CH1
Perspectiva de Jay-la
Jay-la bateu a porta do escritório da Luna, a fechou com força e ouviu-a trepidar na moldura com satisfação. Nathan agora era um homem tão arrogante, ela não se lembrava dele sendo assim antes. Parecia que agora ele sempre tinha que ter as coisas do seu jeito. Ela foi tentada a sair imediatamente deste escritório, sair da casa da matilha e pegar o primeiro voo de volta para Los Angeles, fechar o seu perfil no mundo humano pessoalmente.
Ela andou pelo escritório, que agora aparentemente era seu, olhando tudo de cara f**a, queria jogar praticamente tudo deste maldito escritório no chão e chutar para todos os lados. Ela ainda estava parada no meio da sala meia hora depois, ainda não tinha pegado o maldito telefone e feito o que ele mandou.
Por que diabos ela deveria fazer isso? Só porque ele era seu companheiro e o Alfa?
Ela realmente só queria voltar para Los Angeles e fazer isso ela mesma. Vir para cá não tinha sido escolha dela. Não, ela tinha sido trazida para cá e, sim, ela entendia o porquê agora, mas estava mais do que irritada com tudo isso. Em como tudo isso aconteceu. Jay-la percebeu que a única coisa que a impedia, a partir deste momento exato, de sair pisando firme desta casa da matilha e dele e a sua arrogância, era o fato de que ela estaria realmente encurralada por causa da nevasca.
Kora, ela sabia que era contra isso, mas também não tinha gostado da atitude dele de “você fará o que eu disser”, iria provavelmente permitir que ela saísse agora mesmo, apenas para mostrar a ele que eles não iriam simplesmente se sentar e obedecer a todos os seus comandos.
Começou a nevar de novo durante o dia, e ainda estava nevando nesse momento. Ela se virou e olhou pela janela, parecia que não ia parar tão cedo. Ela podia amar aquele i****a arrogante no próximo quarto, mas isso não significava que não pudesse ficar brava com ele, ou dizer não.
Ter sido marcada e emparelhada por ele não significava que ela tinha que fazer tudo o que ele mandasse. Ela tinha sua própria opinião e sabia como usá-la. Ela não ia se tornar um capacho para ele ou para o seu lobo. Só porque eles queriam que ela se alinhasse, sentasse e ficasse, e fizesse o que ele mandasse. Não era muito provável.
Finalmente, ela se sentou na cadeira da Luna, que agora aparentemente era sua, sentou atrás de uma mesa de madeira grande e olhou ao redor do escritório da Luna. Não tinha mudado muito desde que ela saiu. Ela ia reformar este escritório, não ia trabalhar em um lugar que a antiga companheira dele tinha usado. Pode ser que ela até mesmo considerasse mudar ela mesma o escritório da Luna para outro andar, no outro lado da maldita casa da matilha, para falar a verdade.
Tinha o mobiliário padrão de um escritório aqui, uma mesa e uma cadeira, que ela percebeu não serem nada confortáveis. Não eram nada parecidos com os que ela tinha no seu escritório. Ela se levantou e andou pelo quarto mais uma vez, percebeu que não queria estar nessa sala de forma alguma.
Jay-la bateu à porta do escritório e deu de cara com Luna Darla na recepção da casa da matilha, ela sorriu para Jay-la e disse: — Oi, querida. E então, franziu a testa para ela um momento depois e estendeu a mão, tocando o braço dela. — O que ele fez agora?
— Nada. — Jay-la murmurou. — Eu não consigo trabalhar naquele escritório, só isso. — Ela admitiu. Não queria nada que tivesse a ver com a ex-companheira dele.
Jay-la viu Luna Darla franzir a testa de verdade agora, quando olhou para cima, para ela. — O que há de errado com o meu escritório? Ou nosso escritório, até que você comece seu treinamento de Luna?
— Era o escritório dela. — Jay-la murmurou e se afastou.
— Não, não era Jay-la. Nunca foi. — Luna Darla se aproximou dela enquanto falava. — Aquela garota jamais pisaria ali ou faria aulas de Luna. Esse é o meu escritório, é tudo sobre mim.
Jay-la suspirou. — Desculpe, eu não queria ofender você.
— Hmm, bem, Jay-la, querida, nós podemos redecorar do jeito que você quiser. — Sorriu para ela. — Nós podemos olhar algumas coisas hoje, se você quiser.
— Talvez. — Jay-la assentiu — Eu posso precisar de alguns minutos para me acalmar.
— Por que você precisa se acalmar? Fale comigo. É que eu sou boa em, sabe. Sendo a ex-Luna, eu escuto e ajudo as pessoas.
— Ele, seu filho. Acha que é tão fácil fechar a minha vida, algumas ligações e está tudo bem. Não vai ser simples assim.
— Hmm, você está falando do seu chefe, Eric Stanton, eu acredito.
— Sim, Eric nunca vai acreditar que eu decidi ficar aqui por livre e espontânea vontade. Não depois de tudo o que aconteceu da última vez que estive aqui, e do jeito que eu lutei para ficar longe.
— Provavelmente não. — Darla concordou.
— Eu preciso voltar para Los Angeles e resolver isso pessoalmente. — Jay-la suspirou, queria ir e ir sozinha. Mas Nathan já tinha dito para ela que se ela quisesse fazer isso pessoalmente, ele estaria ao lado dela. Ela não iria sozinha, ele simplesmente não ia permitir isso.
— Bem, você pode fazer isso, tenho certeza.
— Não sem o Nathan junto, aparentemente. — Jay-la murmurou, um pouco mais do que irritada com isso. Sua vida nos últimos seis anos tinha sido simples o suficiente; trabalho e ficar em casa com as crianças.
— Ah! Bem, agora eu entendo o seu dilema. Você está certa. A fera dele pode ser um terror às vezes, e também pode ser completamente incontrolável. Eu não acho que só o Nathan será um problema nesse caso. Havoc vai meter as necessidades de Alfa Lobo dele também. — Luna Darla olhou para ela um pouco arrependida.
Jay-la parou de andar e olhou fixamente para a mulher agora. — O que você quer dizer com, a fera dele é um terror?
Ela observou quando Darla balançou a cabeça. — Ele pode perder o controle às vezes. Embora eu duvide que isso vá acontecer agora, com você e Kora aqui. Sua fera me parece bastante calma, feliz. Eu definitivamente sinto que a fera dele está feliz. É a primeira vez, em muito tempo, que sinto isso.
— O lobo dele não era assim antes? Quando eu estava aqui, ele era bem brincalhão às vezes. Podia definitivamente ser firme e um verdadeiro Lobo Alfa, mas nunca um terror.
— Não, ele não era assim. — Darla assentiu. — Ele foi machucado pela ex-companheira dele. Não lidou bem com a situação, é só isso.
— Darla, devo me preocupar com isso? — Ela perguntou diretamente. Jay-la tinha três filhos para pensar. Se a fera dele fosse um terror, então eles poderiam não estar seguros perto dele.
— Não, não, não... Ele nunca machucaria você, nem as crianças. — Darla se apressou em dizer. — Assim como você nunca o machucaria.
Jay-la assentiu para isso, ela nunca machucaria Nathan intencionalmente, e ela sabia que não havia como Kora machucar Havoc. Ela amava o companheiro dela desde o momento em que o encontrou pelo cheiro. Também estava mais do que feliz de estar de volta dentro da matilha, ainda mais feliz em descobrir que o companheiro dela era o pai dos filhotes dela. Ronronou baixinho para si mesma sobre esse fato.
Provavelmente, ela teria que se sentar e conversar com Nathan sobre o lobo dele. Fazê-lo explicar isso para ela. Não queria que Havoc fosse um terror perto das crianças, nem incontrolável também. Ela não queria que eles tivessem medo dele. Isso não seria bom.
Jay-la sentiu Kora bufar dentro dela, irritada com o rumo dos seus pensamentos, ela não queria que Jay-la pensasse m*l do companheiro dela. Mas eles não o conheciam mais, já faziam seis anos desde que foram banidos, e pelo que ela ouviu, ele não parecia ser o mesmo lobo que era antes.
— Havoc, amável e bom. Um Alfa forte, só isso. — Kora bufou para ela.
— Eu sei que você sente desse jeito, eu o amo. Mas faz muito tempo, nós realmente não o conhecemos mais.
— Ele é meu companheiro, pai dos nossos filhotes, ele nunca os machucaria. Eu confio nele.
Jay-la suspirou e se desculpou com a Luna, ela foi verificar os trigêmeos. Sabia que eles estavam lá em cima com Rae-Rae. Nathan pediu para ela ir ao escritório dele, e ela pediu para Rae-Rae cuidar deles.
Eles encontraram os quatro brincando de Jogo da Memória, sentou no chão e sorriu para eles, se juntou ao próximo jogo. Era bom apenas sentar e relaxar. Ela tinha adiado fazer aquelas ligações, sabia que teria que fazer, mas não ia fazer no momento que ele queria. Iria fazer quando estivesse pronta.
Rae-Rae atendeu uma ligação da mãe dela, Lauren, que queria saber como ela estava. Rae-Rae falou toda empolgada sobre a mansão em que eles estavam, e então gemeu de forma irritante: — Sim, mãe, eu não tenho só um quarto para mim, mas uma suíte inteira só para mim.
Jay-la sorriu, ela não sabia por quanto tempo isso seria o quarto dela, provavelmente não seria por muito tempo. Embora Rae-Rae ainda não soubesse sobre o mundo dos lobisomens e teria que ser apresentada a ele, pouco a pouco, nas próximas semanas. Provavelmente iria passar uma sólida semana sem ver nenhum lobo e então, deixá-la ver um ou dois deles. Embora ela soubesse que Lauren tinha conhecimento de que havia lobos aqui, Nathan tinha dito isso a ela.
Jay-la falou com Lauren também, disse a ela que sim, ela estava melhor, tinha se recuperado do colapso ao ouvir que sua mãe tinha sido atacada e quase morreu. Ela também disse a ela que sua mãe estava acordada e se recuperando muito bem, rápido até. Rae-Rae confirmou isso. Tendo visto a mãe de Jay-la, ela mesma.
Os trigêmeos também falaram com Lauren. As duas meninas sorriram para ela pelo bate-papo de vídeo e até disseram que o papai delas era legal. Já Nate, não disse muito sobre o assunto, só disse que tinha um quarto só para ele, e tanto Rosalie quanto Lilly também tinham. Ele ainda não tinha chegado perto do pai dele, andou ao redor dele e se afastou dele no café da manhã, não respondeu bom dia quando Nathan sorriu para ele e disse: — Bom dia.
Nathan tentou conversar com ele, e não conseguiu nada de Nate. Olhou para ela em busca de ajuda na questão, pensou. Ela não deu, ele ainda não tinha respondido às perguntas de Nate sobre onde ele tinha estado. Até que o fizesse, ela achava que o menino não falaria com ele.
Jay-la entendia as posições de ambos; seu filho queria saber onde estava o pai dele durante toda a sua vida. Por que ele não esteve por perto? Nathan não podia realmente responder a isso sem causar mais danos. Ele tinha a banido da matilha. Essa era a razão pela qual ele nunca soube sobre eles. Ele não seria capaz de afirmar que ela nunca contou a ele sobre eles sem motivo, porque, se ele contasse a eles, essa seria a culpa dela. Ela iria dizer a eles que ele a tinha banido antes de ela descobrir que estava grávida. Um círculo vicioso em que ele se encontraria, e ele provavelmente entendia isso. Embora não tenha mencionado isso por si mesmo.
Nathan estava ficando um pouco encurralado no momento. De qualquer forma que ele pulasse, ainda teria que assumir isso, sendo a pessoa que a mandou embora e disse para ela nunca mais voltar. Não era uma coisa legal para as crianças ouvirem, mesmo que fosse a verdade.
Jay-la também acreditava que ele estaria tentando evitar fazer isso, se fosse possível. Então ele teria que inventar algo plausível, que não o fizesse parecer um homem c***l e vil aos olhos dos trigêmeos.
Atualmente, ela estava deixando isso tudo por conta dele. Jay-la não sabia o que teria feito se ele não a tivesse banido. Ela teria contado a ele? Honestamente, ela não sabia, com ele tendo uma companheira, sabia que ainda teria vivido no campus. Embora fosse provável que ela teria contado aos pais. Mas ninguém sabe o que teria acontecido, era o jogo do “e se”, e isso nunca dava certo para ninguém.
Ainda assim, ela provavelmente teria acabado ficando longe, sabia do medo da companheira dele, e estava com medo pela segurança dos filhos, provavelmente seria pior se a mulher soubesse sobre eles. Ela bem pode ter acabado no antigo bando da mãe dela. Provavelmente, até mesmo os pais dela saberiam que a companheira dele, e futura Luna, teria problemas com ele tendo filhotes com outra pessoa.
Uma parte dela, lá no fundo, sabia que eles nunca teriam estado seguros aqui.
Não achava que os pais dela também pensariam assim. Suspirou para si mesma e afastou esses pensamentos. Ela não queria seguir por esse caminho, ainda tinha que lidar com eles pelo que ambos permitiram acontecer.
Apenas para fazê-la voltar para a matilha, ela ainda estava infeliz com isso. O fato de concordarem com algo assim a tinha machucado e ela sabia disso; não poder estar aqui para ver sua mãe quando ela estava morrendo. Sua própria dor a tinha deixado completamente abalada.
Neste exato momento, ela estava dando uma margem a eles sobre o assunto. Por ter que lidar com Nathan e seu novo vínculo de companheiros, as crianças e acomodá-las, ou tentar. Ela tinha outras questões com as quais lidar. Mas ambos sabiam que isso estava por vir. Eles não gostaram do tom dela da última vez que falaram com eles. Ela disse francamente: — Ainda não estou pronta para lidar com vocês. — Quando se levantou hoje.