PRESA A MÁFIA

MEU CARMA

ANA LIZ

MOSCOU | RÚSSIA

Eu deveria compreender a dor de ser infeliz, parar de lutar por um casamento fracassado, é difícil amar alguém que não te ama, e era assim que me sentia diariamente.

Não tinha o seu amor e nem um olhar carinhoso de sua parte, nossas únicas conversas eram sobre nossa filha, seus dias e noites eram longe de casa, eu não havia sentenciado só a mim, como também a ele.

Éramos dois infelizes...

Não estava disposta a abandonar ele e a minha família, não para deixar para ela. A mulher que roubou tudo de nós, que fez o meu irmão falecer, sentia culpa por dizer o que ele não queria ouvir. Apaguei a memória daquele dia, culpa era o que sentia, mesmo que não quisesse assumir.

Hoje era um dia triste nessa casa, meu sogro, pai de Gustavo, havia falecido, ele estava péssimo com sua partida, amava o pai como ninguém, mas pior que isso era ter que aturar quem estava para chegar.

A família Vincent logo chegaria à Rússia, e como não poderia faltar, ela estaria junto. Odeio a ideia de ter que olhar e engolir as duas mulheres que tramaram contra minha família dentro de minha casa, mas Gustavo já havia me dito que não tolerará desrespeito com os seus.

Estou organizando tudo para a chegada de todos, essa casa não anda sem mim.

— Senhora? - diz abaixando a cabeça.

— Hum? - arrumo um vaso de flores.

— O Senhor Ivanov pediu para ir até o escritório.

Olho para a mesma pela primeira vez, cabelo preso e cabeça baixa em sinal de respeito, observo que ela é um pouco mais nova que eu.

— Quem te contratou? - pergunto olhando para os olhos da mesma.

Ela me olha confusa.

— Os meus pais trabalham aqui, Senhora.

— Pode ir! - observo a garota sair apressada.

Não confio em nenhuma empregada muito nova, da última vez tive problemas com uma querendo dar em cima do meu marido, mas logo a coloquei em seu devido lugar, ainda corre sangue de uma Greco em mim.

Caminho lentamente para o escritório e bato na porta assim que chego, escuto sua voz autorizando minha entrada.

— Mandou me chamar, marido? - pergunto docemente.

Ele se quer me olha e continua mexendo no notebook.

— Sim, sente-se.

Faço como mandou e espero que se pronuncie.

— Sabe que o Lucas e sua família estão vindo para cá...

— Sim, sei. - ele me olha como se ainda não tivesse terminado de falar.

— Sua família também estará aqui, não quero conflitos de ambos. Peço que controle sua família, principalmente Dimitri, se resolver aparecer aqui. - diz de forma autoritária.

— Já posso ir?

Ele acena com a cabeça, caminho até a porta e paro.

— Tem uma empregada nova, ela não passou por mim. - falo olhando para ele.

— O que tenho haver com isso, sou eu que contrato os funcionários? - pergunta com tédio.

— Não, mas sim sua tia. - ele olha para mim.

— Já chega, Ana Liz. Não seja infantil...

— Sabe muito bem o que aconteceu da última vez, não confio em uma empregada tão nova.

— Já pedi desculpas, não posso fazer mais nada por você. - seu olhar é vazio, como suas palavras.

— Pedir desculpas por dormir com a empregada...

— Saia, tenho trabalho para fazer. - fala irritado.

Saio com raiva e bato a porta com força, caminho em passos pesados para o meu quarto. Beatriz chegará mais tarde com meus pais, eles haviam pedido para que ela ficasse um pouco com eles, no começo foi difícil convencer Gustavo.

Entro no banheiro com total estresse, já não basta ter que aguentar empregadinhas por aqui, ainda aguentarei a Laura chegando, eu mereço mesmo.

Tomo um banho relaxante de banheira, vou direto para o closet e pego um vestido florido, deixo meu cabelo solto mesmo e passo uma maquiagem leve.

Desço as escadas e encontro Gustavo já arrumado, o que me faz perceber que ele tomou banho em outro banheiro.

— Ainda não chegaram? - pergunto com tédio.

Gustavo me olha e toma um gole da vodka que estava em suas mãos.

— Já chegaram, estão a caminho.

Respiro bruscamente.

Passam quase 20 minutos e um silêncio reina na sala, quando somos avisados de que eles chegaram.

Ficamos em pé um do lado do outro esperando, assim que passam pela porta, meu olhar caí exatamente em Laura, que agora está completamente diferente de antes.