06 | R E L Í Q U I A

1237 Words
A Alana parecia ser uma boa pessoa ao contrário da irmã dela e não consegui ver más intenções na sua vinda até o meu morro, mas não vou colocar a minha mão no fogo por ninguém, porque já quebrei muito a cara com a minha ex-mulher e não vou me dar ao luxo de acreditar em qualquer rostinho bonito mais uma vez. O tempo dirá se a impressão foi verdadeira ou falsa. O fato era que eu sabia que mais cedo ou mais tarde alguém da família da Ana iria dar falta dela e viria atrás para saber notícias, só não esperava que fosse tão rápido e por outra razão. Particularmente, vou entender que é o destino colaborando para eu poder me vingar daquela v*******a e ter o que é meu de volta. Deixei todos os meus homens informados sobre quem eram os parentes da pilantra que me roubou, porque, hoje em dia, as pessoas são facilmente encontradas pelas redes sociais e apesar da Alana costumar ser mais discreta, dei sorte com a mãe dela que posta tudo no f*******: e ainda em modo público, então tinha fotos e todos os dados mais importantes dela pra repassar aos caras que trabalham pra mim e qualquer sinal da garota em uma das minhas favelas era pra me avisar imediatamente. Ao saber que a minha quase cunhada estava na frente de uma das entradas do morro, me apressei em ir recebê-la e saber o que ela queria. Jamais faria algo de m*l a Alana sem uma boa razão, afinal, o meu problema é com a Ana e não faz sentido envolver a irmã dela na minha retaliação. Se quisesse fazer algo contra a família dela, teria feito há muito tempo, já que sabia muito bem onde encontrá-la. — Quanto a Ana te roubou? — Alana perguntou quando entramos na minha casa. — Ela levou R$ 27.000, algumas coisas de valor que comprei quando estávamos juntos, um carro e o meu… — me interrompi ao notar que poderia estar dando informações demais. — Só isso, mas o problema não é exatamente o que foi levado, é pra quem sua irmã trabalha. Deixei as chaves no balcão de entrada e tirei a minha blusa por puro costume, só depois me dei conta do desconforto da Alana e não tinha mais o que fazer. Eu que não iria me vestir novamente pra não incomodar a visita dentro da minha própria casa. — E pra quem ela trabalha? — Pra outro traficante chamado Cordilheira. — O cara que foi acusado de comandar um e*****o coletivo de uma menina de 17 anos para se vingar do irmão dela? — Arregalou os olhos, surpresa. — Meu Deus, o que a Ana tem na cabeça para ajudar alguém assim? Respirei fundo, me empenhando para não demonstrar o quanto aquele assunto me deixava desnorteado, mas sei que a garota captou de quem se tratava só pelo olhar alarmado que me lançou ao perceber de quem se tratava. — Era a sua irmã? — Sim. — Eu sinto muito, Relíquia. Não sabia que era sobre você, lembrava da notícia em todos os jornais, mas não decorei o nome de todos os envolvidos. — Tudo bem, só não quero falar sobre isso. Não adiantava tentar esconder uma informação que ela poderia descobrir com cinco minutos de pesquisa na internet e correr risco dela se negar a me ajudar, porque escondi algo importante. — Então, mudando de assunto, onde eu posso dormir? — Alana inquiriu sem jeito e eu ri. — O quarto fica à direita no final do corredor atrás de você — Indiquei o lugar que ela deveria ir e a garota praticamente correu para o corredor sem dizer tchau. — De nada pelo lanche, Alana! — Eu achei que já tinha te agradecido. — Ela voltou para a sala no mesmo instante e me olhou envergonhada. — Agradeceu sim, só tô zoando com a tua cara. — Se você quiser, podemos conversar depois antes de dormirmos, mas agora realmente preciso ir ao banheiro, porque tô apertada. Me controlei para não fazer nenhuma piada de conotação s****l com a palavra apertada, porque o moleque da quinta série dentro de mim tava gritando para sair. [...] Tocar no assunto da Fabíola, me deixou cabisbaixo e a culpa por tê-la deixado passar por um inferno nas mãos do meu maior inimigo e seus comparsas tomou conta de cada músculo do meu corpo. Eu ainda não acredito que a Ana aceitou ser cúmplice de um cara doente como o Cordilheira, contudo, sei que o erro foi mais meu por ter deixado me envolver com uma mulher que desde o início demostrava querer ficar comigo por dinheiro e status de mulher de bandido. O pior foi ela ter ido levando meu bem mais precioso só para me atingir. Ajudei aquela c****a em tudo que pude e fui retribuído com a maior trairagem que poderia ser feita comigo, mas é aquilo de ir se fodendo e aprendendo com os empecilhos no seu caminho durante a vida. Agora, nem sob tortura vou ter algo sério com outra mulher. O meu negócio é ir comendo várias piranhas sem me apegar a nenhuma. [...] Esperei a Alana voltar pra sala de estar durante quase uma hora, porém como ela não apareceu, resolvi que seria melhor subir para o meu quarto e dormir. Amanhã, com mais calma, conversaria com ela pra entrarmos em um acordo. Assim que coloquei o meu pé no primeiro degrau, lembrei que tava dando muita liberdade pra Alana e fui em direção ao seu quarto para trancar a porta para que ela não pudesse ter acesso aos outros lugares da casa. Ao chegar próximo do cômodo, a ouvi gritar e sem pensar duas vezes, abri a porta, a flagrando totalmente nua. Tentei me controlar para não olhar, entretanto, foi impossível não viajar por alguns segundos naquele corpo esguio e em especial, sua b****a com alguns pelos, bem típico de menina virgem que não se cuida, porque não tem pra quem dar. — Você não sabe bater, Relíquia? — Alana gritou, indignada, jogando seu celular na cama e se cobrindo com a toalha para a minha infelicidade. — Só p*****a — zombei e ela jogou uma almofada na minha direção. — Que piadinha escrota, seu i*****l. — Por que você gritou, p***a? Só entrei aqui porque achei que tinha acontecido algo contigo — desconversei, tentando tirar a imagem do seu corpo pelado da minha mente. — A minha cantora favorita vem pra cidade daqui a algumas semanas e não que eu vá ter dinheiro pra ir, mas só de respirar o mesmo ar que ela, vou tá feliz. Senti a minha garganta fechar ao recordar o quanto a minha irmã também surtava com essas bobagens de adolescentes. — Tá tudo bem? — Ela se aproxima de mim e eu confirmo com a cabeça. — Vou deixar o quarto trancado. Vai querer alguma coisa? — Água. — Vou trazer pra você. Ficamos nos encarando durante alguns segundos e a minha consciência começou a pesar por querer envolver alguém da mesma idade que a Fabíola tinha quando foi estuprada e morta pelo Cordilheira. Esse episódio sempre vai ser algo m*l-resolvido na minha mente, porque não tem como superar que você perdeu sua irmã caçula por ter escolhido viver do tráfico e alguém se aproveitou do ato de rebeldia de uma menina para torturá-la até a morte.
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