QUEM É VOCÊ? - CONTINUAÇÃO

1810 Words
LAURA Me viro vendo Dimitri em minha frente, seus olhos avaliando-me devagar, reviro os olhos com tédio, ele não havia mudado nada. Dimitri: Queria ter mesmo certeza que era você...estar ainda mais linda._diz abrindo um sorriso macabro. Lucas: Deixa a minha irmã em paz!_diz se pondo em minha frente. Dimitri: Oh que lindo! O irmãozinho defendendo a pequena irmã... __O que você quer, Dimitri?_falo com tédio. Dimitri: Não deveria fazer essa pergunta, pois quero muitas coisas._diz passando a língua nos lábios. Stefane: Nojento... Mariana: Já chega, Dimitri! Não vou permitir que provoque meus filhos, hoje é o velório do meu irmão, você não vai estragar isso._diz firme. Ele apenas abre um sorriso e saí calado, solto o ar que nem sabia que prendia. Lucas: Ele é um desgraçado!_fala com raiva. __Não vale muito a pena._falo pegando uma taça com um garçom que passa por nós. Lucas olha para mim quase que perfurando minha alma. __Isso é apenas água, Lucas._falo irritada. Ele olha melhor e comprova que falo a verdade. __Que saco, eu não sou mais uma criança!_saio irritada. Caminho para a varanda e observo o céu escuro, alguém se aproxima de mim e olho para trás. __Você me assustou..._falo bebendo um gole da água. Gabriel: Desculpe, não tive a intenção._ele acende um cigarro. __Você está sendo bem misterioso..._pego o cigarro de sua mão. Ele olha para mim sorrindo. __Odeio mistérios...Então diz logo o que eu quero ouvir. Gabriel: Mesmo que não goste? __Mesmo que eu não goste. Gabriel: Eu sou primo do Gustavo, Beatriz era minha tia... Fico calada e ele entende que é para continuar. Gabriel: Estava em uma missão importante, foi exatamente quando voltei, meu tio Marcos pediu para que eu fosse até a ilha. __Então eu era o seu trabalho? Ele confirma com a cabeça. __Gustavo sabia? Gabriel: Sim... __Você me usou, tudo foi mentira..._falo triste. Gabriel: Tudo foi o mais real possível. Tudo que senti naquela ilha foi real, eu gostei de você desde que te vi pela primeira vez... Te entrego o cigarro. __Então não gosta mais?_abro um pequeno sorriso. Ele se aproxima cautelosamente, nossos rostos estão próximos demais, sinto seu hálito quente em meu rosto, dava para perceber que havia tomado whisky, seu olhar era profundo e sensual, eu queria aquele homem para mim. Gustavo: Laura? Olho para o lado para ver Gustavo parado na porta, seu olhar caí sobre nós e ele parece querer matar o Gabriel agora mesmo. Gabriel se afasta e traga o cigarro, ele não parece nem um pouco abalado ou envergonhado. __Sim?_falo olhando para ele. Gustavo: Sua mãe está te procurando... __Conversamos depois. Passo por ele e sigo para a sala, sinto minhas costas queimar, um dos dois está me observando, ou até mesmo os dois. __Estava me procurando?_falo colocando a taça em uma bandeja. Mariana: Queria te dizer que pra mim é importante sua presença aqui, eu sei o quanto você está tentando ser forte, vou conversar com o Lucas sobre os seus filhos...eles devem permanecer ao lado da mãe._diz emocionada. Eu ainda não sabia, mas tudo tinha um motivo, ela queria que eu fosse forte para algo que estava se aproximando de nós. __Obrigado mamãe..._te abraço forte. Minutos se passaram e começou o velório, havia algumas pessoas bastante emocionadas, principalmente mamãe, Gustavo estava aéreo a tudo em sua volta, seu silêncio significava sua tristeza, eu sabia bem disso. Abraçada a mamãe eu pude ver Estela avalia-me do outro lado, seus olhos demonstravam raiva e magoá. Por mais que quisesse, não conseguia derramar uma lágrima, aquele ato já era bem difícil para mim, meu coração se apertou em tristeza, eu não era mais a mesma, antigamente estaria me derretendo em lágrimas, sempre fui muito emocional. Gustavo falou algumas palavras, como outras pessoas próximas ao meu tio também. Subi para o quarto exausta, fazia dias que não me permitia descansar de verdade, nem sabia o que era dormir de verdade, e isso já fazia tempo. Bastou meu corpo encostar na cama para eu apagar, pela primeira vez em anos, dormia sem usar medicamento algum. ••••• O dia já estava amanhecendo quando acordei, me sentei na cama e olhei para o mei corpo, ainda estava vestida com a mesma roupa de ontem, segui para o banheiro e começei a me despir, sentia uma leve dor de cabeça, mas não iria tomar remédio algum, tentaria ficar limpa pelos meus filhos. Entrei debaixo do chuveiro e respirei profundamente, teria que descer e olhar para a cara daquela família, eu estava contando os dias para voltar logo para casa. Saio do banheiro enrolada em uma toalha, meu celular começou a tocar em cima da mesinha, pego atendendo a ligação, o número era desconhecido por mim. Ligação on __Alô? A linha estava muda, ninguém do outro lado dizia nada. __Quem é? __Eu consigo ouvir sua respiração... Ligação off E então desligam a ligação, aquele ato era muito estranho, sento na cama pensativa, ninguém tem o meu número pessoal, há não ser minha família. Caminho para o closet, não vou pensar mais nisso, pego uma blusa preta de manga longa e gola alta, uma calça da mesma cor e visto, prendo meus cabelos no coque alto e deixo os fios totalmente alinhados. Saio do quarto e quando vou descendo as escadas encontro Gustavo, ele olha para mim com os olhos intensos e apaixonados, mas já não sou mais uma menina para me iludir com tão pouco. Gustavo: Está linda..._diz de forma carinhosa. __Obrigado._respondo secamente. Gustavo: Por que trata-me assim? __Eu apenas não tenho motivos para ser carinhosa com você... Gustavo: E com ele tem?_pergunta enciumado. __Com quem?_pergunto em confusão. Gustavo: Eu vi como vocês estavam ontem na varanda, estavam quase se beijando... __Eu sou uma mulher solteira e que eu saiba ele também. Qual seria o problema? Gustavo: Ele é meu primo, te enganou... __Ele é seu primo, falou certo. E ele não me enganou totalmente sozinho, né? Mas não precisa se preocupar, já sou bem grandinha para saber me cuidar._falo descendo as escadas. Na mesa todos já estavam sentados, beijo a cabeça da minha mãe e me sento ao seu lado, logo Gustavo aparece também e se senta na ponta da mesa, do seu lado direito esta Ana Liz e do esquerdo Gabriel, nossos olhos se cruzam rapidamente. Um silêncio se faz presente no local, é como se todos aqui se odiassem, ninguém dizia uma única frase, até agora. Estela: Como você está, Laura?_pergunta olhando para mim. Olho para ela sem entender o motivo da pergunta. __Estou bem._respondo bebendo o suco. Estela: Não parece muito...Fiquei sabendo que teve problemas com álcool e remédios._diz secamente. Não era burra, sabia que aquele assunto tinha um propósito, ela queria me deixar irritada. Vi quando Ana Liz abafou um sorriso, aquilo só me deixou com mais raiva. __Isso não é mais um problema para mim. Estela: Espero mesmo que não, il senso di colpa é sempre un problema._toma um gole do café. (A culpa sempre é um problema.) Mariana: Não precisa atormentar minha filha assim, Estela._mamãe diz firme. Estela: Eu não fiz nada... __Tudo bem, mamãe._seguro em sua mão. Meu olhar se volta para Gabriel, ele encara tudo em silêncio, seu olhar avalia cada pessoa dessa mesa, ele me olha nos olhos e abre um pequeno sorriso. O café da manhã termina sem demora, e eu até mesmo agradeço, já estava ficando insuportável todo aquele ar poluente. Seguimos para o jardim da casa, todos já aguardavam a família, iniciaria o sepultamento de meu tio, minha mãe chorava muito dessa vez, sabia o quanto era difícil para ela tudo aquilo, coloco os óculos de sol e me permito chorar pela primeira vez, uma mão segura a minha e olho para o lado vendo Gabriel, ele parecia bem triste. Gustavo do outro lado olhava tudo atento, Ana Liz se pós ao seu lado e olhou para onde seu marido olhava, ela então fechou as mãos em punhos de tanta raiva que sentia. O padre começou a falar algumas palavras de acalento para a família e amigos, depois ele passou a palavra para Gustavo. Gustavo: Во-первых, я хотел бы поблагодарить всех, кто пришел сегодня... Для тех, кто знал моего отца, вы знаете, что он был добрым и справедливым человеком... Всему, чему я научился, он научил меня, если я человек, которым я являюсь, это благодаря ему... Пусть он покоится с моей дорогой мамой..._disse a última parte olhando para Henrique. (Primeiro gostaria de agradecer todos que vieram hoje...Para quem conhecia meu pai, sabe que ele era um homem de bom coração e justo...Tudo que aprendi foi ele quem me ensinou, se sou o homem que sou, é graças a ele...Que ele descanse em paz junto a minha querida mãe...) Todos batem palmas, o padre fala mais algumas palavras e logo o caixão começa a descer, Ana Liz segura a mão de Gustavo que estava bastante triste, logo algumas pessoas se aproximam dele para conforta-lo, meu tio foi enterrado do lado de sua amada Beatriz, várias flores enfeitavam os túmulos dos dois. Caminho distraída pelo jardim, fumava um cigarro e observa a babá brincando com a filha de Gustavo, ela parecia bastante com a mãe, rezava que fosse apenas na aparência, senti alguém atrás de mim e me virei para ver Estela olhando a mesma cena que eu. Estela: Onde ele está?_pergunta ainda sem me olhar. __Quem?_pergunto confusa. Estela: Meu filho, Laura...O seu corpo onde está? Meu coração começa a bater mais rápido, sinto minhas mãos começarem a tremer. __Eu não sei... Ela me olha nos olhos, seus olhos levemente marejados. Estela: Eu só quero enterrar o meu filho, você é mãe agora...Ou pelo menos fingi ser... __Não sei do que você está falando, e também não vou aceitar que diga algo que não sabe._apago o cigarro com a sola da bota. Estela: Eu gostava de você como uma filha...você não faz idéia de tudo que tirou de mim... Abro um sorriso sarcástico. __Não sabia que você desejava para Ana Liz todas as coisas que passei...É muita hipocrisia da sua parte, Estela, você e sua família que não fazem ideia de tudo que tirou de mim. Estela: Você é mãe e faria qualquer coisa pelos seus filhos, foi o que eu fiz. Olho para ela desacreditada, não conseguia entender como alguém poderia ser assim. __Então pronto. Procure você o corpo do seu filho, agora me deixem em paz. Saio andando com raiva. Estela: VOCÊ VAI SE ARREPENDER, LAURA!_grita com histeria. Corro para longe da casa, meu coração doia mais que tudo, meus olhos já não conseguiam segurar as lágrimas, me jogo no chão de joelhos, eu só queria que tudo isso acabasse, não queria lembrar dele, do que eu fiz, eu havia matado alguém, matado o pai dos meus filhos, tinha medo que eles não me perdoassem nunca por isso. Eu tinha medo de lembrar do que eu queria esquecer.
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