A Garota Assassinada

1485 Words
Acordei colocando roupas simples, minha espada nas costas e pronta para ir ao centro da cidade. Visitaria a família da garota morta e na volta passaria em Lara para vê-la. Minha guarda já esperava na praça de entrada do palácio. Meu cavalo estava selado e pronto para a saída. Entrei na casa de Lara e fui subindo as escadas até a sala em que ela tomava chá pela manhã. Ela estava com seus cabelos longos soltos e parecia distraída olhando a janela. _ Bom dia! Como vai essa manhã? _ perguntei entrando no cômodo. _ Seu novo soldado é muito bonito. _ disse Lara apontando pela janela. _ Nicholas. Ele é chefe da guarda real. _ falei observando o homem de armadura na frente da residência. _ Então vai se casar com Halan. _ ela disse apontando a cadeira em sua frente, parecia muito séria. _ Não tenho alternativa, foi um contrato feito pelo meu pai. _ respondi. _ Ele é um espetáculo e aceitou se casar na lua cheia. _ comentou Lara ainda mantendo a seriedade. _ Não sei qual é o jogo dele, mas ele deve ter um plano. _ respondi. _ Já pensou que pode ser mentira o que as pessoas falam dele? _ perguntou Lara. _ Já sim! Ele fala disso com ironia, acredito que se ele fosse realmente um lobisomen, não ficaria trazendo esse assunto à tona. _ respondi. _ Provavelmente um lobisomen não diria que é um. _ concluiu Lara. _ Provavelmente. _ concordei lembrando-me do sorriso irônico de Halan. _ Chá de limão, por gentileza. _solicitou Lara balançando um sininho. _ Sim senhora. _ respondeu um servo fazendo reverênciae já saíndo. _ É melhor um casamento que tem possibilidade de crescer para algo mais. _ revelou Lara. _ Com certeza, colocando amantes e um quarto inviolável é bem possível que cresce para algo mais, ódio. _ expus. _ Ele não quer que ninguém entre em seu quarto? _perguntou Lara. _ Apenas os servos que vão vir com ele, os quais não posso demitir. _ respondi. _ Está sendo leal a quem o serve. _ concordou Lara. _ E a parte da amante? Está sendo leal com quem abre as pernas para ele? _ perguntei com raiva. _ Provavelmente vai manter uma amante para os dias em que você não quiser visitá-lo. _ disse Lara com naturalidade. _ Não posso visitá-lo. _ falei lembrando-a do quarto inviolável. _ Nos dias em que ele será solicitado. _ concluiu ela olhando tristemente para a janela. _ O que você tem hoje? Parece triste. _ perguntei. _ Meu pai já está decidido a me casar. _ disse Lara com tristeza. _ Eu solicitei uma audiência com ele e ele não foi, disse que estava enfermo. _ revelei a Lara. _ Nunca esteve tão bem de saúde. _ comentou Lara. _ Solicitarei outra afirmando que se não for, tomarei minhas medidas disciplinares. _ confortei-a. _ Ele não vai desistir de me ver casada com um velho sórdido. _ choramingou Lara. _ Casaria-me até com um soldado bonito se fosse necessário. _ Não chamou sua atenção ninguém na festa? _ perguntei lembrando dos nobres. _ Não! _ confessou com sinceridade. _ Seu novo soldado é muito melhor que muitos deles. _ Entendo! _concordei. Despedi-me de Lara e fui para a casa da garota morta no baile. Era uma casa bastante humilde. Levei uma cesta de frutas e pães para a família, comida sempre ajudava com o luto. Fui bem recebida pela família e um grupo de curiosos começou a se formar do lado de fora. A mãe estava em prantos, pois a filha era muito querida. _ Ela sonhava, minha senhora, em ser m£mbro da corte. _ falava a mãe da garota para mim. _ Ela tinha um pretendente. _ Da corte? _perguntei tentando entender o que poderia ter acontecido. _ Falávamos que ele não queria nada sério com ela, mas ela insistia que ele seria a porta dela. _ disse a mãe. _ Quem era ele? Você sabe? _ perguntei a mulher. _ Não! Ela mantinha ele escondido, talvez fosse casado. _ respondeu a mulher. _ Não era casado, pois ela tinha esperança de casar com ele. _ respondeu o pai da garota. _ Nosso reino não permite a separação fora dos motivos já estabelecidos. _ esclareci. _ Ela tinha algum inimigo? _ perguntei, mas já sabia a resposta. _ Era uma menina doce, não tinha pessoas que queriam o m@l dela. _ revelou sua mãe. _ Mas ela ouvia muito, o trabalho dela era frequentado por pessoas da alta sociedade, por isso ela desejava ser igual a eles. _ completou o pai. _ Como assim ouvia muito? _ perguntei querendo saber mais. _ Enquanto ela levava e trazia pedidos, ouvia as conversas pela metade, mas era fácil para ela juntar os pedaços e entender o que estava acontecendo. _ respondeu o pai. _ Mas as pessoas não sabiam que ela conseguia entender do que se tratava. _ concluiu apressadamente a mãe. Então tinham motivos para matá-la, um amante nobre ou uma conversa que não deveria ser ouvida. Alguém tinha seus motivos, pois se arriscar a matar uma mulher dentro de um palácio, cercada por soldados e guardas, era pedir a própria morte. Despedi-me da mãe e só pai da menina e fui ao trabalho dela conversar com o dono do estabelecimento. As pessoas não entendiam o motivo da rainha estar andando pelas ruas para fazer algo que servos poderiam fazer, mas eu queria olhar nos olhos daquelas pessoas e ver a verdade. O dono do estabelecimento ficou bastante alterado e nervoso quando me viu sentada em uma de suas cadeiras com aquela quantidade de soldados e guardas na porta, com certeza espantaria a fraguezia. _ Como posso ajudar, majestade? _ perguntou o homem fazendo uma reverência. _ Achei que não ia te encontrar aqui, que teria que esperar sua chegada. _ respondi. _ Estamos com falta de funcionários e funcionários discretos mais ainda. _ respondeu o dono parecendo dar se conta do que falou depois. _ Por que precisa de funcionários discretos? _perguntei deixando o homem sobressaltado. _ É que... é porque... meu estabelecimento recebe nobres que... como posso falar?... nobres que... eles não querem conversar em outro lugar. _ gaguejou o homem. _ E por que eles não querem conversar em outro lugar? _ perguntei observando o restaurante que tinha uma atmosfera dark com luzes pouco luminosas. _ Somos discretos. _ respondeu o dono. _ Estou percebendo. _ respondi estreitando meus olhos. _ Ficaremos atentos aos seu estabelecimento. _ Senhora, por favor, senhora já falei o que sabia. _ disse o homem em desespero. _ Até que me conte algo realmente relevante, farei várias visitas discretas. _ expliquei já me levantando e deixando para trás um homem desesperado. Chegando na porta pedi a Nicholas para montar um grupo de investigação, queria relatórios diários. Pedi a ele para estabelecer perguntas e nviar três vezes ao dia, soldados para questionar sobre o assassinato da funcionária. Veríamos quanto tempo ele duraria até revelar algo mais interessante. _ Majestade, deixe-me falar, Majestade. _ uma garota solicitou entre a multidão que estava se formando. _ Quero passar. _ Deixe-a passar. _ ordenei para os soldados. _ Majestade, eu conhecia a garota. _disse a mulher fazendo uma reverência desajeitada. _ Trabalhei com ela. _ No restaurante? _ perguntei. _ Não! Na lavanderia. _ disse a mulher. _ Achei que ela só trabalhasse no restaurante. _ comentei. _ Não, ela trabalhava no restaurante do almoço até a janta, na madrugada na lavanderia, mas ela largou. _ explicou a mulher. _ Por que ela largou? _ perguntei. _ Ela estava se encontrando com um homem a noite e ele estava pagando a ela. _ respondeu a mulher. _ Entendo, você sabe quem era? _ questionei. _ Não! Mas era alguém com dinheiro, só que ele terminou com ela e ela teve que vender os cabelos para pagar o vestido do baile. _ contou a mulher me fazendo sentir uma tristeza profunda. _ Sinto muito! Sinto tanto! _ expressei. _ Ela poderia ter comprado um mais simples, mas ela queria impressionar o homem que estaria lá. _ completou a mulher. _ Ela deveria gostar muito dele. _ falei. _ Ela o via como uma passagem para a alta sociedade. _ sussurrou a mulher. _ Ele provavelmente era um nobre. _ Casado? _perguntei. _ Velho, talvez viúvo. Gostava de garotas novas como Dalana. _ comentou a mulher. _ Se souber de algo a mais, pode me falar, eu sei ser grata a quem me serve. _ falei apertando a mão dela, colocando duas moedas de ouro que deveria ser o que ela ganha no ano inteiro. Tive que sair às pressas, pois a multidão já empurrava meus soldados querendo falar comigo. Corri pela lateral encontrando mais soldados que me esperavam, montei em meu cavalo e parti sendo escoltada pela guarda real.
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