09 | A L A N A

1167 Words
Estou há quatro dias na casa do Relíquia e é como se eu estivesse há um mês de tanto que estou me sentindo pressionada a aceitar sua proposta insana de ser isca para ele ter seu filho de volta em segurança. Eu m*l consegui dormir nas últimas duas noites e tenho me sentido à beira de um ataque nervoso. Conversei com os meus pais todos os dias por vídeo chamada e mensagens a pedido do meu próprio meu ex-cunhado para que eles não se preocupassem e achassem que estou desaparecida, porque eu ainda estava em estado de choque e negação com tudo que aconteceu em tão pouco tempo. Infelizmente, tive que mentir que tudo deu certo e eu tenho onde morar durante todo o semestre na faculdade e eles ficaram extremamente aliviados e felizes com a minha conquista de um novo lugar antes mesmo das aulas começarem. Todos os dias, eu conferia meu saldo na minha conta corrente, porque os R$213,17 era tudo que eu tinha e fiquei levemente traumatizada por ter sido enganada pelo seu José e agora, morro de medo de alguém roubar meu dinheiro sem eu perceber. Já basta que tinham descontado o valor da corrida do Uber até o lugar da construção inacabada e depois a corrida até o morro, porque a burra aqui esqueceu que tinha escolhido pagar on-line e jurava que pelo menos ainda tinha os R$350,00 inteiro, mas me ferrei e por motivos óbvios, não tenho coragem de pedir a parte que caberia às minhas amigas; elas transaram com um homem mais velho para me proteger e garantir nossa segurança, ter perdido alguns reais não é nada se comparado ao que poderia ter acontecido com o meu corpo. Quem se saiu bem nessa foi aquele tal de Reinaldo que teve uma corrida cara no Uber e ainda ficou com duas meninas que têm idade para ser filha dele. — Trouxe comida pra você. — A reencarnação do demônio entra no quarto que estava com a porta aberta com duas sacolas de papel em suas mãos, chega próximo a mim com um sorriso divertido no rosto e me entrega uma das sacolas. — Não sei se na sua cidade tinha Burguer King, mas juro que é bom. — Não tinha. — Dei uma risadinha, sentando-me na cama e ele fez o mesmo. — Injusto, né? Pegarem as vacas da roça, matarem e não deixarem os roceiros comerem o hambúrguer. — Ai, Relíquia, não é hora pra lembrar que vou tá comendo um animal morto. — Oxe, a cadeia alimentar funciona assim, pô. Não te ensinaram isso na escola? — Ele ironizou enquanto abria a sacola do lanche e retirava um sanduíche de dentro. — Qual faculdade você passou mesmo? Deve ser bem essas que se a gente passar pela frente, já tá matriculado, né? — Não que seja da sua conta, mas foi em uma federal e o fato de me sentir m*l por comer carne não é falta de inteligência. Talvez você não saiba, mas existem pessoas que não se preocupam somente com o seu próprio umbigo. — Como eu? É isso que você quer dizer? — Qual a probabilidade de levar um tiro na testa se responder sim? — 100%. — Então, não, não estou falando de você. [...] Devorei os dois sanduíches, o refrigerante e as batatas fritas em questão de minutos devido à fome que estava sentindo por ter me negado a comer o dia inteiro para ver se o Relíquia tinha piedade de mim e desistia dessa ideia maluca de arrancar a minha orelha. — Você não levou a sério quando disse que era pra colocar veneno na minha comida, certo? — brinquei, percebendo que seu olhar estava fixado nas minhas coxas outra vez. — Não tenho veneno pra p*****a, só pra rato — provocou-me rindo como se tivéssemos i********e para zombar um com o outro, mas sabia que não podia reclamar, porque eu fui a primeira a chamá-lo de múmia do morro. — Deveria largar a vida bandida para se tornar comediante, Relíquia. Tenho certeza que se daria bem melhor. — Você sempre se veste assim ou é só pra me provocar? — Ele indagou sem delongas, encarando meu rosto que devia estar nitidamente corado. — Isso foi de zero a cem muito rápido. — Coloquei as mechas do meu cabelo atrás da minha orelha, tentando disfarçar o quanto fiquei constrangida com o seu questionamento repentino. — É que acho que tu tá indo por um caminho meio errado, Alana. Entendo teu desespero depois de ouvir a minha proposta, mas não esquece que sou homem e, se algum dia, eu tiver na seca e você ficar se oferecendo, não vou me negar em te comer não. — Seria tão r**m assim ficar comigo? — Mordi meu lábio inferior, tentando o ser sexy e o i****a caiu na gargalhada. — Olha, mesmo que eu estivesse muito chapado, não ficaria contigo. Você não faz meu tipo de mulher… É uma menina ainda. — Relíquia pegou um guardanapo, o trouxe até o canto da minha boca e começou a esfregar com cuidado. — Se as suas amigas disseram que você vai conseguir algo comigo somente dando sua b****a pra mim, tira essa ideia da sua cabeça, porque s**o eu tenho a hora que quiser e com putas que sabem como me satisfazer, coisa que, provavelmente, uma menina virgem não saberia. — Não estou tentando te seduzir, é só um pijama normal — menti descaradamente e levantei-me do colchão imediatamente em direção ao banheiro para limpar a minha boca sozinha. Não deveria ter seguido o plano da Juliana e da Andrezza de fazer ele se apaixonar por mim para desistir de tentar me usar como moeda de troca. Agora, passei vergonha sendo rejeitada por um traficante que pinta o cabelo de verde e nem é tão bonito assim. Que ódio de mim por não saber como agir na frente de um homem. Tenho certeza que a Juliana teria conseguido ir para a cama com o Relíquia em um piscar de olhos. — Quando suas aulas começam? — Relíquia surgiu no banheiro. — Daqui a três semanas. Por quê? — Porque é o teu prazo pra escolher se vai me ajudar ou não. Se a resposta for negativa, você não vai mais poder ficar na minha ou no meu morro. — Relíquia, eu… — Não é uma discussão, Alana. — Ele me cortou e me olhou como se estivesse me estudando. — Você realmente não se importa se eu acabar sendo estuprada e morta pelo Cordilheira? — Pelo amor do bom senso, não tô te ajudando e sendo legal à toa, você é só um recurso que eu posso usar para pegar o que é meu de direito. — Sua voz soou mais dura do que costumava ser e eu tive que conter a minha vontade de chorar. Mesmo quando não tenho nenhum tipo de laço afetivo com ele, não deixo de me sentir m*l por ser tratada com frieza.
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