04 | A L A N A

1178 Words
As batidas do meu coração estavam tão desenfreadas que fiquei com a impressão que todos ali dentro do carro estavam ouvindo o quão desesperada estava me sentindo. Uma voz na minha cabeça gritava para eu abrir as portas do veículo, me jogar na estrada e sair correndo, mas não conseguia mover nem meu dedo mindinho, imagina ter forças para arriscar a minha vida. Talvez, ficar quieta seja o meu maior erro e amanhã, estarei aparecendo no Cidade Alerta como uma notícia fatídica de uma adolescente que foi morta por um Uber. Andrezza tinha lágrimas nos olhos assim como eu quando o carro estacionou na frente da entrada da favela e a esperança de sobreviver brotou novamente no meu peito. Saímos do carro com pressa ao mesmo tempo que parecia que as três estavam aprendendo a andar de tanto que temíamos que algo pior acontecesse. — Daqui pra frente, as duas terão que pegar algum mototáxi ou chamar alguém aí de dentro que faça essa deslocação — Reinaldo explicou olhando pra mim e Andrezza antes de voltar sua atenção para a Juliana. Pude ouvi-los combinando de irem ao motel com a condição dele trazê-la de volta para esta favela ao amanhecer e aquilo me causou um sentimento de repulsa gigantesco. Só gostaria de ter como avisar a Ana para não ter que ver a minha amiga se sujeitando a t*****r novamente com alguém que não quer. Retiramos toda a bagagem do automóvel o mais rápido que conseguimos, amontoamos tudo na calçada e por medo, agradeci ao motorista do Uber como se ele fosse um anjo, mas eu o considerava um monstro por se aproveitar da fragilidade das garotas em um momento r**m. Um pouco mais à nossa frente, havia vários caras que pareciam ser barra pesada com armas nas mãos e nas costas e a tremedeira dos pés à cabeça aumentou rapidamente. Levou cerca de um minuto para sermos notadas por eles e não demorou muito para um cara preto com a barba por fazer, alto, todo tatuado e musculoso veio andando em direção ao lugar onde estávamos paradas. — Acho que vocês precisam saber de um detalhe muito importante antes de procurarmos pela minha irmã — sussurrei somente para as duas ouvirem. — Nada pode ser pior do que eu ter chupado um coroa, amiga. — Andrezza faz uma careta. — Aquilo foi nojento. Automaticamente, a cena dela se masturbando veio na minha mente e eu só queria apagar tudo que aconteceu hoje da minha memória. — Vamos, pretinha? — Reinaldo chama por Juliana e ela respira fundo. — Já fiz a minha parte de deixar suas amigas onde você pediu. Agora, é a sua vez de pagar a sua parte do nosso trato. — Que trato, gordinho? — O cara chega perto do motorista, o encarando como se quisesse entender o que três meninas faziam com um homem tão mais velho que elas. O melhor é que ele não estava sozinho, tinha quatro caras armados atrás dele. — Nada demais — o motorista gaguejou na hora de responder. — Só dei uma carona para as amigas da minha namorada como ela pediu e estamos indo embora. — Você namora com esse velho? — ele direcionou sua atenção à Juliana como se estivesse duvidando das boas intenções do Reinaldo e se aproximou dela. — Ah, desculpa a falta de educação, o meu nome é Deco. — Estendeu uma das mãos para a minha amiga e ela apertou. — Por que você tá tremendo? — É a primeira vez que falo com um traficante. — A coitada soltou uma gargalhada nervosa e graças a Deus, o bandido era bem-humorado e riu junto. — Relaxa, não machuco ninguém sem uma boa razão e nem obrigo nenhuma mulher a t*****r comigo como certos cuzões por aí. — Seu olhar foi direto para o motorista do Uber que estremeceu. — Eu te dou dez segundos para você entrar no seu carro e nunca mais pisar na minha favela se não quiser morrer — ameaçou e nunca vi um quase idoso correr tão rápido quanto o aquele senhor para dentro do automóvel. — Meu Deus, obrigada. — Eu o abracei e ele pareceu travar com a minha atitude. — Não sei como te agradecer. — Vocês não são daqui, né? — Desculpa, ela é da roça e tá acostumada abraçar até cavalo. — Juliana me puxou para perto dela e me olhou com raiva. — E o que as roceiras fazem por aqui? — Deco indagou diretamente pra mim e eu olhei com receio para as minhas amigas antes de responder. — Resumindo: nos metemos em uma enrascada e viemos pedir ajuda da minha irmã mais velha, ela se chama Ana Paula e é casada com o chefe dos traficantes? Desculpa, não sei como se chama. Juliana e Andrezza pareciam mais surpresas com essa informação do que com o fato de terem sido roubadas pelos seu José e que elas foram praticamente molestadas por um velho do Uber. — Pode me chamar de o dono da p***a toda. — Um outro cara apareceu ao lado do Deco e esse era branco, mais magro, cabelo verde e lotado de tatuagens pelo corpo. — Eu sou o Relíquia. Reconheci o apelido pelo que a minha irmã falou dele e sorri sem graça. — Oi, sou a irmã da Anna. — Quase não acreditei quando me avisaram que a irmãzinha da desgraçada que me roubou e fugiu estava no meu morro. — Sua risada maléfica chegou aos meus ouvidos e imaginei meus pais recebendo a notícia que a filha mais nova foi encontrada em alguma zona com mata fechada. — Ela fez o quê? — Dei alguns passos para trás, pensando em mil e uma maneiras de como poderia fugir da sua fúria. — Eu juro que não sabia disso, faz muito tempo que não falo com a Ana e da última vez, ela parecia apaixonada por você. — Relaxa. — Ele cruzou os braços sobre o peitoral. — Não precisa ter medo, Alana. Seu nome é Alana, não é? — Uhum — murmurei, sentindo que iria morrer a qualquer momento, se não fosse pelo tiro de um bandido, seria de infarto. — Não vou te m***r, o meu problema é com a v*******a da tua irmã. Com você, só quero conversar civilizadamente e seja lá qual o teu problema, posso te ajudar, mas é aquilo de uma mão lava a outra, né? — Se não tiver nada relacionado a s**o, topamos qualquer coisa! — Juliana afirmou no meu lugar e eu assenti. — Aquele gordinho do Uber obrigou vocês a transarem com ele? — Deco questionou, observando a reação das três. — A Juliana fez o pacote completo, eu só chupei e a Alana não fez nada, continua virgem como Maria. — Andrezza expôs e por um segundo, o olhar interessado do Relíquia caiu sobre o meu corpo. Por que homens são tão fascinados por um hímen? Às vezes, até penso em vender a minha virgindade, entretanto, não sei se teria coragem de me vender.
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