cap 03 a caminho

974 Words
Alice... — Posso entrar? — vejo Sarah perguntar da porta. — Entra. — O que você está fazendo? — aponta para a mala que estava aberta em cima da cama. — Arrumando minhas coisas... pra embarcar de cabeça direto pro inferno. — Ela sorri, sentando-se na beirada da cama. — Então você já sabe que vamos pra Itália amanhã, né? — Ela me observa com um olhar de pena. Sabe melhor do que eu como é se sentir assim, desamparada. — É, fiquei sabendo. O meu noivado é depois de amanhã, estou certa? — pergunto já com o coração apertado, tentando ao máximo não chorar feito uma criança mimada. — Alice, senta aqui, meu amor. — Ela me abraça bem forte, e assim eu me permito chorar mais uma vez. — Você sabe que, se eu pudesse, eu convenceria seu irmão a voltar atrás nessa decisão. — Balanço a cabeça vagarosamente, afirmando que sim. — Mas, infelizmente, eu não posso... e me sinto culpada por isso. — Sabe, você não tem que se sentir assim. Você também já esteve nessa mesma situação, assim como eu estou agora. — Afirmo, e ela acaba concordando comigo, pois nós duas sabemos que é a mais pura verdade. — Você e eu sabemos que toda essa desgraça é culpa do meu irmão. — Olha, Alice, eu sei que você está uma pilha de nervos, e que nesse momento nada do que eu disser vai mudar o que você está sentindo aí dentro. — Ela aponta para o meu peito. — Mas eu espero que, um dia, você entenda as razões dele, assim como eu entendi as do meu querido pai. — Sinceramente, eu não sei. — Respondo com um pouco mais de frieza. Eu realmente não sei se um dia voltarei a confiar nele. — Fica bem, meu amor. Agora eu vou te deixar sozinha pra você terminar de arrumar suas coisas com mais calma. — Ela se levanta, me abraça e sai do quarto logo depois. Com toda certeza do mundo, agora eu sei que estou fodida! Ao ponto do meu irmão mandar a própria esposa vir conversar comigo sobre uma coisa que ela mesma já viveu na pele. No dia seguinte, todos nós acordamos bem cedo e fomos direto para o aeroporto. Tive que tomar alguns calmantes bem fortes antes de embarcar no jatinho dos Ferrari, pois eu morro de medo de voar — como todos que me conhecem sabem. Acho que foram exatamente oito horas de voo, e, é claro, eu dormi a viagem inteira, ou teriam que me aguentar passando m*l o tempo todo, sem parar. Fomos direto para casa descansar, como ordenou o insuportável do meu irmão. Nesse exato momento, estou me arrumando para aquele maldito noivado. Aí eu imagino como meu querido noivo deve estar feliz — debocho de mim mesma. Que merda! Eu fico imaginando... ninguém vê o tamanho do absurdo que está prestes a acontecer? Cara, eu completo 18 anos daqui a uma semana e, logo depois disso, é o c*****o do meu casamento. Claro, não posso dizer que não curti minha adolescência, até porque eu não sou i****a de não ter aproveitado bem a vida. Confesso que já beijei alguns carinhas aleatórios por aí, mas nada além disso — é óbvio, não sou tão burra assim. Mesmo com meu irmão pegando no meu pé, eu sempre fui uma garota normal, apesar desse meu gênio forte. Sempre fiz tudo que as outras garotas normais faziam. Inclusive, num ato de rebeldia, no auge dos meus quinze aninhos, fiz duas tatuagens no braço esquerdo. É claro que isso deixou meu irmão uma fera comigo, mas vocês acham mesmo que eu liguei? Muito pelo contrário. Eu achava minha família maravilhosa... até o momento em que meu pai foi morto. Depois disso, passei a odiar cada um que fazia parte daquela corja de mafiosos. E agora, cá estou eu, me preparando para um noivado com um dos piores crápulas desse mundo. Termino de me arrumar, parando em frente ao espelho pra me admirar por um segundo. Tenho que admitir: esse tal Don ganhou na loteria, porque eu realmente sou uma deusa. Meu Deus! Estou vestindo um vestido preto de mangas longas pra esconder minhas tatuagens — pelo menos por enquanto. Ele é curto, com uma a******a bem ousada na lateral e um decote em V na frente. Optei por deixar meus longos cabelos negros soltos e passei uma maquiagem mais leve, com um toque de brilho, realçando ainda mais meus lindos olhos verdes. — Você é forte o suficiente pra aguentar tudo isso de cabeça erguida, Alice. — Repito pra mim mesma várias vezes, até finalmente tomar coragem e descer até a sala, onde meu irmão e sua esposa estavam à minha espera. — Nossa, Alice, você está deslumbrante nesse vestido. — Ela se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido: — Lembre-se do que conversamos. Você é forte e vai aguentar tudo isso de cabeça erguida, assim como eu. — Alice... — meu irmão me chama. Penso friamente se olho pra ele ou não, mas já que não tem como voltar atrás nessa merda, decido ouvi-lo por alguns segundos. — Fala. — Olha só, irmãzinha... Eu sinto muito por você, mas nem se eu quisesse, poderia voltar atrás com a minha palavra. — Era só isso que você tinha pra falar, Erick? — Por dentro, estou destruída, mas decidi não demonstrar isso pra ninguém. Continuei tratando-o friamente. — Alice, eu sei que meu marido errou com você, mas ele ainda é seu irmão. — Eu sei disso, Sarah. Mas é que, nesse momento, eu não estou com a mínima vontade de falar sobre isso. Então acho melhor irmos logo pra casa dos Ferrari antes que eu perca a paciência com vocês. Eles me olharam por um momento, antes de simplesmente concordarem comigo...
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD