No corredor Rayra ganhou um olhar do pai.
_ Não devia estar aqui, mocinha.
_ Sabe que eu o amo papai, nunca escondi isso.
_ Eu sei monstrinha. E eu estou preocupado com o meu menino.
Rayra riu
_ Devia se preocupar comigo. Sou sua princesinha
_ Você é uma monstrinha, isso sim. Eu conheço você.
_ Não vai mesmo me dizer o que houve com Rudá?
_ Eu não posso. Só quem pode dizer é ele, não o pressione tanto.
_ Quão ruiim é papai?
_ De um nível 2 a 10, quarenta, Rayra.
Ela se encostou na parede.
_ E se comporte.
Rayra fechou os olhos, e o subchefe da máfia americana viu a mesma curiosidade surgir de quando ela entrou na adolescência, algumas vezes quase caía da cadeira quando a menina perguntava sobre sexu@lidade. Ela tinha cinco anos quando se sentou no colo dele e perguntou como os bebês iam parar dentro da barriga, ele inventou que era uma semente que se engolia, mas alguns anos mais tarde foi obrigado a contar a verdade, antes que a menina perguntasse para os tios.
_ Respeite os limites dele. Lembra-se da conversa sobre @buso que tivemos quando ainda era uma criança? Sobre toques sem permissão
_ Rudá é homem, papai. Eu não vou conseguir tocar em um fio de cabelo dele se ele não quiser
_ Vai sim, porque quando alguém tenta se aproximar, Rudá se transforma, e quem tenta acaba machucado, e ele nunca a machucaria, mas vai acordar os d£monios dentro dele se forçar. Está proibida de o provocar com outros rapazes. Eu não sinto ciúmes de Rudá, mas dos outros rapazes sim, sabe disso.
_ Papai. Não pode mais assustar os rapazes.
_ Não preciso assustar. Eu assustava, porque eles eram quase crianças, agora são homens, Rayra. E Rudá não é o menino que sua mãe pegava pela orelha.
Mesmo que ele respeitasse Helena da mesma maneira.
_ Ele é um homem, provocar o ciúme de um homem não é uma boa ideia.
Estefano piscou para a filha e foi para o quarto. Rayra sabia que o pai dela e o marido mãe só existia dentro de casa, lá fora ele era o subchefe.
Rayra foi dormir pensativa.
Não dormiu bem, e na madrugada foi beber água, mas acabou na porta do quarto de Rudá, era como um ímã sempre a puxando, se lembrou do cheiro que o quarto dele tinha.
Ia descer as escadas, mas escutou os gritos lá dentro, mas a porta estava trancada.
Rayra pode sentir a dor, o desespero, não podia deixá-lo assim,
Bateu na porta dos pais, o pai se levantou com a arma na mão
_ Rudá está gritando papai.
_ Rayra..
Estefano parou na porta.
_ Está trancada,papai
Mas a pulseira no braço do pai tinha a chave.
Voltaram para a porta do quarto de Rudá, Estefano abriu a porta.
.. quando a porta foi aberta, Rudá estava sentado, suado, com os braços em punhos e despenteado.
_ Tio. Tire ela daqui. Eu não quero que ela me veja assim.
_ Pesadelos?
_ Mais um..
_ Rayra volte para o seu quarto.
_ Me deixe ficar. Se eu não puder me aproximar, papai, nunca vamos conseguir. O senhor vai dormir. Eu vou me sentar na porta.
_ Rayra.
_ Não vou sair da porta.
Estefano sabia que ela tinha razão, sabia também que Rudá não iria machucar a filha.
_ Tio..
_ Eu sei moleque, mas você tem que aprender a dizer não para ela. Sempre fez tudo que ela queria.
Estefano partiu
Os olhos de Rayra e Rudá se encontraram
_ Não fique, Rayra.
_ Eu não vou entrar.
A respiração dele estava descompassada, pesada.
_ Não pode me contar sobre os pesadelos….
_ Não.
Ficaram os dois ali por vários minutos, sem dizer nada, mas Rudá voltou a respirar normalmente. E logo vestiu uma camiseta
_ Eu vou caminhar lá fora.
_ Eu vou com você.
_ Está frio..
_ Me empresta uma blusa de frio sua?
Rudá pegou uma blusa vermelha.
O fim da blusa chegava aos joelhos dela.
Rudá escreveu um bilhete e passou por baixo da porta dos tios.
Na saída calçaram tênis,Ruda amarrou o tênis de Rayra
Saíram e Rayra ofereceu a mão para ele.
_ Eu..
_ Eu tenho medo do escuro, Rudá. Pode me dar a sua mão?
Ele cedeu.
Ela saboreou o contato.
Apertou levemente
_ Rayra..
_ Eu amo você..
Ela levou a mão dele aos lábios, beijou. Viu ele endurecer com o contato, seria um longo caminho.
Rayra soltou a mão dele e correu, o condomínio era grande. Realmente estava escuro e Rudá se viu obrigado a correr atrás dela.
Pararam próximo da praça, um soldado fazia ronda e se aproximou.
_ Senhorita está tudo bem?
_ Está, sim.
_ Tem certeza?
O soldado olhou de longe para Rudá, como se o acusasse.
_ Está. Estávamos sem sono e vim correr com o meu noivo..
_ Noivo?
Rudá se aproximou de Domini.
_ Quer problema Domini? porque se quiser.. E dessa vez a minha tia não está por perto para salvá-lo..
Domini levantou os braços..
_ Estou voltando para o meu posto. Eu só fiquei preocupado..
Noivos, estavam casados, precisava contar para ela, mas não estava pronto para isso.
Um casamento manipulado para que não precisassem aceitar os pedidos de aliados.
_ Rayra me quer mesmo como marido, princesa?
_ É o que mais quero..
_ Precisa dormir. Tem aula amanhã.
_ Me deixe dormir com você.
_ Sabe que não podemos.
_ Na rede, pode até mesmo colocar outra para eu dormir.
Ele passaria a noite em claro, se fizesse isso, pois ia temer que ela o tocasse enquanto dormia. Nesse momento percebeu que não poderia mais dormir lá fora, pois Rayra não lhe daria mais espaço. O acordo era que ela esperasse por um ano, e ela esperou.
Quando a caminhada acabou, Rayra foi para o quarto e Rudá para a academia.
Nenhum dos dois conseguria dormir de qualquer forma.