- Quem era ele?
Rebecca e Matteo estavam de volta ao Sereia Esmeralda, em seu gabinete, conversando.
- O que ele disse?
- Primeiro me responda.
- O que foi?
- Quem era ele? O tal de Johnny...
Ela suspirou antes de continuar:
-Lembra que lhe disse que tinha um amigo? Que me deu a caixa e tudo o mais?
- Era ele? O Johnny?
- Ele mesmo.
- Ah...Sim, então.
Se fosse outra ocasião ela continuaria a discussão, mas estava mais interessada por outro assunto:
- O que ele disse?
- Sente-se.
Vicenzo puxou a cadeira da sua escrivaninha e posicionou-a de frente para sua cama. Rebecca foi hesitante, sabia que essa reação de era porque a conversa fora produtiva.
Ela se sentou na cadeira e o pirata na cama:
- A conversa foi...Interessante, podemos dizer.
Ela não falou nada, no que Vicenzo prosseguiu:
Muito bem, logo depois que você saiu, eu fui direto ao ponto.
- O que você quer, Matteo?
- Eu soube que você está em busca de um certo colar.
Os olhos de Blackew emitiram um brilho estranho:
- O que você sabe sobre ele?
- Somente que é bastante valioso. O motivo real da reunião é que eu creio que você sabe bastante sobre o colar...
-...E você quer que eu te conte.
- Isso mesmo.
-Diga-me, por que eu te contaria?
Vicenzo sorriu, se fizesse o jogo certo, saberia de tudo que queria.
- Por que eu posso te ajudar a achá-lo.
- Qual seu real interesse?
- Meu caro, se envolve tesouro eu sempre me interesso.
Houve uma pausa, em que Blackew pensava em suas opções.
- Muito bem... Este colar é de ouro, envolto por esmeraldas, como você deve saber. Também conhecido como Colar de Vênus. Ele é a chave de um portal secreto, onde se guarda os mais inimagináveis tesouros!
- Interessante...Continue. Onde fica esse local?
- Não sei.
- Como assim homem? Você procura por um tesouro que nem sabe se existe, baseado em uma lenda e nem ao menos sabe sua localização?
- Não se exalte Matteo, ou posso parar por aqui. O problema é que para se descobrir o paradeiro de tudo isso, não é tão simples assim!
Pelo que pude descobrir, esse mistério tinha muitos guardiões, cada um guardava uma pista para o local, que quando juntas, formariam o caminho até o X. Essas pistas foram guardadas em mais inimagináveis lugares, mas sempre se tem uma chave. Todas elas foram entregues à guardiã suprema, que morreu sem revelar onde estavam escondidas. Agora, estou na busca de quem pode tê-las consigo.
- E quem seria essa pessoa?
- Pelo que descobri, a guardiã tinha uma filha, que depois de sua morte mudou-se de cidade. Creio eu que ela está com as chaves e nem tem conta disso. Mas ainda estou em encalço dela.
- Tem alguma pista?
- Meus homens estão procurando qualquer informação.
- Nós fechamos o trato de que eu o ajudo na busca e dividiremos o tesouro meio a meio. Provavelmente ele pensa em me m***r antes, se bem o conheço - concluiu a história.
Vicenzo se calou e eles ficaram em silêncio por um bom tempo. Rebecca estava absorvendo as informações. Esse terrível capitão estava atrás dela para pegar as chaves e depois provavelmente matá-la.
- Como ele sabe da minha mãe? E ela era a Guardião Mestra?
- Ao que me parece, sim. E ele sabe que ela morreu, pois andou perguntando.
Vicenzo mentiu, imaginava outra coisa, imaginava sim que ele fora atrás de Lauren e a obrigá-la a dizer onde estavam as chaves, como ela se recusou ele a matou.
- Agora, Becca... Sobre este garoto...
- O John?
Vicenzo fez uma careta:
- Sim, o Johnny...Bem, o que você contou a ele?
- Como assim?
- Rebecca – ele a olhou profundamente - você lhe disse algo sobre... esse mistério?
- Não...
- Não?
- Não.
- Ótimo, não sei se ele é confiável...
- Como assim? Eu lhe disse! Conheço-o desde sempre!
- Sim, mais pelo que soube, ele partiu aos 14 anos em um navio mercante, não?
- Sim, mas...
- Mas nada! Veja...Você o conhecia muito bem, mais não se veem desde os 14 anos, ele pode ter mudado.
- Mas ele...
- Que seja! Só peço que você não fale nada até eu ter certeza de que ele é confiável, capisce?
Ela já estava um pouco irritada, como o pirata poderia suspeitar assim de Johnny?
- E como você vai ter essa certeza?
Ela disse rispidamente, no que Vicenzo respondeu:
- Vou sair para beber com ele.
- Você O QUÊ?
- Vou sair para beber com ele.
- Eu ouvi e entendi, não sou estúpida! Mas, beber?
- Sim... Ele entrou na taberna por um motivo não? Creio que foi para beber, mas caso tenha havido outros motivos...
Ele parou para ver o efeito que aquela frase fez. Ela havia aberto a boca, mas não dito nada, assim ele resolveu perseguir:
- Mesmo porque, se ele beber pode ficar... Mais 'solto', podemos dizer.
- Você que embebedá-lo?
- Nããão, deixar a verdade fluir melhor, seria o certo.
- Não acredito!
- Oras...Se eu souber bem quem ele é, por que não deixá-lo fazer parte da minha tripulação?
Os olhos azuis da Rebecca emitiram um leve brilho, que logo mudou para uma nada boa expressão:
- Você Quer Torná-lo Um Maldito Pirata?
- Ôoo, mais respeito, e sim, por que não?
- Por quê? Por quê?
- Sim, por quê?
- Porque ele não leva o menor talento para um miserável ladrão!
- Opa! Cuidado com as palavras! E acho que essa decisão é ele que deve tomar...
- Enquanto está bêbado?
- Claro que não!
Ela começou a mexer o pé impacientemente, no que Vicenzo achou que fosse o momento oportuno para acabar com essa conversa. Ele deu um falso bocejo e disse:
- Bem...Se não se importa, estou moído, por tanto boa noite. Queira retirar-se, sim?
Ela se colocou de pé:
- Sim, me importo! E não vou me retirar!
Vicenzo ficou um pouco surpreso com aquela reação.
-Sinto então, mas eu sou o capitão deste navio e estou mandando que você se retire agora.
Ele então a empurrou para a porta e a fechou em sua cara.
- Vicenzo! Vicenzo! Abra isso! Ahh..! Pro inferno!