Ponto de Vista: Saga
Sete dias depois de sua partida, um mensageiro chegou trazendo um contrato para ser assinado. Os membros do Conselho leram o contrato e enviaram através de seu mensageiro o contrato para que assinasse.
_ Repita novamente o que eles disseram. _ ordenei ao rapaz a minha frente de túnica nova.
_ Disseram que está tudo dentro dos costumes e peculiaridades esperadas. _ repetiu nervosamente o rapaz.
_ Não há lugar nesse palácio que eu não possa entrar. _ respondi raivosamente lendo a parte em questão. _ Ele quer amantes?
_ Não sei responder, minha rainha. Pode ser a parte do costumes. _ comentou o rapaz apertando os dedos incomodado. _ Quer que eu chame um m£mbro do conselho?
_ Peculiaridades. Ele é louco! Está me dando amantes antes de me casar. _ bati na mesa fazendo-a estalar.
_ Algumas rainhas tem esse tipo de contrato para poder focar em interesses mais oportunos. _ revelou o mensageiro estremecendo.
_ Mande alguém vir aqui. Não vou assinar essa barbárie, vai de encontro a minha inteligência. _ ordenei para o rapaz que prontamente saiu do escritório.
O contrato dizia que cada um teria o seu quarto e eu não poderia entrar no quarto dele. O mesmo afirmava que seria agendado as relações carnais, estipulava que eu teria uma obrigatoriedade, pelo menos, duas vezes na semana até a chegada do primeiro herdeiro homem.
Era escrito com palavras requintadas para esconder a imoralidade daquele acordo. Palavras bonitas para estipular um casamento de aparências.
_ O que deseja saber, minha rainha? _ perguntou Lírio fazendo uma reverência.
_ Covardes! Mandaram você para não enfrentar minha ira. _ respondi com ódio.
_ É sobre o contrato? Não li, mas se desejar posso ler. _ ofereceu ela sentando a minha frente e puxando o contrato para si. _ Com licença.
_ Fique à vontade! _ respondi enquanto ela lia.
_ Bem! É um contrato que geralmente é feito pela parte feminina. _ analisou Lírio.
_ Como assim? _perguntei.
_ É costume de princesas fazerem contratos que as libertem dos deveres matrimoniais. _ respondeu Lírio. _ Muitas rainhas ficam livres para "aventurar-se" depois do primeiro filho homem.
_ Não tinha desejo de me casar, não tinha desejo de ter minha vida atrelada a um homem e não tenho desejo de um amante. _ respondi secamente.
_ Esse contrato deve ter sido feito pensando na senhora e não no príncipe, apesar da ressalva da majestade não ter acesso ao seu quarto. _ explicou Lírio. _ Provavelmente não precisaria colocar isso, pois creio que não é do seu interesse frequentar seu quarto.
_ Não tenho interesse no quarto dele, mas fico pensando no que ele estaria escondendo de mim. _ respondi tentando mostrar meu ponto de vista.
_ Pode ser uma amante. _ comentou Lírio tentando acompanhar meu raciocínio. _ Ele vai ser servido por servos pessoais, ela pode estar entre eles ou um amante, não é incomum.
_ Não posso espioná-lo, em outras palavras. _ retruquei.
_ Ele ainda é representante de sua Cidade Forte. Com o tempo se sentirá mais parte da nossa cidade, ainda mais quando chegarem os filhos. _ explicou Lírio.
_ Ele quer amantes. _ constatei.
_ Todos querem! _ exclamou Lírio.
_ Mude a quantidade de herdeiros para apenas um, independente do s£xo, e devolva para que seja assinado. _ respondi friamente.
_ Sim senhora. _ respondeu Lírio pegando o contrato. _ Mais alguma ressalva? Está de acordo com a parte acrescentada pelo seu Conselho?
_ Sim! Pode ir. _ ordenei afundando-me em pensamentos.
_ Ele deve estar retornando em dois dias. Ele pode assinar aqui. _ sugeriu Lírio já na porta.
_ Como desejar. _ respondi.
A modista pediu audiência para tirar minhas medidas para o casamento. Concordamos em um vestido dourado, fechado com renda e mangas transparentes bordadas. Todo em pedraria.
O Conselho pediu audiência, deixando claro que o assunto era a mulher morta no palácio e não o meu casamento com amantes embaixo das camas.
_ Já identificaram quem era a mulher? _ perguntei entrando na sala de péssimo humor.
_ Uma das plebeias que foram sorteadas para adentrar o baile. _ respondeu Puridino. _ Ela trabalhava em um restaurante.
_ Estamos investigando, mas parece que a família não sabe de nada e ela não tinha inimigos. _ respondeu Camim.
_ Sempre falam isso e depois surge desafeiçoados até dos boeiros. _ comentou Onto.
_ Mandei minhas condolências a família junto com algumas moedas. Verifique se tem pessoas para sustentar o lar e oferece uma pensa durante um ano para se organizarem. _ ordenei com todos concordando.
_ Seu amigo deseja ficar. _ comentou Pomelo mudando de assunto.
_ Qual amigo? _perguntei querendo mais informações.
_ Nicholas Varol. _ respondeu Pomelo.
_ Nomeie chefe da guarda real. _ ordenei lembrando-me que seu pai ocupava o cargo anteriormente e eu precisava de um aliado sentado nessas cadeiras.
_ Acredito que seja precipitado nomear um rapaz tão jovem. _ respondeu Onto.
_ Estou nomeando o filho do ocupante anterior, respeite-o. _ falei com autoridade.
_ Deve ter aprendido algo com o pai, veremos. _ desafiou Eron. _ Seu pai foi um excelente chefe da guarda real.
_ Estou contando com isso! _ revelei.
_ A garota foi degolada, talvez isso cause alguma revolta. _ disse Onto voltando para o assunto da mulher morta no palácio.
_ Acenda uma vela para ela na igreja central, coloque flores em seu túmulo durante um ano. Peça para o chefe da igreja rezar por três dias em nome dela, aberto para o público. _ ordenei.
_ Não está exagerando, senhora? _ perguntou Onto.
_ Ela deve ser vista como sortuda e não desafortunada. _ respondi fazendo todos concordarem. _ Quem foi visto perto da cena?
_ A mais próxima foi sua madrasta, mas Amanda jura que não viu nada. _ respondeu Eron. _ Depois dela o nobre Ouriço.
_ Ouriço ocupa a cama de Amanda há anos, provavelmente não estão mentindo, pois deveriam estar juntos fornicando pelos corredores. _ completou Onto.
_ Mas o baile não era pra isso? _ perguntei ainda com raiva.
_ Por falar nisso senhora, outras coisas aconteceram durante o baile. _ comentou Lírio.
_ O que? _ perguntei.
_ A princesa da Cidade Forte Ensolarada foi roubada e estão acusando o príncipe de Muralha de ter feito isso. _ comentou divertida Lírio.
_ Não vejo Ethan fazendo tal coisa. _ respondi lembrando do grandão vermelho.
_ Vamos saber em breve. _ respondeu Lírio. _ Outras princesas também sumiram, mas a maioria já foi encontrada.
_ Um baile de fornicação dá nisso. _ comentei a contragosto.
_ Temos também boatos de um Rei com uma plebeia. _ sussurrou Lírio.
_ Quem? _ perguntei discipando meu m@u humor.
_ O rei de Castelo Alto. _ respondeu ela em tom de fofoca. _ Ele está te pedindo hospedagem para o próximo mês.
_ Nossas mulheres são belíssimas e encantadoras. _ comentei com aprovação.
_ Com certeza ele está encantado. _ completou Lírio.
_ Deixe que ele venha, mas que seja vigiado de perto. _ concluí.
A conversa que se seguiu foi dos gastos com o baile e gastos com o casamento. Carlos pontuou novas fontes de renda e pediu análise para algumas que não estão dando tanto lucro. Um quadro com as próximas previsões foi exibido e as medidas referentes tomadas.
Ordenei que a festa do peixe fosse realizada esse ano para impressionar quem quer que tenha ficado pela cidade e festejar que a pesca esse ano foi melhor do que esperávamos. Fechamos acordo com uma nova Cidade Forte que concederia algumas ervas medicinais e sementes para o novo ciclo.
Pedi que o conselho indicasse nomes para ocupar o cargo de representante das festividades, o que surpreendeu o conselho já que eu julgava um cargo desnecessário, mas eu não aguentava mais ser requisitada para tudo.
_ Escolheremos com cautela alguns nomes ligados a cultura de nossa cidade. _ concordou Onto.
_ Irei ao centro, visitar algumas pessoas, amanhã pela manhã. Peça para que preparem minha guarda e estão dispensados. _ solicitei.
_ O contrato já foi feito as mudanças solicitadas e está aguardando o retorno do príncipe, para que ele assine e posteriormente a senhora. _ informou Lírio se retirando.