Depois de permanecer no quarto por um tempo muito mais longo do que eu esperava, me levantei, indo para a primeira porta do quarto — encontrando um enorme closet, cheio de ternos que pareciam bem caros —, ignorei-os com medo de sumir algo e eu ser acusada.
Voltei, batendo a porta e indo para a porta ao lado, cuja qual, ele tinha saido. Encontrei um pequeno kit preparado sobre a pia e suspirei de alívio. Tranquei as duas portas — a que levava ao closet e a que levava ao quarto, e me despi, entrando no box.
Liguei a água do chuveiro, deixando com que a água relaxasse o meu corpo em um banho quente e muito gostoso, suspirei. Fazia tempo que eu não tomava um banho tão gostoso. Usei sabonete líquido e esfreguei todo o meu corpo, sentindo o alívio por não ter me deitado com aquele homem em um ato de pura loucura extrema.
Depois que terminei, me sequei com a toalha mácia do homem, sentindo-a passando por todo o meu corpo, retirando toda a água. Posteriormente, me vesti e escovei meus dentes com uma escova reserva — e nova.
Penteei meus cabelos e sai do banheiro, encontrando uma empregada arrumando a cama. Ela passou os olhos por mim e me ignorou, voltando aos seus afazeres, sai do quarto.
Ela podia ter sido mais simpatica, mas tentava entender, podia ser um tipo de ordem dele que ela não falasse comigo.
Depois de atravessar o corredor do segundo andar em passos lentos, desci as escadas e cheguei ao hall da casa. Um homem apareceu de repente e eu pulei no lugar, tomando um susto com a presença repentina do senhor.
— O senhor Greco está na sala de jantar. — Ele disse, sua voz polída e formal.
— Certo. — Suspirei, segurando minha bolsa com um pouco mais de força contra o meu corpo e andando a passos vagos até a sala de jantar.
Acho que isso era um claro lembrete de que eu deveria me despedir do homem que eu descobri se chamar Greco — deve ser sobrenome, e na realidade, não me é um nome estranho.
Pisei na sala poucos segundos depois, ouvindo uma risada gostosa e infantil, encontrando o homem forte e lindo, junto com uma criança fofa, de aparentemente cinco anos.
O silêncio se instaurou no local no exato momento em que ambos os olhares foram lançados para mim, uns mais brilhantes que outros, no entanto.
— Quem é você? — O menino pulou da cadeira, vindo em minha direção.
— Hã, é... meu nome é chloe. — Respondi, tentando parecer educada.
— Você mora aqui? — Ele perguntou. — Você vai morar na minha casa?
— Não, eu... eu não moro aqui. — Limeoi a minha garganta, sentindo o desespero tomar todo o meu corpo.
— Você vai casar com o meu pai e ser minha nova mãe? — Ele segurou na minha perna, me encarando com os seus pequenos olhos lindos e extremamente manipuladores.
Eu não sabia o que responder, não quando o pequeno me lançava aquele olhar. Aquele olhar que me fazia querer ser a sua mãe, que me fazia querer cuidar dele e de toda a sua carência...
Mas, eu não era e nunca seria, sequer sabia se voltaria a ver seu pai mais alguma vez. Esperava que não. Não depois da confusão que aconteceu ontem a noite, uma noite que não me lembro de absolutamente de nada.
Ter acordado na sua cama, foi no mínimo, imoral da minha parte, não quando eu tinha valores muito bem definidos sobre tudo.
Procurei o olhar do Senhor Greco com desespero, tentando entender o que falar para a pequena criança persuasiva.
— Não, eu... — parei a frase no meio.
Seus olhos ficaram tristes por alguns instantes, enquanto ele parecia tentar pensar em algo que me convecesse do contrário.
— Você pode ficar comigo? — Perguntou. — Digo, pode vir me visitar mais vezes?
— Eu não sei, me desculpe... não sei se seu pai permitiria. — Eu tentei me safar dessa.
Não podia prometer algo que certamente não cumpriria.
— Você se importa, papai? — Ele perguntou.
O homem apenas negou com a cabeça, tomando seu café.
— Prometa. — Ele disse. — Prometa, prometa, prometa.
— Tudo bem, eu prometo. — Falei, por fim, vencida pelo cansaço.
Não podia ser tão r**m assim, éramos pessoas completamente distintas e aposto que em uma semana, seu pai arrumaria outra e ela ficaria feliz em ser a nova mãe do garoto. Quem não iria querer casar com o bilionário a minha frente? Bom, eu não, pelo menos.
— Oba! — Ele pulou, saiu e andou até as cadeiras da mesa, voltando a comer algumas frutas.
— Bom, eu tenho que ir... — Avisei.
— Eu acompanho você. — A voz de Greco soou por toda a sala.
Agora ele fala? Quando eu estava sendo, praticamente, coagida por sua mini forma, ele sequer pensou em mim? Certo, que homem mais m*l caráter.
Não respondi, girei nos meus próprios calcanhares e sai, andando novamente para o hall.
— Meu motorista pode acompanha-la. — Ele ofereceu.
— Não, obrigada. — Eu disse, andando até a porta.
Sua mão segurou meu pulso e ele me virou em sua direção, olhando-me nos olhos.
— O que você quer? — Eu perguntei.
— Saber o que aconteceu ontem, antes de eu chegar. — Ele pediu.
— Não me lembro. — Eu murmurei.
— Estava sozinha. — Ele pontuou.
— Minha amiga saiu com um rapaz. — Eu expliquei.
— E ela não voltou para buscar você? — Perguntou.
— Na verdade, não sei... acho que não. — Eu passei a mão na minha nuca, nervosa.
Porque ele estava fazendo tantas perguntas? E mais, porque eu estava respondendo-as?
— E então, o que aconteceu depois que ela saiu? — Ele perguntou.
— Eu... — suspirei, ele não me deixaria ir embora antes que isso acabasse. — eu me preparei para sair, mas fui impedida por um g***o de homens.
— Eles disseram seus nomes?
— Não!
— O que fez você ficar? — Ele perguntou mais uma vez.
— Eu fui coagida, ele foi ameaçador e fiquei com medo. — eu tentei me lembrar dos detalhes. — Ele me propôs uma bebida e eu disse que tomaria uma, na esperança de que Anna retornasse para me buscar, mas depois apaguei.
— Bom, Anna não retornou. — Ele avisou.
— Como pode saber? — Eu perguntei, chateada.
— Porque um dos meus homens ficou esperando a sua amiga voltar e adivinhe? — Ele deu de ombros. — Nenhuma Anna. Pesquisando mais a fundo... — ele enfiou a mão no bolso. — essa é sua amiga?
Essa era uma imagem de Anna pela manhã, saindo de um hotel de luxo com as mesmas roupas da noite passada. Não respondi, na verdade, meu olhar cético já deveria explicar a ele muitas coisas.
— Bom, ela não voltou. — Ele foi duro e direto.
— Ok. — Eu disse, simples.
O que mais eu poderia fazer? Eu não tinha escolhas e nem como voltar atrás, só tinha como guardar mágoa de Anna.
— Não quero que volte tarde para casa. — Ele ordenou.
— Como? — Perguntei, imaginando que não tinha escutado muito bem.
— Não quero que volte tarde para casa, o que não entendeu?
— Você não é o meu pai! — Exclamei.
Ele me pressionou contra a parede, seu corpo forte contra o meu, seu rosto tão próximo que era possível sentir o aroma de café acariciando o meu rosto.
— Prometa que nunca mais voltará para casa tarde outra vez? — Ele falou, entredentes.
— E o que fará se eu desobedecer? — Perguntei, olhando-o nos olhos.
Poderia parecer loucura, eu estava nas suas mãos, mas a minha boca falava sozinha em alguns momentos.
— Não queira saber. — Ele se afastou. — Prometa!
Me arrepiei com o olhar que ele me lançou, ameaçador, firme e que dizia muito mais do que eu queria saber, na realidade.
— Ok, tudo bem, prometo! — Disse, por fim.
No final, não teria como ele saber de todos os meus passos, de qualquer maneira e eu teria muito tempo para fazer o que eu bem entendesse.
— Meu motorista vai levar você em casa. — Ele avisou.
— Tudo bem!
Ok, eu queria mesmo me livrar dele e de todas essas coisas bizarras. Sai da casa, encontrando a limousine do lado de fora.
— Dê o seu endereço e vá para casa. — Ele ordenou.
— Sim, senhor. — Suspirei.
Eu entrei dentro do carro e passei meu endereço ao senhor, saindo da casa enorme — e parecia muito maior do lado de fora — e andando pela cidade.
Quando, finalmente chegamos a minha casa, pulei para fora do carro o mais rápido que pude e adentrei ao prédio onde morava, subindo as escadas com rapidez. Bocejei.
Destranquei minha porta e entrei rápidamente, jogando a minha bolsa sobre o sofá e trancando a porta, entrei para a cozinha e tomei um pouco de suco de laranja, fazendo uma nota mental de que deveria comprar alguns mantimentos no mercado.
Entrei para o meu quarto e retirei minhas roupas, me vestindo com algo confortável e peguei meu celular para conferir as mensagens. Nenhuma mensagem de Anna, nenhum pedido de desculpas, nada... sentia um pouco de mágoa e raiva por isso.
"Lembre-se do que prometeu. Nada de chegar em casa tarde" — Lorenzo Greco.
Franzi a testa, então seu nome era Lorenzo? De qualquer maneira, não consigo levar isso muito a sério. Ignorei as mensagens e me joguei na minha cama, dormindo finalmente.