NOVAS CONVERSAS

1336 Words
Rebecca estava conversando com Alfredo ao leme. -Ele não está demorando? Afinal, o que ele quer falar com o John? -Não...-ele olhou para o deck. - Mas você mesma pode perguntar para ele. Ela se virou na direção do olhar de Alfredo. Vicenzo acabara de chegar no navio, e com... -Johnny? Ela falou baixinho para si mesma e correu na direção deles enquanto gritava: -John! Ele se virou para ela sorrindo. -Olá, Becca... -O que faz aqui? - Depois se virou para Vicenzo. - O que ele faz aqui? Matteo sorriu e chamou a atenção de todos elevando a voz: -Todos, atenção! Este é Johnny, nosso novo 'companheiro de viagens'. -Aye! Todos disseram em resposta, menos uma pessoa. -O QUÊ? -Vamos ao meu gabinete. Matteo rapidamente disse segurando o braço de Rebecca e a indo até seus aposentos. Johnny ia seguindo atrás. -Como assim, 'Companheiro de Viagens'? -Becca, acalme-se! Sente-se. Jack puxou a cadeira mas ela não se moveu. -Me expliquem isso agora. Ela falou sublinhando as palavras ao falar. Seus olhos brilharam quando cruzou os braços e sentou-se na cadeira, mexendo o pé para um lado e para o outro. Johnny sabia que quando ela fazia isso era melhor ter muito cuidado. -Becca... -ela continuou movendo o pé- eu não estava muito bem no Madlook e Matteo me ofereceu... -Ofereceu? Matteo ofereceu? VICENZO, VOLTE AQUI NESTE INSTANTE! Ele estava com a mão na maçaneta, tentando sair sem ser notado. Não estava com v*****e de receber a fúria da garota. -Onde você pensa que vai? -Anh... ao banheiro. -Pode esperar! Diga-me, como uma conversa pode se transformar em oferta de emprego? Sim, porque você o transformou em um pirata! -E isso é tão r**m por um acaso? -Johnny não se segurou. Você me diz que foi raptada por eles, ficou amiga e agora fica em um próprio cruzeiro no Sereia Esmeralda, o mais temível navio pirata! Quer dizer, você não sabia como era minha vida antes, saí em busca de dinheiro e não consegui muito, agora o Vicenzo me ofereceu uma ótima oportunidade e não a deixei passar. Rebecca havia parado de mexer o pé e estava com a boca aberta. Ele nunca falara assim com ela, e o pior é que de certa forma estava certo. Vicenzo se surpreendeu com aquele silêncio incomum da jovem, deveria aprender como conseguir esse feito para quando fosse o momento oportuno. -Muito bem então. Seja um pirata. Ela finalmente respondeu. Seu olhar estava um pouco triste e sua voz fria. Ela se levantou e saiu sem dizer mais nada. Nem bateu a porta e foi direto para o quarto. Johnny olhou para a vidraça que havia ali, já era noite. -É melhor você conhecer o navio, venha. O capitão o guiou pelos corredores apresentando tudo: -Essas portas são os quartos, essa última leva à cozinha, veja. Ele abriu a última porta antes da escada, que descia para uma nova escada levando ao refeitório. -Essa porta a frente leva ao calabouço, no deck você já sabe onde fica, volte um pouco. Elas voltaram três portas no corredor e Vicenzo parou. -Você vai dormir aqui. Dividirá o quarto com Alfredo, ele é o primeiro imediato, portanto, de confiança. Arrume-se e vá dormir, foi um longo dia. Vicenzo virou-se e trancou-se em seu gabinete, deixando Johnny sozinho. Ele abriu a porta e entrou no quarto. Estava fracamente iluminado com uma vela, mas era o suficiente para ter-se uma visão completa do aposento. Ele tinha duas camas e uma cabeceira para cada. Havia também dois baús ao pé das camas. Johnny abriu sua maleta e começou a tirar as coisas de dentro, quando ouviu a porta se abrir atrás dele. -Quem é? Johnny se virou rapidamente e abriu a boca para falar mas aquele homem o interrompeu: -Johnny não? Eu estava com a Rebecca quando você chegou e ouvi ela berrando. Eu sou o Alfredo, sou o primeiro... -Imediato. Sim, Matteo falou. É...Bem, nós teremos de dividir o quarto. -Sem problemas...Vou deixar você terminar de se arrumar. O capitão já lhe mostrou tudo, eu presumo. -Sim, já. -Qualquer coisa que precisar... -Eu pergunto. Alfredo saiu do quarto, deixando Johnny novamente sozinho. Ele terminou de tirar as coisas de sua mala. Colou as roupas no baú e seus pertences na mesa. Trocou-se e deitou nas cobertas. Não estava muito cansado e ficou pensando nos últimos acontecimentos. Saiu do Madlook e provavelmente nunca mais o voltaria a ver. Não sentia por isso. Ele não gostava muito de lá, nos primeiros anos tudo estava calmo, mas com o tempo tornou-se quase insuportável. A cobiça do capitão por dinheiro, sua pouca idade que o fazia ser sempre o último, ganhava muito pouco mesmo trabalhando muito e era obrigado a cuidar do navio. Agora ele estava no Sereia Escarlate, em um dia várias coisas mudaram. Tornou-se pirata e pela primeira vez, brigara com a Rebecca. Ele não sabia porque o motivo, não conseguira se controlar. Esse foi o último pensamento que teve, antes de tudo escurecer. Johnny acordou e olhou em a se lembrar de onde estava. Ele ouviu um ronco ao seu lado e se virou. Alfredo estava deitado na cama ao seu lado, o rapaz não se lembrava de tê-lo visto entrar no quarto. -Devia estar mais cansado do que imaginava. Johnny trocou-se silenciosamente e saiu do quarto, deixando Alfredo e seus roncos sozinhos. Ele olhou para os lados no corredor, estava tudo silencioso, provavelmente todos ainda estariam dormindo. "Quão cedo eu acordei?" perguntou para si mesmo enquanto subia as escadas que davam para o convés. O sol estava forte e o céu azul, com poucas nuvens brancas. Ele foi andando até que seu olhar viu a sua frente uma jovem de cabelos escuros olhando as ondas baterem no casco do navio. Silenciosamente ele foi em sua direção, parando alguns metros atrás. -Becca? Ela se virou para ele. -Ah, oi John. -Posso? -Claro... Ele andou a distância que os separava e se posicionou a seu lado. Ela mantinha os olhos no horizonte. Johnny resolveu falar algo, o silêncio entre eles estava tenso, coisa que nunca aconteceu em todos esses anos. -Você acordou cedo...Pelo que me lembre, quando éramos crianças você sempre ficava mais na cama. -Isso nunca mudou. Só que hoje eu...Madruguei. Eles voltaram ao silêncio, ela não movera seus olhos do mar e Johnny a olhava preocupado. Depois disso demorou alguns minutos até que alguém falasse. -Sobre ontem... -Não -ela o interrompeu.- A culpa foi minha. Eu não deveria ter ficado tão brava em r*****o a isso. Afinal, a vida é sua. -Becca...Você sabe muito bem que a sua opinião conta! -Sei, mas...Isso não o impediu de vir para cá, não é? Estranhamente ela não estava discutindo, na realidade, nem alterara a sua voz. Ela a mantinha leve e calma. -Você tem que entender...No Madlook as coisas não estavam boas, eu não conseguia dinheiro e você sabe que esse foi o motivo para eu entrar na vida do mar. -Não é...É que...-ela suspirou. - John, você sabe qual o real motivo. -Piratas não é...? -Isso mesmo. Não sou grata a eles por acabarem com a minha família, ficar sozinha no mundo aos seis anos de idade não é fácil... -Você nunca ficou sozinha de verdade. Sempre teve e mim, e a Madame Darion. -Eu sei... -Agora, por que você está nesse navio? Eles não te obrigam, obrigam? -Não, estou aqui por opção. -E por que isso? -É que...Algo aconteceu. -O quê? O que é essa coisa que você n******e me contar? -Por mim eu contaria, mais o Vicenzo... Se bem que, se ele te trouxe para cá é porque confiou em você. Mas não sei, teremos de falar com ele. -Você realmente quer a aprovação de um pirata? -O Vicenzo é diferente... -Como assim? Está apaixonada por ele por acaso? -Ah, claro que não! Johnny, por favor. Poupe-me. -Então por que ele que deve decidir as coisas? -Por que sim, oras! Simplesmente, espere-o acordar que eu vejo, certo? -Se você insiste... -Insisto. -Certo, então.
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