assim? Casar? Com quem? — Ela faz várias perguntas, mas logo entende tudo e volta sua atenção pra mim. — Então… essa é a nossa última aula? — Infelizmente, sim. — Ok… então vamos aproveitar. — Ela tira as flores da minha mão e as deixa sobre a mesa. Meu coração aperta ao ver o olhar triste dela. Depois de longas horas de ensaio, começamos a arrumar a sala de música da minha casa. Só de saber que nunca mais vou entrar aqui me parte o coração. — Então… isso é um adeus? — Não. É um “até logo”. — respondo, e ela sorri. — Até logo, meu amor. Fica bem. — Monick… por favor, não esquece de mim. — Ela me abraça e sai logo depois. Subo as escadas correndo e entro no meu quarto desesperada, caindo aos prantos no chão, ao lado da porta ainda aberta. Acho que chorei tanto que meus olhos incharam. Continuei ali, no chão, pensando em tudo que estava acontecendo ao meu redor. — Posso entrar? — Meu irmão bate na porta. — Pode. — Tá fazendo o quê largada desse jeito aí no chão? — Chorando. — respondo friamente, vendo ele se sentar ao meu lado. — Feliz aniversário, princesa! — Olho assustada ao ver ele segurando uma caixinha. — Eu sei que a gente não tá passando por momentos fáceis, mas saiba que você sempre vai ser a minha irmãzinha. — i****a. — Dou um soquinho no ombro dele e o abraço logo em seguida. — Apesar de tudo, ainda te amo muito, meu irmão. — Eu também te amo. — Ficamos jogados ali no chão por alguns minutos antes dele se levantar e me puxar junto. — Agora chega de choro! Hoje é seu dia de festejar. Se arruma que daqui a uma hora a gente vai sair. — Pra onde? — Surpresa. — Ele beija o topo da minha cabeça e sai do quarto. Volto minha atenção pra cama, onde tem uma caixa enorme, junto da caixinha que ele segurava antes. Quando abro, me deparo com um lindo vestido vermelho e um salto alto preto. Aquele i****a! Nesse exato momento, estou terminando de me maquiar. Não sei onde meu irmão vai me levar, então decido usar uma maquiagem mais leve, mas que realça bem os olhos. O vestido tem uma f***a longa na lateral da coxa, o que me deixa ainda mais sexy. Meu cabelo já estava arrumado, só retoquei o babyliss nas pontas. Desço correndo as escadas quando escuto meu irmão me chamar pela décima vez. — Uau, você está deslumbrante. — Ele vem na minha direção. — Espero que ele goste. — Ele quem? — Ninguém importante. — Erick. Ele me ignora e vai até a porta. — Feliz aniversário, cunhada! — Obrigada, Sarah. — Você vai adorar o lugar pra onde vamos. — Eu espero. — respondo, correndo atrás do meu irmão, que já estava impaciente…
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD