Abro meus olhos com um pouco de dificuldade ainda... Quando escuto outro barulho na parede do quarto que faz divisória com o escritório.
Só pode ser o Alex. Está com raiva e quebrando as coisas. Pensei que tinha parado com isso. Nós últimos anos sempre que fica com muita raiva ele quebra metade do escritório dele.
- Alex! O que vocês está fazendo? Para com isso. – entro no escritório estava um caos.
- Sai Nik!
- Quebrar as coisas não vai adiantar nada.
- Estou bem assim obrigado. Não que se importe muito.
- Não é assim...
- Vai embora Nik! Saí daqui... E o que você faz de melhor não e mesmo, fugir. – suas palavras magoam um pouco. Ele sabe o por que eu fui.
- Eu não te abandonei Alex..
- Dá no mesmo. Você se foi e me deixou aqui com eles... Sabe quantas vezes eu ouvi o que eu ouvi hoje? Enumeras vezes Nik. Enumeras vezes! – ele quebra o porta retrato com a foto de quando éramos crianças. – Milhares de vezes ouvi seus pais e o meu pai me dizer que os filhos errados morreram naquela noite. E o pior de tudo? É que eu sempre concordei. Eu deveria ter morrido no lugar de Heitor.
- Alex, Eu não podia ficar... Eu não conseguiria como você conseguiu. Eu sei que não foi o melhor. Eu só precisava ir. Mas eu cansei de fugir. Estou aqui e não vou mas embora. Mesmo que você me mande fazer isso. Eu não vou mais permitir que eles façam isso comigo.
- Tanto faz. Agora me deixa em paz.
- Alex...
- Sai daqui Monik, eu não quero conversar! – Alex grita. Me empurrando pela porta. Batendo ela logo em seguida. Sento no chão encostada na porta.
Suas palavras doem muito, eu sei que foi verdade. Quando eu resolvi ir embora de vez do Rio Alex pediu que eu não fosse. Disse que não poderia passar por tudo sozinho. Ainda assim eu não pude ficar. Eu precisava sarar a minha dor. No início nos falávamos todos os dias e nos primeiros anos eu vinha com frequência ao Rio. Ver ele ,ver meus pais. Depois passei a vim só por ele e cada vez menos conseguia ver os meus pais. Nossos telefonemas foram ficando cada vez mais distantes até que quase não nos falávamos mais com tanta frequência, Algumas mensagens trocadas ao longo da semana e só.... Nos últimos 4 meses que eu já estava pensando em voltar, foi que o nosso contato voltou a ser frequente. ele ainda não sabia que eu pretendia voltar.
- Monik o que esta acontecendo? – Belle me pergunta.
- Você não sabe que dia é hoje – ela n**a – É hoje Belle, hoje e aniversário de morte dos nossos irmão, hoje faz dez anos que tudo acontece...
- Desculpe eu não sabia, sinto muito.
- Eu devia ter imaginado que ele não te contaria, ainda perguntei de manhã quando fomos no cemitério se você não iria junto, ele disse que não, nem perguntei se ele havia te contado.
- Eu teria ido com vocês.
- Encontramos meu pais lá, eles discutiram falaram muitas coisas para o Alex, eu sei que ele saiu de lá arrasado novamente e justo agora que ele já estava aceitando melhor isso. Ouvimos muito do meu pai...
- Como assim o culparam? – mais vidros se quebram no escritório. Eu sabia que essa seria uma noite longa.
- Acho melhor ele te contar, desculpa vou para o meu quarto – eu precisava respirar.
- Tudo bem, bom descanso.
Belle é uma boa pessoa. Alex teve sorte de encontrar alguém assim pra ele. Alguém com quem ele vai poder contar. E não uma traíra desgraçada que dorme com sua melhor amiga.
Novas mensagens da Pâmela estavam no meu celular. Será que ela não se toca que eu não quero mais nada com ela?
Pamela foi alguém legal na minha vida. Mais não foi amor. Eu nunca amei ela. Na verdade eu nunca tive aquelas paixões doidas que te tiram do eixo que te levam a fazer certas loucuras. Nem mesmo quando me descobri gay. Era legal. Samantha despertava coisas novas que outras pessoas não haviam despertado. E foi bem legal. Mais quando acabou. Foi de boas também. E é assim que me sinto em relação a Pamela. Eu gostei. gostei bastante e senti sua traição. Mas não está sendo o fim do mundo, uma hora ou outra vão te trair e você tem que ter os teus pés no chão de que nada e pra sempre nas nossas vidas. Principalmente pessoas.
Minha garganta estava seca, dou uma olhada no corredor não tinha ninguém, fui até a cozinha pegar um copo de água. Escutei as vozes alteradas no escritório, não quero me meter na conversa deles então vou até a cozinha rápido. Infelizmente quando estava voltando Alex estava com Belle nós braços. Seu pé enrolado em um pano. Mais ainda assim pingava sangue por todo o chão.
- O que aconteceu?
- Ela se cortou nos vidros – Alex responde – Ligue para Ana.
- Tudo bem, não foi culpa sua.
- Foi sim, eu não devia...
- Dr. Ana não poderá vir tem um parto de emergência, me passou o telefone de um médico que atende em domicílio, já liguei, ele esta a caminho – entro no quarto – Esta doendo?
- Um pouco
Uns vinte minutos depois o medico chegou. Atendi a porta e o levei diretamente para o quarto. Dr. Jonas limpou os ferimentos, fez a anestesia e deus os pontos. Quatro cortes ao total um deles estava bem grande, nesse foram necessários sete pontos os outros foram três e um deles foi apenas dois. O pé dela realmente estava horrível.
Depois de todo o procedimento suas recomendações foram, ficar sem por o pé no chão por uma semana, curativo todos os dias e evitar qualquer coisas que pudesse inflamar, remédios para dor e anti-inflamatório.
Alex leva ele até a porta para acertar a consulta, quando volta. Ele para encostado no batente da porta. Ele está desolado com o ocorrido.
- Vou tomar um banho e já volto. Nik fique com ela até que eu volte.
- Claro.
- Você quer alguma coisa, Belle?
- Não Nik. Obrigada.
- Eu sinto muito, não devia ter deixado você entrar lá descalça.
- A culpa não foi sua Nik. Nem dele. Eu que deveria ter imaginado isso. Vocês nem estavam pensando direito.
- Alex está arrasado.
- Eu percebi. Não queria que ele se sentisse culpado. Foi um acidente.
- Alex odeia essa palavra “acidente”
- Mais foi o que aconteceu.
- É... – minha mente vaga para conversa de hoje cedo novamente. Tudo que ouvimos. Não foi justo com a gente.
Levo meus olhos para Belle novamente e ela estava dormindo. Que bom. Deve ter ser efeito da anestesia. Sei lá...
Cubro ela e saio do quarto.