CAIO
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Abro meus olhos e vejo que estou no meu quarto na fazenda. Logo a saudade me nocauteia novamente. Sonhar com Naiane e Cauã não era uma coisa r**m. O r**m era acordar e ver que minha realidade não era eles dois. Que aquilo não passou de um sonho e que nunca mais vou poder estar com eles novamente. Isso sim era minha desgraça.
Nos conhecemos no primeiro ano de faculdade. Foi paixão a primeira vista. Ela era diferente, especial. Nos casamos antes mesmo de terminar a faculdade. Não foi nada fácil para nossa família aceitar no início, felizmente todos não só aceitaram mais também nos apoiaram. Queríamos estar juntos a todo instante. Como se soubéssemos que não teríamos a vida inteira pela frente. E de fato no nosso pequeno infinito nos amamos demais. E quando o Cauã chegou sabíamos que era só para concretizar o quanto éramos felizes juntos. Não foi nada fácil ter um bebê ainda na faculdade. Felizmente nossa família era maravilhosa e todos nos ajudaram. Tudo ia perfeitamente bem. Até aquela fatídica tarde...
Cauã e Naiane estavam no parque. Ela sempre o levava para passear lá. Passar um tempo a mais com ele. Ele adora a sua bola azul. Naiane viu uma paciente com o bebê passeando pelo parque. Sempre muito cuidadosa com todos ela foi até ela cumprimentar. Foi um uma fração de segundos, a bola foi pro meio da rua. E ele ingênuo como toda criança foi pegar, bom não me canso de fazer essa pergunta na minha mente várias vezes. Quem dirige pelo parque bêbado as três da tarde... Foi o pior dia da minha vida. Era como se um pedaço da minha alma estava sendo arrancado. Como se milhões de facas estivessem a atravessar meu peito de uma única vez.. o desespero da Naiane era evidente tão doloroso pela culpa que ela julgava ter. Esqueci um pouco da minha dor, para cuidar dela. Infelizmente de nada adiantou. Uma ida rápida ao mercado quando eu achei que ela estava começando a respirar da dor. Quando voltei pra casa ao lado do vidro de cianeto estava o seu bilhete.
Espero que consiga me perdoar algum dia. Por que eu não consigo.
Tentei salvar ela, tentei reanimar, liguei para ambulância fiz tudo que estava no meu alcance naquele momento. O envenenamento por cianeto e rápido e letal. Por isso ela esperou eu sair de casa. A morte pode acontecer em minutos, e ela sabia perfeitamente disto. Doeu. Dói na verdade muito.
Me reerguer não foi fácil. Ver os olhares da minha família da família dela. Se perguntando se alguma coisa poderia ter sido diferente. Mas conhecendo ela como eu conhecia, nada do que eu pudesse fazer mudaria a escolha dela. Eu só queria ter sido o suficiente. Eu queria que ela tivesse escolhido ficar ao meu lado e enfrentar isso junto comigo.
As vezes eu gostaria de ter tido coragem na época, coragem para fazer o mesmo. Mas não tive. Não pude. Não sei...
Fugir pra fazenda foi muito bom. Heitor sabia como eu estava sofrendo e me ofereceu ficar aqui. Confesso que não entendia exatamente nada a respeito de cuidar de uma fazenda. Então ele me disse que na verdade cultivam rosas aqui. E que a fazendo era um sonho que o pai não lhe permitia seguir então ele precisava. De um administrador. E aqui estou eu a 11 anos. Cuidado do lugar. Depois que Heitor morreu achei que teria que ir embora. Felizmente Alex me deixou ficar. Não estava pronto para volta para minha realidade. E hoje depois de tantos anos. Não sei se quero algum dia voltar pra minha antiga profissão. Gosto do que faço aqui. Gosto do que sou aqui.
Escuto barulho de. Carro entrando na fazenda. Quem será a essa hora da manhã?
Olho pela janela. Uma mulher. Não me parecia estranha. Quem será e o que quer aqui?
Provavelmente já se tratava da venda da fazenda. Alex me ofereceu. Eu não queria fincar raízes deste modo aqui. Apesar de achar que poderia ficar aqui o resto da minha vida. Não era exatamente o que eu considerava, compra o lugar
O que poderia demora mais alguns anos sem problemas algum. Eu sabia que uma hora ou outra tinha que continuar minha vida. Só não estava pronto pra isso.
- Caio. – eu estava na varanda com uma xícara de café.
- Nik. Quanto tempo. O que faz aqui?
- Pois é. Eu vim fazer um passeio. Olhar esse lugar uma última vez quem sabe... Alex, disse que está pensando em vender.
- É... Entra toma café comigo?
- Sim, obrigada. – continuamos nossa conversa e preparava nosso café da manhã.
- Vou sentir falta desse lugar...
- Por que não quis ficar com ele?
- Não sei... Gosto muito do lugar. Mais acho que vou ficar aqui pra sempre. – coloco um prato com ovos mexidos e bacon na sua frente. Na mesa tinha frutas, pão, café, suco. Ela até me ajudou a colocar a mesa mais disse que não sabia cozinhar.
- Obrigada. O que você fazia antes?
- Er... Medicina. – falo meio cauteloso.
- Você é médico. Que bacana em que área?
- Quer mais café? – tendo mudar de assunto.
-Sim. Nossa que delícia caio. Eu sou uma negação na cozinha.
- Obrigado. Eu estou a tanto tempo pra cá sozinho, tive que aprender a me virar.
- há... Eu sou refém do fastfood. Praticamente vivo de comida comprada pronta.
- Eu gosto de uma comida caseira. Então tive que aprender a me virar.
- No meu caso, nem assim. Odeio cozinha. Mais gosto de uma boa comida.
- Vai ficar hoje aqui. Posso preparar algo pra gente.
- É, vou sim. Devo ir amanhã a tarde.
- Vai ser bom ter um pouco de companhia.
- Você podia vir comigo dar uma volta pelos campos rosas?
- Pode ser. Está chegando a época da colheita as rosas estão lindas.
Terminarmos o nosso café e nos preparamos para passear pela fazenda. O lugar era realmente deslumbrante. As rosas estavam desabrochando o que deixava o lugar perfeito.
Nik parecia uma criança correndo pelos campos. Seu sorriso era lindo como se estivesse descobrindo a felicidade.
- Tira umas fotos minhas?
- Claro – pego seu celular.
Ela começou a fazer várias poses, seu sorriso era cativante, não tinha parado para perceber o quanto ela era uma mulher linda. Não usava praticamente maquiagem nenhuma. Sua beleza era impecável e natural. O corpo era perfeito como se tivesse sido desenhado...
- Caio? Caio!?
- Sim?
- O que aconteceu? – droga eu estava ali parado igual a um bobo admirando ela. Caio seu idi0ta ela é gay. Você sempre soube disso.
- Nada. – olho rapidamente o relógio. – já passa do meio dia. Vamos. Vou preparar nosso almoço.
- Vamos. Quero pegar uma piscina depois do almoço.