QUEM É VOCÊ?

1487 Words
LAURA Suportar o peso de um olhar duro e decepcionante sobre mim era difícil, era assim que Ana Liz me olhava. Aquela que um dia foi minha amiga e que eu tinha como irmã, olhava para mim como se quisesse me matar. Gustavo se aproxima de nós e confesso que quase perco o ar, não sabia o sentimento exato que sentia naquele momento. — Família! - diz de forma carinhosa. Ele e Lucas se abraçam, logo cumprimenta Stefane, e quando fala comigo, me dá um abraço. — Sinto muito, Gustavo... Meus pêsames. - falo triste e carinhosamente. — Obrigado, princesa. Sua presença aqui é muito importante para mim. Me afasto do seu aperto, Ana Liz olha para mim com nojo, mas logo disfarça e vem até mim com um sorriso falso no rosto. — Cunhadinha! - me dá um abraço. Um nó se forma na minha garganta. — Como vai, Ana Liz? — Vou bem, apesar de estarmos passando por dias difíceis. - diz de forma triste olhando para Gustavo. — Meu tio era mesmo muito querido, vai fazer muita falta. — Vamos entrar, devem estar cansados. Entramos na grande sala de estar e sentamos Stefane, Lucas e eu em um sofá, Gustavo e Ana Liz em outro na nossa frente, a babá subiu com Ricardo que estava dormindo. — Onde está minha mãe? — Ela deve estar descendo, tudo anda bem difícil para ela. - fala, perdido em pensamentos. Assim que ele termina de falar, ela desce as escadas. Mamãe estava ainda mais linda, seus cabelos agora um pouco maiores, trajava um belo vestido azul-marinho. — Mamãe! - corro lhe abraçando. Meu coração parecia que tinha corrido uma maratona, lágrimas pequenas caíam de meus olhos, a saudade grande que sentia da mesma. — Minha menina... como senti sua falta. - diz chorando. — Também senti mamãe, não sabe como foi difícil... Nos afastamos e ela abraça Lucas e depois Stefane. Mamãe se senta ao lado de Gustavo, segurando sua mão. — Como estão meus netos? - pergunta de forma carinhosa. — Iria fazer a mesma pergunta, faz anos que não vejo meus sobrinhos. Não era novidade para ninguém que estava afastada deles por causa da família Greco. — Eles estão bem, mamãe. - respondo carinhosamente. Meu celular vibra na bolsa e eu vejo uma mensagem de Teresa, que quer falar comigo quando eu tiver tempo. — Tudo bem? - Lucas pergunta me olhando. Faço sinal que sim com a cabeça. — Se me dão licença. Caminho para o jardim da casa, ligo imediatamente para Teresa, ela não demora para atender. Ligação on — Aconteceu algo com meus filhos? — Não, senhora. Quero falar sobre outra coisa. — Diga... — Bela andou fazendo perguntas sobre o pai... Não sei muito bem o que dizer. — Diga que ele morreu, seja cautelosa e fale coisas boas sobre ele. — Nicola não tem interesse algum, nunca perguntou sobre nada. — Nem sobre mim? — Senhora... — Não precisa explicar, Teresa. — Era apenas isso que queria falar, tenha um ótimo dia. — Obrigada! Diga para meus filhos que os amo muito. — Pode deixar, Senhora. Ligação off Suspiro, sentindo-me triste, era difícil toda essa situação. Sento-me em um banquinho no jardim, meus olhos se voltam para um homem passando, estava diferente, mas não esqueceria suas características marcantes. Caminho até ele, que conversa com outro homem, meu coração bate forte e começo até a tremer. — Gabriel? Ele se vira e olha para mim, seus olhos azuis como me lembrava, mas estavam mais frios. — Laura... Sua voz saiu docemente, como também surpresa. — O que faz aqui? - pergunto sentindo o ar me faltar. Ele fica calado como se pensasse no que responder, não precisaria de muito para saber o motivo da sua presença. — Você trabalha como soldado? Eu era o seu trabalho? - pergunto com raiva. — Tem muita coisa que precisa entender. - fala calmamente. Outro homem se aproxima de nós. — Senhor, encontramos a localização. — Já estou indo. Para o homem chamá-lo de Senhor, quer dizer que ele tem uma patente alta na máfia. — Quem é você? — A mesma pessoa que conheceu na ilha. — Não! Aquela pessoa se quer existiu. Todos esses anos, você nunca procurou saber sobre mim. — Porque sabia exatamente onde estava, você seguiu sua vida. Eu abaixo a cabeça frustrada. — Vou te explicar tudo depois, agora preciso ir. — É isso? — Depois, Laura... Você está linda! - abre um pequeno sorriso. Então saí, me deixando sozinha, um sorriso brota em meus lábios, o destino nos uniu outra vez. Era estranho sentir isso, tudo estava confuso para mim, queria saber o motivo das mentiras, mesmo sabendo as respostas. Entro e encontro todos conversando na sala, menos Stefane e minha mãe. Lucas olha para mim como se perguntasse quem era no celular. — Qu'est-ce que vous avez dit. (Depois conversamos, foi o que disse.) — Vou subir, estou cansada da viagem. Antes que eu diga mais alguma coisa, Ana Liz se levanta e caminha até mim. — Vou levá-la para seu quarto. Não precisava ser muito esperta para saber que ela tinha outras intenções. Subimos as escadas silenciosamente, quando chegamos em frente a uma porta que indicava ser meu quarto, Ana Liz puxou meu braço. — Olha aqui, Laura. Eu não deixarei que entre em nossas vidas novamente. Olho para ela de cima para baixo, meu olhar para a mesma era frio como gelo, não sentia medo e tão pouco pena. — Está preocupada com minha presença aqui? Se esse é o motivo, não precisa... - digo andando para trás da mesma. Vejo que ela respira bruscamente, sua irritação é perceptível. — Non voglio tuo marito. - digo de forma debochada em italiano. (Eu não quero o seu marido.) — Agora, se me der licença, sorella. - digo entrando no quarto e batendo a porta na sua cara. Poderia até ser visto como um desaforo da minha parte, mas não tinha mais medo dela, acho que de mais ninguém. Desfaço minha mala e guardo tudo, pego um cigarro e acendo, sento-me na varanda do quarto. Hoje à noite será o velório do meu tio e amanhã o sepultamento. Lembro-me bem do dia em que tive que enterrar meu pai, a dor que senti, sinto sua falta todos os dias. Já desejei a morte inúmeras vezes, porém não estava preparada para lidar com ela. Acabo de fumar o cigarro e resolvo tomar um banho, entro debaixo do chuveiro sentindo-me até mais leve, terei que encontrar os Greco hoje à noite, não conseguiria fugir, mas também não abaixaria a cabeça. Saio do banheiro e visto um vestido leve, deito na cama e me forço a dormir um pouco. Após uns 10 minutos que parecem uma eternidade, pego no sono. (…) Acordo com alguém batendo na porta, coço meus olhos suspirando cansada. — Pode entrar! - me sento na cama. Stefane entra com um vestido longo preto, seu cabelo preso em um coque baixo. — Ainda não está pronta, as pessoas já começaram a chegar. - diz caminhando até mim. — Pronta para quê? - pergunto sonolenta. — O velório, Laura! Já são sete horas. Me levanto num pulo, acho que dormi demais. — Nossa, perdi a noção do tempo. Vou me arrumar agora. - caminho para o closet. Stefane parece nervosa, ela se senta em um sofá no closet e fica roendo as unhas. — Está me deixando nervosa agindo assim... O que você tem? — Os Greco estão aqui, chegaram pela tarde. — Não precisa ter medo, Ste... ele não vai chegar perto de você. - seguro sua mão. — Tenho medo, Laura... acabo sempre lembrando de tudo. - fala deixando cair uma lágrima. Eu sabia qual era a sensação que ela estava sentindo, sentia isso todos os dias. — Meu irmão está aqui, Dimitri nunca mais chegará perto de você. - te dou um abraço. Pego um vestido preto justo e saltos da mesma cor, começo a tirar o vestido que usava e Stefane me olha. — Não sabia que tinha feito uma tatuagem, isso é novidade. - diz olhando para a tatuagem no meu braço. — Tenho outras também. - mostro sorrindo. — São lindas, Laura... — Tem grandes significados para mim. Assim que termino de me arrumar, Stefane e eu saímos do quarto, meu coração acelerava a cada degrau que descia, os olhos de algumas pessoas se voltavam para mim com curiosidade, acenei e passei direto. Tinha muitas pessoas na casa, era até de se esperar, meu tio sempre foi um homem justo e querido por todos, Gustavo conversava com algumas pessoas e direcionou seu olhar para mim, caminhei elegantemente até minha mãe, ela estava com meu irmão. — Mãe! - beijou minha testa. — Demoraram bastante. - diz segurando a cintura de Stefane. Antes que eu respondesse, paralisei ao escutar sua voz. — Laura...
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