Ignorei completamente as mensagens que havia recebido, não tinha motivos para sentir medo de alguém como Lorenzo Greco, ele podia ser um homem de poder e influência, mas eu ainda tinha completa liberdade sobre a minha vida e sobre as minhas coisas.
Acordei cedo no dia seguinte, me arrumei um pouco mais cedo, não queri chegar atrasada no meu trabalho. Sabia que a minha cabeça estava para rolar naquele lugar e não queria testar a paciência do meu chefe.
— Bom dia. — Disse, assim que entrei no restaurante.
Ainda estava fechado e eu não tinha nenhuma v*****e de trabalhar o dia inteiro, estava mesmo indisposta depois de ter ajudado Anna ontem a noite e isso me lembrava da mensagem de Lorenzo Greco.
— Bom dia, Chloe. — Phillip disse, a voz firme e polida. — Hoje, teremos a limpeza do estoque, a menina que cuida disso está de folga. Você terá que fazer.
Pisquei em sua direção, essa sequer era a minha função nesse lugar e eu não recebia para limpar e organizar coisas e sim, para servir os clientes.
— Não é meu trabalho. — Anunciei.
— Agora é! — Ele disse, firme, se virando e saindo. Parou um segundo e se virou um pouco para mim, piscando. — Você das consequências dos seus atos, não sabe?
Eu engoli em seco, olhando para ele. Sentia raiva por ele estar sendo esse m***a, por estar me prejudicando quando sabe que essa não é a minha função. Ele quer me enlouquecer.
— Sim. — Falei, enquanto saia do meio do pessoal, andando para os armários, enquanto pegava o meu uniforme e entrava para o banheiro, pensando em como eu poderia dormir.
O dia começou logo nas primeiras horas, assim que abriu e o movimento parecia muito maior, me deixando muito mais sobrecarregada.
Eu estava cansada, enquanto via as horas passando e meus colegas começarem a ir embora, enquanto eu andava em direção a cozinha, onde ficava o estoque da loja.
Cansada, olhei em volta, percebendo como estava imundo e isso me deixava com um pouco de nojo. A poeira era muito clara e era possível perceber que os chefes de cozinha não estavam ligando para a organização no local de trabalho.
Eu prendi meus cabelos em um coque m*l feito e peguei uma caixa, enfiando alguns vidros dentro dela e arrastando para um canto na entrada. Eu deveria receber muito mais por isso.
É sério, eu deveria mesmo, eu acho que mereço receber mais por isso, por estar dando o meu melhor em uma função que sequer é minha. Espirrei, quando senti a poeira entrar em contato com o meu nariz, mas joguei o produto de limpeza sobre a superfície esfregando com força.
Eu bocejei, estava mesmo muito tarde e eu tinha acordado muito cedo, o que faria eu me prejudicar muito quando eu acordasse amanhã para mais um dia de trabalho. Tossi, mexendo nas caixas para devolver as coisas para a primeira prateleira, enquanto começava a esvaziar a segunda prateleira, sabendo que teria mais quinze pela frente, eu estava mesmo cansada.
— X —
— Pronto, Phillip. — Disse, suspirando.
— Ok, pode ir embora. — Ele disse, grogue.
Ele estava bêbado, enquanto virava mais whisky do bar do restaurante. Andei em direção ao vestiário e abri o meu armário, me trancando no banheiro de funcionários. A essa hora, o restaurante só funcionava para os hóspedes do hotel e somente o bar.
Não quis tomar banho, não aqui. Não me sentia segura sabendo que Phillip estava aqui, por isso, optei por deixar tudo isso para ser feito na minha casa. Grunhi, enquanto me enfiava na minha roupa de hoje mais cedo e andei para fora do vestiário.
Quando cheguei ao hall, Phillip já não estava mais lá, então aproveitei para sair antes que ele quisesse me ocupar com qualquer outra coisa. Encarei o meu relógio. Eram quase duas da manhã, isso tinha tomado muito mais tempo do que deveria tomar, o que me deixava bastante incomodada.
Eu tinha medo das ruas a noite. Não sabiamos quem andava por ai a noite. Eu massageei a minha têmpora e subi as minhas mãos, bocejando.
Enquando andava pelas ruas, tive a pequena sensação de estar sendo seguida, por isso, segurei a minha bolsa com mais força e olhei para trás, percebendo que eu estava sozinha nas ruas vazias.
Eu engoli em seco. Eu acho que eu estava ficando paranóica. Mas, a sensação não sumia de mim, me deixando mais e mais confusa com tudo o que a minha cabeça estava projetando. O meu medo me deixava a cada minuto mais desconfiada das coisas.
Apressei meu passo, chegando ao meu prédio. Subi rápido, andando com pressa para dentro de casa, tentando me sentir um pouco mais segura.
Assim que cheguei a minha porta, mexi na bolsa a procura das minha chaves. E uma sombra apareceu no fim do corredor, segurei o ar e fui um pouco mais rápido, encontrando-a no fundo da bolsa.
Peguei a chave e comecei a procurar entre as minhas chaves, com pressa. O nervosismo me fazia parecer uma desesperada e meus dedos tremiam.
— Você. — A voz grogue de Phillip ecoou pelo corredor.
Parei um segundo, olhando para trás.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei.
— Agora você não me escapa. — Ele sorriu nojento.
Seus passos foram mais firmes e duros, me fazendo chegar alguns passos para trás.
— Não entendo, você me rejeitou tanto. — Ele fez bico.
Enfiei a chave na fechadura e girei, abrindo a porta e entrando para trás, mas antes que eu pudesse fechar, ele colocou o braço, impedindo. Meu coração batia muito forte.
— Me deixa entrar, gracinha. — Ele sorriu. — Você vai gostar, eu garanto.
Tentei empurrar a porta em sua direção mais uma vez, mas ele era muito mais forte que eu, inclusive, bêbado. Eu estava em pânico.
E então, algo o jogou para trás. Observei o corpo de Phillip ser jogado ao chão com força. Ele gemeu quando sua cabeça bateu contra o piso.
— Levem ele. — A voz forte e dura de Greco ecoou pelos meus ouvidos.
Abri a porta, sem entender o que ele poderia estar acontecendo. O que ele estava fazendo no lugar que eu moro? Ele não era um homem rico?
Observei, atônita, os homens de Greco arrastando o bêbado Phillip pelo corredor, enquanto ele resmungava coisa com coisa.
— Eu não posso salvar você todas as vezes. — Ele resmungou, me tirando do meu transe.
— Hãn? — Eu disse, a verdade é que meu cérebro não tinha processado tudo.
— Isso que você ouviu, eu não vou estar em todos os lugares para salvar você. — Ele me encarou, a cara fechada. — Se não me der ouvidos, talvez, algo de r**m tenha mesmo que acontecer com você.
Um click na minha cabeça fazia com que eu me perguntasse mais uma vez o que ele estava fazendo aqui quando não tinha motivo algum para isso.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, de súbito. — Está me espionando?
— Claro que não, você acha que eu não tenho muito mais o que fazer? — Perguntou.
Ele se virou, pegando a chave de dentro do bolso, girando a chave na fechadura e entrando no apartamento da frente. Encarei atônita, enquanto ele sumia da minha visão e me deixava sozinha no corredor.
Fechei a porta, l******o os meus lábios. Ele estava mesmo morando no mesmo prédio que eu? Isso é sério?