— Se você quer me m***r, Relíquia, não era mais fácil o bandidão aí colocar veneno na minha comida do que me entregar para um criminoso acusado de cometer várias atrocidades nesse estado? — Alana indagou ao entrar na cozinha, onde eu estava preparando miojo para eu comer depois de um dia cansativo, e olhei para trás para encará-la, encontrando a garota vestida com um pijama curto demais para quem está morando de favor na casa de um homem solteiro de 36 anos e eu, como bom escravocrata que sou, demorei para conseguir desviar meu olhar do seu corpo.
Sabia que se eu me envolvesse com alguém muito mais nova que eu, daria problemas que não estou muito afim de lidar só para ter a honra de tirar um cabaço de uma menina inocente da roça, só que p**a m***a que garota gostosa do c*****o e tá cada vez mais difícil de resistir a tentação de dar em cima dela.
Quando o d***o não vem, manda uma menina de dezessete anos para me atentar a pecar contra as minhas próprias promessas.
Não que eu não cometa pecados que vão contra à Bíblia todos os dias, seja matando, roubando ou torturando alguém, mas sempre evitei ficar com meninas da idade que a Fabíola tinha quando foi assassinada, porque o que eu e a minha mãe passamos com seu corpo desaparecido durante meses e sequer chegamos a conseguir a oferecer um enterro decente como ela merecia é algo que não desejo para nenhuma família.
Pelo menos não para uma família que tenha uma filha inocente que nunca fez nada de m*l para ninguém, porque não vou importar de causar a mesma dor aos pais da Alana, mas usando a sua irmã mais velha e não ela.
— Olha pro meu rosto, Relíquia, é ele que tá mostrando o quanto tô chateada e não as minhas coxas.
Suspirei fundo, forçando meu olhar para cima e a encarei rindo da sua feição indignada.
— Depois de quase um dia sem falar nada comigo, você vem agindo como uma surtada?
— Quer que eu fale mansinho depois de ouvir que você quer cortar a minha orelha para mandar um recado pra Ana? — Ela tampou suas orelhas como se tivesse as protegendo de mim.
— É só um pedacinho, garota. Você ainda vai escutar normalmente.
— Isso é doentio! Sério, que tipo de proposta sem sentido é essa?
— Então, pode ser um dedo da mão ou do pé. Ninguém precisa de dez dedos no pé, né? O Lula só tem nove nas mãos e virou presidente do Brasil.
— Hoje em dia, para ser presidente do nosso país não precisa nem ter cérebro, mas eu sou apenas uma universitária que necessita de todos os membros inteiros sem ser cortada para você conseguir ter sua vingança.
Alana parecia realmente enfurecida com a minha proposta, porém eu também estava me sentindo irado com a sua recusa, já que ela era uma das melhores apostas que tinha contra a Ana sem ter chances de alguém m***r mais um m****o da minha família para me atingir e me vi obrigado a ser mais duro ou provavelmente, ela não ia compreender qual é a nossa situação.
— Acho que a mocinha da roça tá me confundindo com algum tipo de bom samaritano, mas deixa eu te lembrar que desde que você pisou nessa favela, só te deixei ficar aqui, porque preciso da tua ajuda. — Apontei a faca que estava na minha mão na sua direção e ela engoliu em seco, descendo suas mãos, deixando-as estendidas ao lado do seu corpo trêmulo e sentou em uma cadeira em frente da mesa como se precisasse de um lugar para se fixar para não correr o risco de cair.
— Mas é a minha orelha! — Choramingou, me fazendo revirar os olhos com o drama.
— Ainda tô sendo legal contigo e te dando a escolha de aceitar ou não, mas já que a resposta é não, você e suas amigas não vão ter onde morar. Não sei se você já sabe, mas o Deco contou que os pais da Juliana não mandaram o dinheiro que prometeram e tanto você como a Andrezza não tem muita grana sobrando, afinal, foram burras e pagaram não sei quantos meses de aluguel adiantados por um lugar que não existe.
— Você é um escroto, Relíquia — murmurou, abaixando sua cabeça. — Ontem, ainda estava me perguntando o porquê a minha irmã teria te trocado e bom, já sei a resposta.
— Respeito a sua opinião sobre mim, mas não esqueça que pelo menos não tô te estuprando e te oferecendo pra outros dezessete caras como o atual marido da v*******a da sua irmã fez com a Fabíola!
Alana enrijece, enquanto lentamente levanta seu olhar pra mim e seus olhos estavam lacrimejando, o que me deixou com um sentimento de culpa, entretanto, não tinha como fazer a menina entender como as coisas funcionavam se eu não fosse mais c***l nas minhas palavras.
Ela é uma garota da roça e deve achar que todo mundo é gentil e legal sem esperar nada em troca, mas se nem o Uber que elas pagaram pela maldita corrida quis ajudar sem comer as duas amigas dela, imagina eu que não tô comendo ninguém.
— Desculpa, não deveria ter te comparado com ele — Alana pediu depois de alguns segundos em silêncio.
— Tanto faz. No dia que a opinião de uma pirralha for importante pra mim, pode me internar, porque fiquei doido.
Voltei o meu olhar para o fogão, notando que deixei o miojo passar do ponto por causa da minha discussão com a Alana e bufei.
Peguei um prato do armário, me servi e comecei a comer no balcão sem olhar para a garota que estava atrás de mim, contudo, ela ficou fazendo uns barulhos esquisitos e suspirando profundamente como se quisesse chamar minha atenção, o que foi me deixando furioso, pois gosto de comer em paz.
— Tu quer p**a na boca pra parar com essa m***a? — indaguei, zangado, virando meu corpo para olhar a pessoa mais dramática e chata que conheci na minha vida, a encontrando forçando um choro falso. — Eu não vou cair nesse teu teatrinho barato, Alana. Pra mim, mulher que fica chorando pra tentar conseguir o que quer com chantagem emocional, merece é levar uma surra de piroca na b****a.
— Com tanto p*u no mundo, eu vou querer logo um que é do tempo do Balão Mágico? — Ela, finalmente, parou de fingir que estava triste e levantou-se para pegar algo na geladeira.
— Panela velha é que faz comida boa, morena — impliquei com um sorriso malicioso.
— Me poupe, múmia do morro! — rebateu, fazendo cara de nojo.
Dei as costas novamente pra ela pra não rir na sua frente, mas achei engraçado sua resposta.