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A Rainha que Brincava com Fogo

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Blurb

Saga tinha doze anos quando seu pai faleceu de causas desconhecidas. Ele era o rei da maior Cidade Forte do Segundo Mundo, possuía também o maior porto e riquezas, além de incontáveis inimigos que cobiçavam o local estratégico da cidade. Auro não tinha outro herdeiro digno além de Saga. A mãe de Saga morreu no parto de sua única filha. Sua segunda esposa teve quatro filhos, mas nenhum passou no teste do dragão. Mesmo refazendo o teste três vezes, o que nunca aconteceu antes, por insistência da Rainha Consorte, e mesmo assim nenhum de seus filhos foi agraciado com a dádiva do dragão, o que os impediu de concorrer ao trono.Saga tinha sete anos quando fugiu de seu mestre e se escondeu na sala do dragão, onde o dragão apareceu sem ser convocado e a marcou. Ela passaria pelo teste do dragão quando completasse doze anos, quando seu corpo fosse forte o suficiente para receber a marca. Os curandeiros e moradores do palácio juravam que a menina não iria sobreviver, dez dias tremendo de febre e alucinações para no décimo primeiro levantar e pedir para cavalgar como se nada tivesse ocorrido. Saga governou com punho de ferro a Cidade Forte Vermelha e sentou corajosamente no trono mais disputado do Segundo Mundo durante cinco anos. Mas nada disso impediu de ser forçada pelo Conselho a se casar quando completasse dezoito anos, pois temem sua morte antes de ter herdeiros marcados pelo dragão. Podem fazer quantos bailes forem necessários e quantos arranjos políticos desejarem, a segurança de seus súditos está acima da família real e ninguém é confiável o bastante para ser Rei Consorte, era o que Saga pensava até encontrar com aqueles belos olhos, um presente dado pelos deuses ou uma maldição?

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Forçada a Encontrar um Marido
Ponto de Vista: Saga Olhei para os integrantes do Conselho, mas não conseguia ouvir mais nada do que eles falavam depois de me avisarem que a minha Cidade Forte receberia incontáveis inimigos para um baile de fornicação. _ Duzentos membros de famílias reais não casados e suas guarnições. _ disse Camim, um integrante do Conselho escolhido pessoalmente pelo meu pai. _ Temos de ter certeza que são solteiros e viris. _ Temos que dar preferência à aqueles que têm bastardos, pois assim saberemos que sua semente é forte. _ falou Onto, outro integrante do Conselho tão velho que serviu ao meu bisavô, avó e pai. Enquanto eles discutiam como iriam selecionar os participantes do baile, minha mente girava em torno de duzentos intrusos andando pela minha cidade, comendo e bebendo enquanto tramavam a minha queda. Minha avó jamais aceitaria isso, ela daria dois gritos e todos calariam a boca. Ser viúva tinha suas vantagens, quando tentaram convencê-la a casar novamente, ela recusou a ideia alegando que um Rei Consorte poderia tentar assassinar seu herdeiro que já tinha recebido a marca do dragão. Eu poderia me recusar a dar esse baile, mas iria de encontro ao Conselho, e eles eram pessoas influentes da cidade. Representavam meus súditos como comerciantes, nobres, trabalhadores desfavorecidos, servos, soldados, crianças, jovens em época de estudos, viúvas e até uma representante das prostitutas do reino eu tinha na mesa, era a única mulher e nunca falava. Não adiantava impor minha vontade. Discutir com eles significava fragmentar o reino e como eles geralmente não eram tão decididos em nada ou não concordavam, minha voz prevalecia, mas essa manhã parece que todos concordaram que eu deveria me casar. _ A Rainha deve ter no mínimo sete herdeiros, sete é um número bom, pois já sabemos que pode ocorrer de alguns não receberem a marca do dragão. _ afirmou Eron, integrante do conselho que diziam os boatos ter mais de cinquenta filhos de esposas e mulheres diferentes. Respirei fundo e saí da sala quando eles entraram no assunto de minhas partes íntimas serem examinadas para que o médico averiguasse a melhor posição para a fecundação. Bati a pesada porta atrás de mim em um som que ecoou pelas paredes do palácio. Estavam me comercializando bem na minha frente, eu era a herdeira de Auro, mas o que importava era que eu passasse o mais rapidamente possível o meu trono para um herdeiro, homem, digno. Pedi a um servo que preparasse meu cavalo e uma guarnição para minha ida ao centro da cidade. Visitaria uma amiga e teria uma reunião com minha tia. Precisava de conselhos e ouvir o que os deuses reservavam para mim nesse momento, já que tudo parecia estar saíndo do meu controle. Dois guardas me seguiram enquanto passava pelos luxuosos corredores de tapeçaria vermelha do palácio, entrei no quarto e encontrei dois servos esperando para me atender. Por onde quer que eu fosse, era seguida de perto por guardas e servos prontos para auxiliar mesmo nos menores dos afazeres. _ Vou ao centro da cidade, preciso de roupas adequadas para a cavalgada. _ comuniquei assim que os servos fizeram a reverência. _ Sim majestade. _ falaram ao mesmo tempo enquanto providenciavam as vestimentas. Vesti as calças de montaria junto com a túnica vermelha bordada de flores douradas e o aramado de sustentação da espada. Peguei minha espada e embanhei em minhas costas, onde poderia ser facilmente retirada com o braço direito. Lembrei de meu pai me forçando a ter aulas de luta com seis anos, ele me disse que eu precisaria me defender de todos, inclusive de pessoas que eu amava, pois se fosse para subir ao trono, teria que estar pronta para meus inimigos. Saí do quarto, seguida por novos guardas, desci as escadas para o segundo andar, novamente para o primeiro e continuei até térreo onde atravessei o grandioso salão para sair no pátio frontal onde meu cavalo e uma guarnição de oito homens armados, com armaduras e espadas prateadas, esperavam com suas respectivas montarias. Segui para a cidade encontrando minha amiga Lara primeiro, depois iria à casa de minha tia. Lara era o oposto de mim, alta e meiga, sua voz doce e seu olhar gentil, fazia até o homem mais m@l humorado do reino sorrir, quando encontrava sua beleza loira pelo caminho. _ Lara, estão me colocando para leilão. Tratam-me como uma vaca que deve ser coberta por um reprodutor e dar crias saudáveis para o reino. _ falei me jogando desajeitadamente na poltrona a frente dela. _ Eu gostaria de ser coberta por um bom reprodutor bonitão. _ disse Lara piscando pra mim e servindo delicadamente o chá de limão, nem meus servos sabem que gosto de chá de limão. _ Não é engraçado, Lara. Vou abrir as portas do meu reino para no mínimo duzentos estrangeiros. _ resmunguei. _ Você é a Rainha da maior Cidade Forte do Segundo Mundo. Temos o maior porto em relação as outras cidades, e você recebe dezenas de estrangeiros todos os dias. O que te preocupa? _ perguntou Lara me observando, mas sem obter respostas. _ Dizem que a Cidade Forte Marrom tem um príncipe tão bonito que as mulheres se jogam em seu caminho para serem notadas, o coitado vive recluso para não ser assediado. _ Também dizem que o príncipe mais velho não é filho do rei e sim de um lobisomem que encontrou a rainha em uma de suas viagens. _ falei sussurrando para Lara que tinha mudado de assunto rapidamente. _ Eu sei que dizem que ele é bonito de morrer e ninguém o viu se transformar em mais de vinte anos. _ comentou Lara tomando mais do seu chá. _ Minha linhagem não pode ser duvidosa, somos inimigos dos lobisomens há incontáveis séculos. Eles são irracionais, preguiçosos e gostam de trepar até com árvores. _ falei mexendo furiosamente meu chá. _ Além do que, duvido que o rei deixe sua filha mais velha subir ao trono, deve preferir o príncipe de linhagem duvidosa. _ Se ele deixar a princesa subir, não terá dúvidas que ele também acredita nos boatos. Mas o que importa é que você está concordando em ter pequenos diabinhos correndo pela sala. _ riu Lara me fazendo corar. _ Eu estou concordando que uma hora vou ter que ter herdeiros, mas isso não significa que será em tão pouco tempo, ainda mais com todos esperando minha morte prematura. _ revelei observando minha imagem de cabelos escuros e desgrenhados da cavalgada, no espelho ao lado da mesinha. _ Você gosta de tomar chá nessa salinha desde que estudamos juntas, toda a casa foi reformada, menos essa salinha. _ continuei observando os móveis antigos. _ Meu pai sempre esqueceu dessa salinha, até os criados esqueceram. É a sala mais próxima do meu quarto e próxima também dos estábulos. Os servos ficam preocupados em manter a parte que meu pai frequenta em ordem e impecável, eu tenho que lembrá-los que meu quarto existe. _ comentou Lara rindo. _ Gostaria de ser esquecida também às vezes, sempre tem gente em minha presença, agora mesmo tem guardas encostados do lado de fora do sala. _ falei observando meus olhos azuis no reflexo. _ A vantagem de se ter um monte de irmãos é essa, só vão lembrar de mim quando fizer dezoito, aí eu vou ser vendida para um comprador compatível com minha linhagem, preferia ser leiloada do que casar com um velho rico que já tem no mínimo dez esposas, seria muito mais divertido. _ confessou Lara. _ Você sabe que não vou deixar isso acontecer. Eu sou a rainha. Interfiro de forma direta na vida dos meus súditos. _ informei apontando para minha coroa entrelaçada em meus cabelos, fazendo Lara rir. _ Você só vai se casar com quem você desejar. _ Então espero receber um convite para o seu baile, pois quero ver os solteiros do Segundo Mundo de pertinho. Dizem que o príncipe da Cidade Forte Reluzente cega as pessoas que olham diretamente para ele de tão bonito. _ Possivelmente ele deve ser reluzente. _ comentei fazendo Lara gargalhar. _ Tenho que ir, vou ver minha tia e saber das últimas notícias. _ comentei me levantando. _ Tente prestar atenção para distinguir a fala dos deuses e a fala da velha louca. _ aconselhou Lara segurando minha mão. _ Não se prenda ao que for dito, os deuses gostam de brincar com humanos. Cheguei na casa de minha tia e a encontrei dançando vestida de púrpura com os s£ios amostra, vagava pelo salão principal com sapatos tilintando no piso, ouvindo uma música imaginaria. _ Parece bem essa manhã. _ comentei para chamar sua atenção. _ Ela já acordou dançando, majestade. _ informou um servo fazendo uma reverência. _ Creio que não se alimentou direito está manhã, deixou a mesa intacta. _ Vou à um baile. _ revelou minha tia sem dar importância à mim. _ Do palácio? _ perguntei imaginando se ela sabia que era eu ou estava presa no devaneio. _ Auro vai dar um baile daqui a vinte dias para arranjar um marido para você. _ disse ela rindo e finalmente me olhando. _ Auro está morto, tia. _ declarei friamente. _ Oh! Então quem é o grande homem dançando com você? Ele veste as nossas cores. _ disse a velha parando de dançar. _ Você viu isso? Os deuses te mostraram isso?_ perguntei a ela me aproximando cautelosamente para não assustá- lá. _ Verdade! Não é possível que seja seu pai, ele tinha olhos azuis como os seus. _ declarou a velha tocando o meu rosto. _ Olhos azuis penetrantes. Esse tem olhos vermelhos. _ Sabe o que está dizendo ? Sabe ?_ perguntei agarrando sua mão. _ Lobisomens tem olhos vermelhos. _ Devo estar enganada, você não se casaria com um. Vi tanta coisa esses dias que minha mente está torpe. _ falou a senhora pedindo ajuda ao servo para se equilibrar. _ Auro era tão tranquilo, combinava muito com minha irmã. Ela era uma tempestade e ele uma brisa de domingo. Tinham tanto a te ensinar. Dezoito anos, sua mãe morreu aos dezoito anos, você vai fazer dezoito anos, a morte gosta de beirar a idade dos apaixonados. Eu não tive filhos aos dezoito anos, muito arriscado, mas acabou que não tive em ano nenhum, bem menos arriscado. _ Vim saber o que os deuses tem para mim. _ interrompi seu desvaneio antes que ela se retirasse da sala. _ Eles... Eles. _ disse ela como se tivesse esquecido e depois lembrado. _ Ordenaram que aceitasse o presente. _ Qual presente? _ perguntei lembrando que.poderia receber alguns no baile. _ Você vai saber, porque você não vai querer receber. _ comentou a velha saindo do salão e rindo de gargalha. Então daqui a vinte dias receberei um presente que não quero aceitar, mas terei que aceitar. Os deuses tinham um jeito de brincar com a gente que só eles achavam graça.

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