BLACKEW

1643 Words
- Quanto tempo essa garota leva pra se arrumar? Ela está aí desde hoje cedo! Matteo estava parado no convés esperando Rebecca, mas a resposta foi para ele esperar que ela estava terminando de se arrumar. Há sete minutos atrás. - Ela já deve estar chegando, sabe como são as mulheres... - Sei Alfredo, mas... Ele calou-se, pois sua voz sumiu completamente quando ele escancarou a boca. Rebecca acabara de chegar e estava...diferente. - O que foi, Vicenzo? - a garota perguntou. Como sua voz ainda não voltara do choque, foi Alfredo que respondeu: - É a surpresa, você está bem. Me dão licença, vou entrar. Ele entrou no navio, deixando Vicenzo e Rebecca sozinhos no convés. - Você, você...como você conseguiu ficar assim? Sua voz finalmente voltou. - Gostou? Rebecca estava vestida de pirata, mas muito diferente das roupas comuns. Ela calçava uma bota marrom de cano alto, que era tampada pela calça preta de barra dobrada. A camisa básica que Giovanna a usa continuava a mesma, só que ela colocou um colete vermelho sangue por cima (não gostara da ideia de ficar com aquela blusa toda solta) e estava com o colo e ombros de fora, pois a blusa lhe caia nos ombros, seus cabelos estavam soltos, somente presos com um lenço escuro amarrado como uma faixa, mas já que ele era muito maior que uma fita para cabelos, caia sobre seus ombros, ela também estava com um batom vermelho escuro e lápis nos olhos. - Realmente você sabe como se...disfarçar. - Eu sei – ela respondeu sorrindo - vamos? - As damas primeiro. - E Vicenzo, sinto muito pela demora... - Sem problema, já entendi o motivo. O caminho não foi muito longo, o pirata conhecia Tortuga muito bem. O único atraso foi Rebecca, que a cada momento precisava se livrar dos homens. Para não chegarem atrasados, o jeito foi Vicenzo pegá-la pela cintura para evitar contratempos. Chegaram na taberna que estava cheia de gente, bêbada na sua maioria, que tornava o ambiente desagradável, mas era bem cuidada, as mesas limpas, o local também e tinha pontos bastante iluminados, ficava na penumbra quem quisesse. Logo localizaram Blackew sentado em um canto mais afastado sozinho. Eles foram se aproximando e Rebecca podia sentir seu coração acelerando. Capitão Blackew era um homem de quarenta anos, barba e cabelos ralos, começando a ficar grisalhos. Usava um grande chapéu, casaco, sobretudo, calça e botas nos mais variados tons de preto com o objetivo de intimidar. Rebecca vacilou quando estavam muito próximos, Vicenzo teve de segurar-lhe mais forte pela cintura quando chegaram na mesa dele. - Capitão Vicenzo Matteo... Achei muito interessante seu convite. - Que bom. - Mas devo dizer que fiquei curioso pelo mesmo. - Não se preocupe, a curiosidade não irá durar muito. Blackew fez sinal para que eles se sentassem: - Não sabia que teríamos uma 'convidada'. Quem é você? - Deixe-me apresentar, essa é... Vicenzo olhou para Rebecca preocupado, não pensara em um nome e não queria dizer o seu verdadeiro. - Meu nome é Joanne Diggers – ela cortou Matteo. - Não preciso de maiores apresentações, mas não sabes como me sinto lisonjeada de conhecer o famoso Capitão Blackew. Ela terminou a frase num sorriso, Blackew levantou as sobrancelhas impressionado. Ela era uma pirata decidida e bela, mesmo desconhecida. Vicenzo estranhou essa mudança de personalidade, mas ficou feliz com os dons de atuação. - Hum...Senhorita Diggers, o prazer é meu de conhecer tão maravilhosa pirata. Mas, diga-me, por que nunca ouvi falar de você? Agora era ela que estava sem resposta, Matteo apressou-se em dizer. - Ela não é pirata há muito tempo...tirei-a de uma cidadezinha qualquer e desde então ela está conosco. - Ah, uma mulher a bordo? Interessante... Blackew olhou-a de uma forma medonha, notando isso Vicenzo complementou. - Sim...ela é, como podemos chamar... uma diversão privada. Em uma posição que Blackew não pudesse ver, Rebecca lançou a Vicenzo um olhar que dizia: "Eu te mato!". Mis em seguida apoiou-se nele, deitando-se e sorrindo, o que ele achou muito estranho, mas não reclamou. Ao mesmo tempo um homem de cabelos loiros e olhos verdes entrava na taberna. John não gostava muito daqueles lugares, estava quase indo embora, quando se virou e viu um rosto conhecido. "n******e ser! É somente uma impressão, não poderia ser ela..." Ele se aproximou de uma mesa onde estavam sentados dois homens e uma mulher, todos piratas. O pirata mais jovem estava conversando com o mais velho, e a jovem estava apoiada nele. - Rebecca... John sussurrou para si mesmo e parou surpreso. Como se ela tivesse adivinhado que estava sendo observada, virou para o lado e abriu os olhos e a boca "Johnny..?" ela pensou. Ele se dirigiu para a mesa deles e ficou parado de pé na frente dela. - Sim, rapaz – Vicenzo o cortou rapidamente - deseja algo? - Ela. Johnny apontou para Rebecca, no que Blackew riu: - Rapaz, não vê que ela está acompanhada? Por que não se diverte com algumas dessas moças? Ele apontou para o meio do bar, onde havia várias mulheres. Antes que houvesse resposta Rebecca disse: - Ele é um antigo amigo...Johnny que bom que nos reencontramos, não? Ele não estava entendendo nada, somente franziu as sobrancelhas. - Nós temos de nos falar! -se dirigindo aos piratas- Vocês não precisam mais de mim, certo? - Preferia que continuasse aqui, mas não sou eu quem decide. - Matteo, o que diz affetto? - Claro, vá conversar com Johnny... - Se me dão licença. E com um último sorriso ela se retirou da mesa e foi com Johnny para um canto afastado do local. - O que você esta fazendo aqui? - Calma, John... - Calma? Você sabe quem são eles? PIRATAS! - É claro que sei quem eles são! Acha que ando com quem não conheço? - Anda com quem não conhece? Pelo Amor De Deus! São malditos piratas! - Johnny, quer falar mais baixo? A taberna inteira não precisa ouvir! Ele a pegou pela mão e a levou até o outro lado do lugar, mais vazio, e a colocou junto à pilastra. - Rebecca, posso saber o que você faz em uma taberna de Tortuga, acompanhada por piratas? - ele a olhou de cima a baixo - E com esses trajes? Ele olhou na direção de Vicenzo e o viu olhando desconfiado para eles. - Espere um pouco...- ele arregalou os olhos - você não é uma...Uma... -O Quê? Johnny, NÃO! Por Deus, você sabe o que acho sobre piratas e todo o mundo deles! - Sei, por isso que não acredito que te vejo aqui, e assim! - Quer se acalmar? Se não, não posso me explicar! Ele respirou fundo e calou-se, olhando-a. - Muito bem então...Primeiro, o que você faz aqui? Ow, sim! Você me disse que vinha para Tortuga! Mas estão aqui há muito tempo, não? - O navio está em reparos, mas isso não explica... Ela o cortou bruscamente: - Eu fui raptada! - O QUÊ? - Fala baixo... Não precisa se exaltar! - Como não? E foi por ele -John apontou na direção de Matteo, que conversava com Blackew - por Vicenzo Matteo? - Você o conhece? - Como não conheceria? Ele é o famoso... Mas parou no meio da frase e virou na direção de Vicenzo com uma expressão de fúria no rosto. - Ele te raptou? Faz quanto tempo? - Atacaram a cidade no dia em que você foi embora, digo, partiu. Foi de noite. - Desde então você tem servido a esse comandante? - Na verdade, eu não sirvo ninguém! Não pense nada Johnny! O Vicenzo, digo, Capitão Matteo - acrescentou ao ver o olhar mortífero que Johnny lançou - não faz nada. Sequestraram-me enquanto corria para o forte, estou no Sereia Esmeralda desde então, mas todos tem a ordem de não se aproximarem de mim. Ela continuou: - Eu sei que minha opinião sobre piratas não é a melhor, mas em um navio pirata o que você queria que eu fizesse? Tenho que me calar, oras! Além do mais, eles não são tão ruins. Refiro-me a umas mínimas exceções, é que me surpreendi com essa nova opinião. E estou com essas roupas porque, o que mais usaria? Em um navio pirata, se tem roupa pirata. E estou aqui, pois o capitão me convidou para um passeio e eu não iria recusar para ficar sozinha no navio com a tripulação. Satisfeito? Ela não se sentiu bem por mentir ao Johnny, mas aquele não era o lugar para ela contar-lhe tudo, muito menos a hora. - Sim, só mais uma coisa...Por que você estava deitada nele? Em Matteo? A garota se sentiu corar, mas respondeu sem vacilar: - Nós ficamos amigos de certa forma, e bem...- agora não podia disfarçar suas bochechas vermelhas - eu estou de certa forma, é... Fingindo, SOMENTE FINGINDO CERTO? Ser... Bem, ser a amante dele. - O QUÊ? AMANTE? - Não grita! Não precisa anunciar a todos! - Mas por que amante? Não podia ser a namorada dele? - Johnny, por favor, piratas lá tem namoradas? Mas tudo bem...É como se eu fosse a namorada dele, dá no mesmo. E você está se esquecendo de algo, É Só Fingimento! - E por que isso? - Tente você andar por aí desse jeito sozinho para ver o que acontece! Johnny pensou e teve de concordar, mesmo não gostando da ideia. - Muito bem, tudo esclarecido agora? - Sim... - Ótimo - ela sorriu - agora podemos falar de você? - De mim? - É, desde que você partiu tudo que aconteceu comigo já está em seus conhecimentos, minha vez. - Certo...Pergunte. -Você veio para Tortuga e...? - O navio sofreu danos, paramos aqui para devidos detalhes e foi só. - Nossa, parece que minha vida é mais interessante, não?
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