Capítulo 11

2547 Words
Jay-la Pov Ela não tinha sido capaz de contar a Tim a verdade da situação, não pelo telefone, ele merecia algo melhor do que isso. Então, Jay-la disse a ele o que ela tinha dito a Eric, que precisava ir correndo ver a mãe dela após esta ter sido gravemente ferida. Houve um silêncio chocado, obviamente ele ainda não tinha falado com Eric. Provavelmente estava no tribunal o dia todo, ainda poderia estar, apenas em um intervalo com a diferença de fuso horário entre aqui e lá. Ela nunca mencionou sua família perto dele, não durante todo o tempo em que todos lá a conheciam. Ela tinha falado de uma mãe ou pai, nem mesmo mencionou que tinha um irmão, por exemplo. Todos ao redor dela acreditavam que ela não tinha família. Ele não era diferente. Depois que o choque de sua revelação passou, Tim tinha perguntado diretamente se Nathan Browning era o pai de seus filhos. Ela havia respondido a ele honestamente, não havia mais nada que pudesse fazer. Ele merecia a verdade dela. Jay-la disse a Tim para fazer qualquer pergunta que ele quisesse. Seria a maneira mais simples de dar o que ele queria saber. Ela tinha que começar de algum lugar. Ela disse a Tim exatamente como disse a Eric, que estava atualmente presa na neve, era a verdade, e eles poderiam verificar isso por si mesmos, provavelmente fariam, ela pensou consigo mesma. E quando ele perguntou exatamente onde ela estava, Jay-la apenas suspirou suavemente. E então, disse a ele que seus pais moravam lá, dentro dos limites da Sede da Browning Corporation, no estado de Nova York. Então, sim, era aqui onde ela estava atualmente. Tinha dito a ele que sim, Nathan também estava aqui, que ele queria tempo para conhecer as crianças, agora que ele sabia sobre elas, e que elas estavam aqui com ela também. Que seus filhos também iriam conhecer seus avós; eles já tinham conhecido os pais dela e os dele, e gostaram deles e se davam bem com o pai dela enquanto estiveram com ele. Que atualmente tudo estava bem, e que ela estava segura e sem ferimentos. Jay-la teve que recusar a oferta dele de sair e ficar com ela e as crianças. Isso não ia acontecer. Não era uma boa ideia e ela sabia que ele estava trabalhando em um caso agora. Então, ela disse que ele não podia simplesmente deixar tudo, sendo o principal promotor em seu caso, porque ela estava aqui em Nova York. Ele ficou em silêncio por um longo momento e então concordou com ela. Jay-la sabia que ele faria isso. Levava seu trabalho a sério, gostava do seu trabalho. Ela teve que dizer a ele que não tinha certeza de quando voltaria. Que provavelmente seriam pelo menos alguns dias, e que tentaria pegar um voo quando o clima permitisse chegar ao aeroporto de Rochester e ela pudesse reservar um voo de volta para Los Angeles. Tim ficou em silêncio novamente por um longo momento, então ele afirmou firmemente: — Eu não gosto disso. Você jamais mencionou esse homem, nem uma vez você admitiu que ele era pai das crianças, e perguntei isso muitas vezes durante o início do nosso relacionamento, quem ele era. Agora você é o quê? Está morando dentro dos terrenos da empresa dele novamente. Você está na casa dele? — Ele é dono de tudo aqui, Tim. Então, sim, acho que você poderia dizer que estou na casa dele. A linha foi desligada depois disso, ele não era um homem burro, e embora sua resposta fosse diplomática, ele sabia o que significava, e não gostou de ouvir isso. Ele não tinha feito a pergunta que ela achava que ele queria saber. Se ela e Nathan tentariam consertar. Ficar juntos. Ele simplesmente desligou na cara dela. Tim estava com raiva dela, e ela não podia culpá-lo por isso. Ele tinha sido tão solidário, assim como Eric, aliás. Agora aqui estava ela, dentro da Browning Corporation, um lugar que ela disse a eles que não queria estar, que não voltaria. Jay-la não queria ter nada a ver com Nathan Browning, e não queria que ele tivesse nada a ver com seus filhos. Agora ela tinha feito exatamente o oposto do que disse. Jay-la colocou o telefone no balcão à sua frente e ficou olhando para o outro lado da sala, não sabia exatamente o que fazer, ou como lidar com tudo isso. Não podia ligar para Eric e Tim e dizer: — Desculpe, eu sou uma lobisomem e Nathan acabou sendo o meu companheiro, e agora eu tenho que estar aqui, já que somos companheiros um do outro. — Nenhum humano entenderia isso. Outro lobo entenderia, mas não um humano. Tudo o que Jay-la sabia no fundo, é que parecia errado terminar tudo pelo telefone, ela não podia fazer isso dessa maneira. Não parecia certo, e não estava a agradando, mas provavelmente não poderia voltar imediatamente, para fazer o que precisava ser feito também. Ela entendia que agora estava marcada e ligada a ele, e tinha que encerrar sua vida humana. Não havia como ele deixá-la continuar com isso. Ela se perguntou brevemente se ele deixaria, caso ela não estivesse do outro lado do país, mas apenas a uma hora de distância. Não havia sentido nesse pensamento. Não era a situação. Afastou aquele pensamento. Jay-la também sabia que agora que estava marcada e ligada a ele, ela entraria rapidamente no cio, provavelmente em uma ou duas semanas. Se ela não estivesse aqui quando isso acontecesse, tudo poderia sair do controle. Não apenas seria doloroso passar por isso sozinha, qualquer lobo não acasalado que estivesse na área onde ela estava, que pudesse sentir o cheiro do cio dela, iria caçá-la para acasalar. Ela só conseguiria resistir ao chamado por um tempo, antes de não poder dizer não e deixar algum lobo acasalar com ela. O cio a levaria a acasalar com qualquer coisa, independentemente de ser o seu companheiro ou não. Ela sabia disso, então também sabia que tinha que ficar aqui dentro do bando, perto de Nathan até então, para que, quando chegasse a hora, ele estivesse bem ali, e apenas ele a acasalasse. Ela não queria que outra pessoa fizesse isso. Não queria que Havoc ou Nathan passassem pelo que passaram com sua última companheira. Então, ela teria que ficar aqui por enquanto. Às vezes, ser um lobisomem não era divertido, nem para o lobo macho, nem para a loba fêmea, ser uma loba fêmea nem sempre era tão bom quanto as pessoas pensavam. Alguns lobos viviam vidas felizes e pacíficos, tinham o amor do vínculo de companheirismo logo em seu aniversário de dezoito anos, e outros nunca encontravam seu companheiro. Alguns tinham vidas longas, tristes e dolorosas devido à perda de um ente querido em guerras de bando ou ataques de lobos solitários. Outros eram banidos e forçados a viver sozinhos, algo que não era bom para nenhum lobo, eles eram criaturas sociais. Gostavam de estar com os de sua espécie, dentro de um bando, isso criava conforto em seus lobos e até mesmo um senso de propósito. Ela viu Nathan se aproximar dela e ouviu sua explicação sobre o temperamento de Havoc. Não gostou de ele ter ido e quebrado um espelho em seu banheiro, só porque Tim tinha ligado para ela, ou pelo menos foi isso que pareceu para ela. Ele não explicou por que fez isso. Ela só podia presumir isso a partir do fato de ele ter visto o nome de Tim no identificador de chamadas e depois ter ido embora e quebrado o espelho. Ela mesma já havia visto a fúria em seu rosto uma vez, já havia ouvido isso por telefone em mais de uma ocasião agora. Também já tinha ouvido a própria unidade de Nathan tentando contê-lo. Ela e Kora não queriam que as crianças vissem esse lado dele tão cedo, isso as assustaria ainda mais. Provavelmente ela e Kora também não lidariam bem com isso, depois do que aprenderam sobre si mesmas antes de serem trazidas para cá. Embora ela tenha notado que ele disse que Havoc não aceitaria isso, tomaria o controle para proteger sua companheira. Isso a fazia se perguntar novamente se ela estava aqui apenas porque Havoc precisava de uma companheira. Ela desviou o olhar dele. Era sempre Havoc e sua necessidade de ter sua companheira. Havoc que gostava de observá-la, Havoc que a queria. Não Nathan, ele mesmo, no que dizia respeito a ela. Tudo o que Jay-la ouvia de Nathan era que ela era sua companheira, e ela tinha que fazer o que ele mandava, que ele precisava se ligar às crianças. Embora ela tenha sentido que ele a amava durante o processo de marcação e acasalamento, agora parecia que ele só se importava com as crianças, como ela já pensava que ele faria, na cidade. Kora acalmou sua fera, então foi bom para ele, e ter uma companheira dotada pela Deusa faria o bando ficar mais forte. Então, ela sabia que ele queria isso para si mesmo. Isso não significava que ele precisasse fazer algo além de apenas aceitá-la. Isso também trazia seus filhos para dentro de seu bando, seus herdeiros bem aqui, onde eles deveriam estar, sob seu teto, para serem treinados para liderar o bando e assumir um dia. — Jay-la, precisamos ir conversar com Nate, tentar resolver isso. Aí está você, ela pensou distraída, “é claro que ele quer”, ela sabia que ele queria, até mesmo queria que Nate se desse bem com o pai, se perguntou se ele alguma vez realmente a olharia. A veria e realmente a desejaria como pessoa. Ao invés de apenas estar ligado a ela como a Deusa achava justo. Dando à sua fera o que ela queria. Amá-la? Não parecia ser assim para ela, ele não tinha dito uma vez sequer que a amava desde que a marcou e acasalou com ela, e ela teria que viver com isso. Jay-la se perguntou quanto tempo levaria para ele traí-la com outra pessoa, alguém que ele realmente desejasse. Ela seria capaz de lidar com isso? Viver com isso? — As meninas ainda estão acordadas. — Ela disse e se afastou dele. — Talvez, Jay-la, a gente devesse contar aos três, para não haver perguntas depois. — Não. — ela afirmou categoricamente. — Será apenas Nate. As meninas estão bem, e eu não quero dar a elas um motivo para não estarem. Isso não vai acabar bem para você. — O que você quer dizer com isso? — Ele agarrou o braço dela e a virou para encará-lo. Ela afastou a mão dele de seu braço. — Você não as conhece ainda. Mas minhas garotas, elas farão o que o irmão delas mandar. A partir de agora, meu menino está em cima do muro. Sentado e observando, deixando suas irmãs serem como quiserem perto de você. Ele entende quem você é e está muito confuso com tudo isso. — Mas se você contar às meninas e elas ficarem confusas ou preocupadas, aquelas duas menininhas lá dentro, que sorriem para você e já gostam de você, elas vão se voltar para Nate, o mais velho dos três, e fazer o que ele fizer, elas vão passar de querer estar perto de você para se manterem afastadas e agirem exatamente como ele. Nathan franziu a testa profundamente agora, suas palavras não passaram despercebidas por ele. — Confie em mim, minhas garotas, em sua maioria, são almas gentis, mas deixe-as perturbadas e em busca de segurança em Nate, e elas farão o que ele fizer. Você precisa entender que eles são trigêmeos e estão conectados. — Geralmente estão todos na mesma página sobre tudo, isso é novo para eles, provavelmente é a primeira vez que todos não estão na mesma página. Nate também é o dominante. Suas irmãs cairão na linha dele muito rapidamente, se ficarem incertas e pensarem que é melhor seguirem o exemplo dele. — Isso seria a qualidade de líder Alfa nele. — Eu estou muito ciente do que é. Eu tenho vivido com elas a vida toda. Eu sei como lidar com meus filhos, você só deveria ficar sentado e calado, é o meu conselho. — Isso não é exatamente o que eu acho melhor aqui, Jay-la. — Claro que não. Você quer o que você quer. Mas isso é o que eu acredito que precisa acontecer. Eu vou lidar com isso como trabalho. Mediação, eu acho que você poderia dizer. Duas partes em desacordo, para descobrir uma maneira de fazer essas duas partes se darem bem, dar a verdade cuidadosamente. Ou uma das partes, que é você, só para você saber. Não vai conseguir o que quer, Nate não quer você na sala quando eu contar a ele. Ele deixou isso claro para mim. Isso me preocupa muito. — Eu também, Jay-la. É por isso que eu preciso estar lá. — Não, é por isso que você quer estar lá, não é o que é necessário. A sua preocupação está no que eu vou contar a ele, como vou descrever o que aconteceu. Quando o que é realmente necessário aqui é um curso intensivo para um menino de cinco anos sobre matilhas, lobisomem e como elas funcionam, ele não sabe nada sobre isso. Nada sobre companheiros ou vínculos de companheiros também. — Bem, você deveria ter falado sobre isso para eles. Jay-la olhou para ele. — Por quê? Não era como se eu pudesse voltar aqui, não é mesmo? — ela o viu suspirar. — Qual seria o sentido... do meu ponto de vista, não havia sentido. Eles sabiam o que eram, mas nós nunca iríamos fazer parte de uma matilha novamente. Eu estava esperando que eles apenas se casassem com um humano legal, para ser sincera com você. — Jay-la! — Não. — ela balançou a cabeça. — Eu não vou pedir desculpas a você pela forma como eu os criei. Escolhi protegê-los, lá fora, sozinha. Não espere que eu peça desculpas a você. — Ela afirmou categoricamente. Uma parte dela queria, mas ela sabia que era apenas o laço de acasalamento e o desejo de agradar seu companheiro. Não era o que ela realmente queria, ela realmente não achava necessário pedir desculpas a ele, quando foi ele quem a baniu para o mundo humano. Não quando nem mesmo ele queria que ela voltasse, mas, sim, o seu lobo. Ela queria fazer a ele a pergunta difícil, se ele alguma vez pensou nela enquanto ela estava fora. Mas, honestamente, ela não achava que fosse gostar da resposta. Virou-se e afastou-se dele, antes que a dor do que ela estava sentindo aparecesse em seu rosto, para ele ver. Ela sentiu Kora se desconectar dele e de Havoc quando a dor tocou seu peito. Ela afastou-se e sentou-se com as crianças na sala. Suas palavras podiam ter sido duras, mas ela saiu por ordem dele, e não ia pedir desculpas a ele por isso. Por ter ido para o mundo humano e construído uma vida para si mesma e para seus filhos. Ela viu os três olhando diretamente para ela e percebeu que eles sabiam que ela estava mais do que irritada. Provavelmente eles estavam sentindo isso também. Controlou-se e sorriu para eles.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD