Capítulo 03 - Isabela

1005 Words
ISABELA NARRANDO Meu nome é Isabela Ramos, mas todos me chamam de Bela. Tenho 22 anos, e sou ruiva de cabelos longos que batem na cintura. Tenho 1,60 de altura, o que me dá uma certa vantagem quando preciso me espremer em lugares apertados, e acabei de me formar como técnica de enfermagem. É uma carreira pela qual me apaixonei desde criança, quando cuidava das minhas bonecas como se fossem pacientes de verdade. Cresci em uma cidade pequena, onde todo mundo conhece todo mundo. Minha família sempre foi meu alicerce. Tive um relacionamento, um único relacionamento que foi longo. Foram quatro anos, entre namoro e noivado, mas ele me traiu e isso mexeu demais comigo. Descobrir a traição de Heitor foi como levar uma facada direto no coração. Eu estava na Casa que havíamos construído juntos, no fundo da Casa da mãe dele, eu estava observando o enxoval cuidadosamente preparado. Cada coisinha, cada toalha bordada à mão com o nosso nome, todas as promessas de uma vida em comum se desmoronaram diante dos meus olhos. Heitor era o amor da minha vida. Pelo menos, era o que eu acreditava até aquele momento. Era uma noite como outra qualquer, eu estava esperando ele chegar do serviço, Heitor trabalha como supervisor em uma empresa, ele se atrasou, mas isso era comum, só que foi ficando muito tarde, e começou a chover. Eu não queria dormir ali, a gente não dormia na casinha, prometemos que iríamos nos mudar de vez, logo depois do Casamento. Então decidi correr até a casa da minha sogra, e pedi uma carona ao cunhado, o Irmão mais velho do Heitor. — Bela, tu é uma garota batalhadora, e não merece o que o Heitor está fazendo — Ele falou, parando o carro na frente da casa dos meus pais. — Do que Você está falando? — Perguntei. Meu mundo desabou quando eu soube que Heitor estava me traído com a minha prima, Kaline. Kaline, com quem eu havia crescido, compartilhado segredos e sonhos. A dor foi insuportável. Ruan, me mostrou Fotos deles se beijando no almoxarifado da empresa, onde ambos trabalham. Eu saí correndo do carro, entrei em casa e me tranquei no quarto e chorei até não ter mais lágrimas para derramar. O que mais doía não era apenas a traição, mas a quebra da confiança, o fim de um futuro que eu acreditava ser certo. No outro dia, liguei para ele e terminei nosso noivado, gritei que sabia de tudo, só nunca revelei quem me contou. Heitor apareceu na minha porta, olhos cheios de arrependimento, implorando pelo meu perdão. Disse que tinha cometido o maior erro da vida dele, que não conseguia viver sem mim. Tentou de todas as maneiras reatar o noivado, mas como eu poderia confiar novamente? A ferida era profunda demais, a confiança havia sido quebrada de uma maneira que não tinha conserto. Os dias seguintes foram um inferno. Eu sofria em silêncio, relembrando cada momento, cada plano, cada sonho que havíamos construído juntos. Eu sabia que precisava tomar uma decisão, foi quando me matriculei no curso, e me dediquei de corpo e alma, trabalhava durante o dia e estudava a noite, foram dois de muita luta, noites em claro, dia cansativo. Nos finais de semana eu aproveitava para descansar. Minha mãe e a minha tia brigaram, por causa de mim, e a minha mãe proibiu a entrada da Kaline na nossa casa, sempre que ela me via na rua, ou em qualquer outro lugar ficava me chamando de chifruda. Falando coisas para me magoar, eu fui forte todo esse tempo. Assim que terminei o meu curso, meus pais fizeram uma festa e a minha tia que mora no Rio de Janeiro, veio nos visitar, e participou da festa, ela me garantiu que no Rio mas oportunidades são melhores. Comecei a procurar emprego, mas parece que todas as portas se fecharam para mim. Foi então que decidi ir embora, para o Rio de Janeiro, e deixar para trás meus pais e meus dois irmãos foi uma das decisões mais difíceis que já tomei. Mas a realidade é que, em uma cidade do interior de Pernambuco as oportunidades de trabalho são escassas. Eu sabia que se quisesse realmente fazer a diferença e crescer na minha carreira, precisaria sair da minha zona de conforto. Minha tia Erika sempre foi um ponto de referência para nós. Ela mora no Morro do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, junto com meus primos. Apesar da fama do lugar, minha tia sempre me contava histórias sobre a comunidade unida e cheia de vida que ali existia. Decidi que era para lá que eu iria. Se havia um lugar onde eu poderia começar minha vida profissional e, ao mesmo tempo, estar cercada por família, seria no Jacarezinho. A mudança foi um misto de emoções. Cheguei ao Rio carregando duas malas e uma porção de sonhos. A primeira coisa que notei ao chegar no morro foi a energia pulsante do lugar. Era um contraste gritante com a calma da minha cidade natal. As ruas estreitas, as casas coloridas, e a movimentação constante me deram uma sensação de que estava realmente começando uma nova fase da minha vida. Minha tia me recebeu de braços abertos. Ela sempre foi uma mulher forte e determinada, e ver o quanto ela era respeitada na comunidade me encheu de orgulho. Meus primos, Everton e Sandro, também foram incríveis comigo desde o primeiro dia. Sandro é mais reservado, ele me trata muito bem, mas não conversa. E passa a maior parte do tempo fora de casa. Acho até engraçado o apelido dele, Cabeça. O desafio agora é encontrar um emprego na minha área. Já fui bater de porta em porta, visitando clínicas e hospitais, deixando meu currículo e tentando mostrar meu entusiasmo e minha vontade de trabalhar. Cada dia é uma nova oportunidade, e não deixo que os "nãos" me desanimem. Acredito que, com persistência e dedicação, conseguirei uma vaga onde possa ajudar as pessoas e colocar em prática tudo o que aprendi.
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