CH 3

2216 Words
Jay-la POV Ainda estava nevando lá fora depois de seu almoço tardio, e ela se perguntava quando iria parar. Ela não estava mais acostumada com esse clima. Sol e chuva, mas não, neve. E apesar de ser uma lobisomem, ela estava sentindo frio. Jay-la estava de pé no terceiro andar, olhando pelas portas de vidro para a varanda lá em cima. Esse costumava ser seu lugar favorito dentro da casa do bando; ela gostava da vista sobre o bando. Num dia ensolarado e limpo, era possível ver até o campo de treinamento e metade do caminho até o portão da frente. Ela havia recebido roupas mais quentes, tinha um closet cheio de roupas para ela. Embora tenha observado que alguns membros do bando estavam apenas usando as roupas habituais de jeans e camisetas, pareciam estar totalmente adaptados ao clima. Ao contrário dela ou dos trigêmeos. Pelo menos, agora todos eles tinham boas roupas de inverno, todos os seus closets estavam cheios de roupas quentes. Assim como Nathan havia providenciado para ela, parecia que ele tinha a opinião de que iria reivindicá-los sempre, ele equipou aquele closet com roupas para ela usar, embora as roupas fossem do gosto dele, ela notou, não do dela. Ela tinha um guarda-roupa cheio de roupas que gostava em casa, e pretendia buscá-lo. Ela gostava de seu guarda-roupa e queria que ele estivesse aqui, sentia falta de seus saltos. Jay-la estava observando uma máquina de limpar neve enquanto se movia pelas ruas abrindo caminho, imaginando se era hora de ir falar com seus pais sobre o que eles permitiram acontecer. Ela tinha rejeitado novamente um convite para tomar chá à tarde com eles. No início, ela estava fingindo, feliz em ver sua mãe bem e curada. Mas agora que ela estava, simplesmente não parecia certo. Os trigêmeos a viram quebrada e em completo sofrimento, ela não conseguia lidar com aquilo, e não sabia se era porque achava que sua mãe estava morrendo, ou se era porque ela não pôde estar lá quando sua mãe estava morrendo. Mas por qualquer que fosse a razão, ela estava quebrada. Ela não se lembrava de ter estado tão quebrada antes, nem mesmo quando foi banida daqui, e perdeu tudo. Jay-la suspirou suavemente, era estranho estar de volta aqui, num lugar onde ela costumava sair com seus amigos, com Nathan e sua unidade. Estar no terceiro andar, olhando para o bando, que agora era parcialmente sua responsabilidade, ela ainda não estava acostumada com esse pensamento. Ela não sabia como cuidar desse bando. Passou os últimos seis anos tentando esquecer a vida no bando e como era estar perto de outros lobos. Aprendeu a viver sozinha e isolada, longe de tudo que ela tinha crescido. Não tinha sido fácil, sozinha e grávida, muito grávida, depois uma mãe de três, sem outros lobos por perto para ajudar. O que ela sabia que seria o caso dentro de um bando. Embora Kora tenha sido a que mais sofreu, os lobos, sendo criaturas sociais, não gostavam de ficar longe de seus bandos. Ela não teve escolha no assunto, foi enviada embora, banida e, por quê? Por tentar falar com ele, por tentar se despedir de verdade. Nada além disso. Seu lobo foi punido severa e cruelmente, por seu próprio companheiro agora. Jay-la fechou os olhos e inspirou longa e lentamente, esse era um pensamento doloroso e difícil de ter. Agora eles estavam de volta dentro do bando. Kora, ela sabia, estava feliz sobre isso, nem mesmo hesitou no que dizia respeito a Havoc, sentiu o cheiro do lobo e se conectou a ele instantaneamente. Jay-la sabia que Kora havia ficado estranha desde que ele tentou ligar para ela naquele dia no escritório pelo telefone, sua loba sentiu algo e aquilo incomodou o lobo dele. Jay-la havia tentado convencê-la de que era apenas ele querendo ver seus filhotes. Mas Kora não foi facilmente persuadida, talvez tenha ouvido ou sentido algo naquele momento, e quando ele chamou por ela, aqui dentro do bando, nada poderia impedi-la de chamar por seu lobo Alfa. Ela estava solitária e queria estar de volta ao bando. Aceita mais uma vez como m****o pleno do bando. Era provável que lá no fundo, Kora tivesse querido se encontrar cara a cara com seu Alfa, e agora o havia sentido como seu companheiro e ficado instantaneamente feliz com isso. Mesmo depois de ele tê-la banido, com seus filhotes, ela ainda queria seu companheiro. Tinha ficado sozinha lá fora por tempo demais, ansiava por voltar para casa e fazer parte do bando novamente. Ser companheira de seu Alfa significava que ela nunca mais teria que partir. Esse lugar era agora o seu lar para sempre, e isso fazia Kora feliz. Parecia que tudo aqui deixava seu lobo feliz. O passado e o que havia acontecido tinham sido apagados para Kora, ou assim parecia para Jay-la. Embora Jay-la ainda estivesse apreensiva, Nathan, mesmo que ela o tivesse amado há muito tempo, ainda o amava. Sabia que ele tinha se voltado contra ela, e muito rapidamente, havia descartado tudo sobre ela, sua amizade de infância até a idade adulta. Enquanto ela estava de pé lá, sabia que uma parte dela, lá no fundo, acreditava que era isso. Apenas o laço de companheirismo. Se não fosse por isso, se não fosse porque seu lobo percebeu o que Kora significava para ele, Nathan se importaria em entrar em contato com ela? Procurá-la? Não, ela não achava isso. Ela ainda estaria sozinha com seus filhos, sem importância para ele. Ele achava que tudo estava perfeito agora, apenas porque estavam marcados e eram companheiros. Ele achava que isso resolvia tudo. Inferno, ela sabia que todos dentro desse bando pensavam que estavam bem, agora que estavam acasalados e agraciados pela Deusa da Lua um com o outro. Que um laço de companheirismo consertava tudo, mas não consertava, não realmente. Ela havia ficado sozinha e abandonada por ele por muito tempo. Poderia amá-lo, aproveitar sua companhia, mas no fundo de seu coração, ainda doía. O que ele havia feito com ela, como ele não havia se importado, a havia descartado tão rapidamente. Ela também sabia que era Havoc quem havia querido trazê-la de volta, não ele. Ela inspirou profundamente para tentar aliviar a dor que estava crescendo em seu peito, precisava de uma distração de seus próprios pensamentos. Ela pegou seu telefone e ligou para Eric Stanton. A secretária dele a colocou na linha depois de apenas um minuto de espera. — Jay-la, onde diabos você está? — ele disse na linha. — Na sede da Browning Corporation, Eric. — Ela respondeu-lhe honestamente, não iria mentir para o homem sobre onde estava. Ele parecia irritado, Jay-la estava ausente agora, há alguns dias, não o havia ligado nem uma vez, e ele deveria estar representando-a e agora, aqui estava ela. Exatamente onde havia dito a ele, declarado claramente, que não queria estar. — Por que você está aí? Explique para mim. — Ele exclamou para ela. Jay-la entendia por que ele estava irritado, ela sentia o mesmo quando representava alguém que fazia o exato oposto do que dizia que queria. Ou descobria que mentiu o tempo todo e quando a verdade vinha à tona, dava m***a. Ficava com raiva e queria que aquela pessoa explicasse suas ações, suas mentiras. — Minha mãe se machucou gravemente e quase morreu, Eric. Eu tive que vir aqui para vê-la, ela estava no hospital aqui. Houve silêncio por um longo minuto. — Ela está bem? — Sim, melhor. — Jay-la respondeu a ele. A mulher em questão estava tão saudável quanto antes, porque eles a atacaram de propósito, só para fazê-la voltar para casa. Não sabia por quanto tempo ia ficar com raiva disso. Sabia que ela e Kora, de forma semelhante, ainda queriam uma compensação da Abbey por aquela imprudência. Estupidez. Como alguém poderia fazer isso, causar tanta lesão a um m****o do bando e achar que estava tudo bem, estava além dela, e fazer isso por uma razão dessas? Um lobo de sangue alfa que deveria estar aqui para comandar o bando, enquanto seu irmão estava longe, cuidar do bando, não machucar seus membros. Algo que seus próprios pais haviam realmente concordado, permitido, pensado estar tudo bem. Ela não entendia isso de forma alguma. Como qualquer pai poderia fazer isso com seu filho? — Ele está aí? — Eric perguntou, e ela sabia que ele estava falando sobre Nathan. — Sim, ele está. — Ela sabia que Eric não ficaria feliz com isso. Não sabia como contar a ele o que havia acontecido, não podia simplesmente dizer a verdade; ele não era um lobo. — Você está em perigo? Você se sente segura? — Estou bem. — Jay-la respondeu a ele. — As crianças? — Elas estão aqui comigo também, Eric. Vou precisar ficar por um tempo. — E fazer o quê, exatamente? Esse homem tem acusações contra ele em relação a você. — Eu estou ciente disso. — Ela assentiu. — Ele está te importunando para retirá-las? — havia um certo tom em sua voz. — Sim. — E? — aquele tom havia desaparecido, e sua voz estava fria e profissional agora. Ele fez de tudo para ajudá-la, mais do que qualquer outra pessoa faria, e ela sabia disso. Agora, como seu advogado, ele queria saber o que ela ia fazer a respeito. Teria todo o tempo e esforço dele sido desperdiçado? Ela tinha desperdiçado de propósito? A mulher fechou os olhos e suspirou. — Provavelmente vou retirá-las, Eric. — Ela finalmente disse para ele. — Isso é ridículo, Jay-la. Você lutou tanto para mantê-lo longe de você e das crianças. E agora você vai dar para ele o que ele quer? — É complicado, Eric. As crianças, elas sabem quem ele é agora. Eu não quero que elas o odeiem. — Isso era toda a verdade, tudo era complicado, e ela não queria que seus filhos o odiassem. — Por quê? Quando ele é aquele que a deixou por outra. Casou-se dias depois de deixá-la. Ele claramente não é um homem honesto, obviamente estava traindo você, Jay-la. — É difícil explicar, Eric. Eu te disse que aceitei o que ele fez, fiquei feliz por ele. Eu quis dizer isso... as coisas funcionam de forma diferente dentro dessas corporações. — Eu não confiaria nele, Jay-la. Quem garante que ele não fará tudo de novo? Para mim parece que o homem só se importa consigo mesmo e com o que ele quer. Realmente parecia, ela pensou consigo mesma, distraída, parecia mesmo. — Quando você vai voltar, Jay-la? — Eric perguntou num tom mais calmo. — Eu não sei, estou presa por causa da neve no momento. — Ela não tinha coragem de dizer a ele que não podia voltar, ou pelo menos não por ligação. Não era a maneira certa de fazer isso. Ela teria que ir até o escritório dele e falar com ele pessoalmente. Já sabia que ele não ia gostar de ouvi-la dizer que estaria se mudando para cá permanentemente. Ou por quê. — Me ligue quando souber, e ligue para o Tim. Ele está preocupado. Não ouviu falar de você e disse que você não atende as ligações dele. — Ele encerrou a ligação. Ela suspirou pesadamente agora, viu que Tim havia ligado, e Nathan também, aliás. Tim havia deixado duas mensagens para ela, pedindo para ligar para ele, disse que tinha conversado com o Tony e sabia que ela havia ido para casa por uma emergência familiar. Que ele só queria saber se ela estava bem e segura. Nathan a olhou com mais do que um pouco de exasperação, queria que ela ligasse para ele e terminasse o relacionamento deles, enquanto ele estava ali ao seu lado. Isso não ia acontecer, ela bloqueou o telefone e saiu sem dizer nada sobre o assunto. Sabia que era por isso que havia recebido aquele comentário esta tarde no escritório dele, porque havia sido solicitada ou mandada para o escritório dele. Ele estava irritado porque ela não tinha feito isso na hora, ali do lado dele para ouvir. Nathan esperava que ela fizesse isso porque era o que ele queria. Ela, no entanto, não era parecida com ele nesse sentido. Não iria descartar Tim, do jeito que Nathan a havia descartado uma vez. Inferno, ela nem tinha descoberto sobre sua companheira por ele, mas, sim, pelo Jackson e Stephen, na verdade. Eles vieram e a encontraram. Ela estava estudando na época em seu quarto na casa dos pais, e sabia imediatamente, pelo olhar em seus rostos, tão desculpado, que Nathan havia encontrado sua companheira. Ele a havia esquecido num piscar de olhos. Ela não faria isso com o Tim, ele merecia algo melhor. Ela ia explicar isso para ele, para que ele pudesse entender, ia pedir desculpas a ele e tentar dispensá-lo suavemente, fazer do jeito certo. Tentar, se possível, manter uma relação amigável. Ela não sabia se isso ia acontecer, mas era um pensamento bom. Ela não apenas iria embora sem dizer nada, nunca mais falar com ele, esquecê-lo completamente, não era quem ela era ou quem ela queria ser. Só porque ela tinha um companheiro agora, não significava que ninguém mais ao seu redor, seus amigos humanos, aqueles que ela conhecia em sua vida humana, não importavam mais.
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