AS VISÕES

1136 Words
Vicenzo e Rebecca estavam de volta ao Sereia Esmeralda, conversando no gabinete de Matteo. - Como assim no mar? Você leu esse mapa direito? - Claro que li! Acha que não sei ver um mapa? - Está bem! E agora? Fazemos o que? - Não sei. - Como não sabe? Você não é o famoso Capitão Vicenzo Matteo? - Sinto muito, mais mistérios milenares não são muito a minha especialidade! Agora, já é de madrugada, daqui a pouco amanhece. É melhor você ir dormir. Amanhã continuaremos. - Mas... - Becca, boa noite. - Boa noite, Vicenzo. Ela estava de volta ao dormitório. Giovanna já estava dormindo, então colocou sua veste da noite e se deitou. Foi muito fácil dormir, mesmo com todos os acontecimentos, já estava muito tarde, e ela estava exausta. Isso não lhe impediu de sonhar. Teve um sonho conturbado. Ela ouvia gritos, via fogo, várias emoções que se confundiam, o medo que ela sentira, sendo levada para por uma sereia ao fundo do mar que brilhava na cor verde. Acordou em um sobressalto. Não acreditava no sonho que acabara de ter, ou melhor, que acabara de rever! Agora ela entendeu, ela sabia que iria ser levada o Sereia Esmeralda, mas como? Como era possível que ela soubesse? Não, isso tinha que ter haver com o colar e todo esse mistério! Vicenzo deveria saber disso imediatamente! Ela levantou-se e abriu a porta, não se lembrou de calçar algo ou vestir um xale, só saiu correndo para o gabinete de Matteo. Ela nem bateu na porta, entrou com tudo na sala e se dirigiu para a cama de Vicenzo, que dormia profundamente: - Vicenzo, Vicenzo, acorda! Acorda! - O amaldiçoo por respirar! Quem pensa que é para me acordar? Ele arregalou os olhos quando viu que se atrevia a acordá-lo: - Rebecca? O que quer a esta hora da madrugada? Olhou-a de cima abaixo: - E vestida assim? - Tenho algo importantíssimo para lhe contar! Vicenzo sentou-se na cama, ainda um pouco sonolento, não sabia o que poderia ser tão importante para acordá-lo à essa hora. -E o que é? Ela contou-lhe tudo. O sonho que tivera antes de ser capturada, o sonho de hoje, relembrando tudo e a conclusão, ela tinha visões do futuro. - Há uma noite atrás diria que você é louca, mas depois de tudo isso...Desde quando você tem essas visões? - Essa foi a única, não sei por que começou, ou porque me lembrei dela durante o sono. Dormia até hoje normalmente e nada havia me acontecido! - Calma, deve haver uma razão lógica. - Lógica? Você chama isso tudo de lógico? - Tem razão... Mas, mesmo assim, deve ter uma explicação! - Eu sei, porém qual? Rebecca já estava ficando nervosa, era tudo demais para ela! Agora estava com sonhos sobre futuro? Certamente estava ficando louca! - O colar... – Vicenzo respondeu vagamente, mas rapidamente mudou de assunto - vamos fazer o seguinte. Vá dormir, avise-me se tiver novas visões, depois vamos observar em que circunstâncias elas ocorrem, certo? -Ótimo então, boa noite. Ela bateu na porta ao passar, como Matteo poderia tratar disso com tanta...Tanta...Ou melhor, sem nenhuma expectativa? Quer dizer, ela é quem estava tendo as visões, ou não era? Ela que parecia estar louca, que descobriu que sua mãe, com quem pouco estivera, guardava um perigoso mistério, ela que haveria de sacrificar sua vida para descobrir tudo, e ele a mandava dormir e observar? Ainda estava amanhecendo e como não teria mais nada para fazer resolveu dormir, quem sabe assim teria respostas? Foi o que ela conseguiu, de certa forma. Rebecca teve um outro sonho: Ela se dirigia a caixa no gabinete de Vicenzo, a abria, dentro se encontrava o colar de ouro com esmeraldas. Ela o colocava no pescoço, e dormia com o amanhecer, teve imagens no sonho, teve as visões. Novamente acordou sobressaltada. Seu coração batia forte. Se o que acabara de sonhar era verdade, ela teria as visões durante o amanhecer, usando o colar. Ela olhou pela janela, o sol já estava alto e Giovanna já havia saído. Ela se trocou sem pressa e saiu do dormitório. O corredor estava vazio, mas ela podia ouvir algumas vozes saindo pelas portas. Ela olhou para o fim do corredor, para o gabinete de Vicenzo. Não conseguia ouvir nada, ou ele tinha saído, ou estava dormindo. Os pensamentos de ontem cortavam sua mente. Ainda estava brava com o pirata por tratar com tanto descaso suas preocupações, mas de certa forma ele estava certo, foi dormindo que ela chegou à solução. Mesmo assim, ainda estava aborrecida, não iria procurá-lo para dizer nada. Ele que venha atrás dela. Subiu as escadas e saiu para um forte sol caribenho. Olhou em volta, haviam alguns piratas espalhados, inclusive Alfredo. - Bom dia, Rebecca. - Bom dia, pode me chamar de Becca. - Aproveitou o dia ontem? - É... Podemos dizer que ele foi incomum. - Que bom que você e o capitão se entenderam. - O quê? - Pelo que soube, passaram o dia juntos ontem. - Nós passeamos pela cidade, somente. - Vindo de você eu acredito. - Ótimo, ainda bem que você não é cético, como uma pessoa que eu conheço... Alfredo soltou uma gargalhada: - Você ainda vai se entender com Giovanna, vai ver... - Mudando de assunto, por curiosidade, onde o Vicenzo está? - Já o chama de Vicenzo? - É mais rápido do que Capitão Vicenzo Matteo. - Hum...Não tenho certeza, acho que ainda está em sua cabine. Neste instante da conversa um pirata se dirige a Alfredo: - Onde está o capitão? - Em sua cabine. Rebecca viu o marinheiro se afastar rapidamente. - Apresado ele, não? - Curiosa você, não? Sem tempo de responder, o mesmo homem que passou perguntando por Matteo chama Rebecca: - O capitão a espera em seu gabinete. E se afastou. Ela lançou um último olhar a Alfredo antes de entrar no interior do navio. - Desejava falar comigo? - d****o. Vicenzo estava sentado atrás de sua escrivaninha com uma expressão séria. - Achamos o Blackew. Ele está se dirigindo para Tortuga. - Tortuga? Esse nome lhe lembrava algo, mas não sabia o que era. - Então vamos para lá! - Já providenciei, estão chamando os homens, partiremos assim que possível. - Ótimo então, se me permite, vou para a minha cabine. - E Becca... Ela se virou para olhá-lo. - Nada. Pode ir. Mandarei avisá-la quando estivermos perto. Sem mais uma palavra ela se virou, fechando a porta atrás de si. Matteo estranhou seu jeito, estava fria, parecia que os últimos dias não tinham acontecido. "Foram muitos acontecimentos para ela", pensou. "Também estaria assim se descobrisse tanta coisa!" Rebecca estava muito inquieta em seu quarto. Iria finalmente falar com Blackew, ele conhecia o colar, provavelmente sabia muitas coisas.
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