CAPÍTULO 04
Eu comeria pelas beiradas, sabia o quanto Amélia idolatrava o pai e o quanto ele a amava . Meu primeiro ponto era fazer a filha ficar contra ele , esse será um dos seus calcanhares de Aquiles e vai ser justamente por aí que vou dar início a minha vingança.
Lhe deixei a vontade em seu quarto , fui para o meu após tê-la provocado . Ainda que estivéssemos em um esconderijo saindo da cidade praticamente em um lugar subterrâneo e deserto, não poderia dar vacilo. Pelo menos 5 dos meus homens estavam fazendo a guarda do quarto em que Amélia estava.
Não dormi , passei a noite em claro . Dificilmente eu dormia, e em saber que a mulher que permeou os meus sonhos mais ousados e sórdidos por durante todos esses anos estava no quarto ao lado, a um passo de mim deixava-me ardendo por tê-la. O desejo que sentia por ela misturado com a sede de me vingar eram insanos. Entretanto eu teria que ser cauteloso e muito cuidadoso com os próximos passos que daria com ela, a queria do meu lado e não contra mim . Aos seus olhos eu posso até mesmo ser o bandido que a sequestrou mas quando fizer a sua cabeça , ela se renderá por completo e fará absolutamente tudo aquilo que eu quiser.
O dia amanheceu , eram seis horas quando abri a porta do quarto em que ela estava.
A mesma havia adormecido , mas pareceu ter notado a minha presença de modo automático quando assustou-se olhando em direção da porta , uma vez em que eu me vi fechando a mesma, com meus olhos fixados em cima dela.
Amélia era a própria tentação em forma de mulher. Ainda que eu quisesse me aproveitar dela lhe seduzindo e a deixando a minha mercê , admitia que era obcecado por querer possui-la.
- Dormiu bem ? - Eu duvidava, mas adorava irritá-la
A mesma olhou-me com cara de poucos amigos.
- Se ficar trancada dentro de um quadrado é dormir bem... - Outra vez a boca atrevida se fazendo presente.
Entre no jogo minha querida....
Pensei me aproximando dela
-Logo se acostumará, não que você tivesse uma vida muito agitada . Não é mesmo?
- Você andou me vigiando , não foi?. Por quanto tempo fez isso?
- Um dia talvez eu lhe conte.- Ela apertou os lábios numa linha fina , notavelmente inconformada por minhas respostas vagas.
- Você é algum tipo de terrorista? - Sua testa se franze enquanto me olha atentamente. - Russo eu sei que você é.
Eu realmente admirava a perspicácia insolente da doutora.
- Vou deixar para sua imaginação - lhe dei uma piscadela
- Está se divertindo, não é? Está adorando me manter em cativeiro, o quão sádico você é?
- Sádico? Eu vou te mostrar quem é o sádico aqui.
- O que você vai fazer?- Sua voz é temerosa enquanto me olha desconfiada
- Vou te mostrar uma coisa- percebo a mesma ficando tensa quando enfio a mão dentro do bolso da minha calça retirando o celular.
Não tinha chip e muito menos internet ainda mais por estamos no subterrâneo. Mesmo que ela quisesse me driblar o que seria impossível, jamais conseguiria fazer contato com quem quer que fosse.
Tentando não partir o aparelho em minhas mãos , eu coloco no vídeo para que ela veja.
Os corpos empilhados por cima dos outros em cima da grama cobertos por neve . O corpo de uma mulher está coberto por ferimentos, à bala no peito lhe chama a atenção quando Amélia olha a tudo horrorizada, colocando as mãos por cima de sua boca erguendo seus olhos para mim .
Meu olhar para ela é duro .
- Me diga Amélia ....quem você acha que foi o responsável por tudo isso?
Ela n**a com um balanço de cabeça .
- Não....meu pai ...não! ele não fez isso . Ele nunca faria isso! , não faria algo assim
- Ah não? - O ódio violento cresceu por dentro de mim - Continue olhando , o vídeo ainda não terminou
Amélia faz o que eu mandei , eu sei que era sua curiosidade falando mais alto.
Existiam membros soltos dos corpos , corpos danificados ao ponto de se tornarem irreconhecíveis. Essas foram as vitimas das explosões . Ainda eu conseguia sentir o cheiro de sangue pairando no ar, misturado a carne carbonizada . Um homem normal vomitaria no mesmo segundo em que colocou os olhos em tamanha atrocidade, porém eu não era normal...nunca fui e nem pretendia ser.
- Meu Deus ...não dá mais , eu não posso continuar olhando para essa carnificina - Amélia murmura dolorosamente.
- Assista o vídeo até o fim - Ordeno taxativo , enquanto a mesma permanece com dor explícitas em seus olhos e feições por mais que continue com as mãos por cima de sua boca. Seus olhos estão cheios de água.
Amélia solta um murmúrio de dor quando a mão de uma criança que está agarrada a um carrinho quebrado toma a tela.
- Isso é desumano...chega! eu não quero mais assistir a isso. Não quero ver! - Ela altera seu tom de voz me olhando com dor.
Retiro do vídeo devolvendo o celular de volta para dentro do bolso da minha calça.
A olho impassível por mais que a raiva crua me coma vivo por dentro.
- Ainda acha que o seu pai é uma boa pessoa?
- Deve haver um erro, você deve estar enganado. Meu pai nunca faria algo assim!
- Tem mesmo certeza disso? - Minha voz é compenetrada por mais que o desejo violento corresse por dentro das minhas veias.
- Não sei como conseguiu esses vídeos ou com o que você é metido, mas não queira envolver o meu pai no meio dessa atrocidade. Ele luta por causas nobres, nunca tiraria a vida de pessoas inocentes!
Balanço meu dedo indicador na frente do seu rosto em negativa
- Eu sei que você é mais esperta do que isso. Pare de idolatrar o seu pai por um segundo e perceba quem de fato ele é. - sondo seu rosto enquanto ela funga limpando as lágrimas que descem.
Amélia se levanta de cima da cama arrastando os dedos por entre seus cabelos e então vira-se para mim determinada.
- Quem eram aquelas pessoas?.
- A minha família. Seu pai foi o responsável pela invasão que matou milhares de pessoas no meu país.
Amélia me encara de volta pálida, com o rosto tomado por horror.
Ela começa a balançar a cabeça em negativa completamente horrorizada
- Não...eu não vou acreditar em uma só palavra que sai de dentro da sua boca
Dou mais um passo em sua direção , a mesma dá outro para trás .
A observo bem , ela estava visivelmente nervosa e abalada do jeito que eu queria .
- E prefere acreditar em que ?. Nem sempre os pais são os nossos super heróis
- Não pode ser ....não pode ser ....porque ele faria algo assim ?
- Vai continuar cega até quando? Entenda , vidas inocentes morreram naquele atentado. Seu pai foi o causador , ele ordenou que invadissem . Assim como eu , outras pessoas perderam componentes de suas famílias ou até mesmo a maioria foi dizimada . E ainda assim prefere acreditar que o seu pai é inocente depois de tudo isso que te mostrei?
- E como pode ter certeza que é o meu pai que estava envolvido no meio daquele atentado?. Como pode saber que foi mesmo ele quem ordenou que atacassem o seu país?
- Porque tenho gente que trabalha para mim a muitos anos dentro da Casa Branca que me mantém a par de tudo o que o ele faz. Fontes seguras, isso eu posso te garantir.
Amélia parece sem chão, notavelmente suas mãos estão trêmulas quando as passa por cima de suas bochechas limpando as lágrimas.
- Deve haver um motivo...uma razão para o meu pai ter mandado fazer algo assim . Ele é um bom homem.
Um sorriso de escárnio atravessa por minha boca quando passo o polegar por cima do meu lábio inferior.
- Sinto muito em estragar o seu mundo cor de rosa. Mas seja bem- vinda a realidade , uma em que o seu pai não é o salvador da pátria mas sim o vilão.
Amélia marcha em minha direção com ímpeto erguendo a palma de sua mão para alcançar meu rosto , o mesmo está tomado por raiva.
Seguro seu pulso a impedindo de me dar um tapa.
- Seu desgraçado mentiroso!
- Vai mesmo tentar bater de frente comigo? - Por mais que esteja queimando em fúria internamente , domino meus impulsos percorrendo meu olhar nos seus olhos.
Sua respiração está descompassada enquanto ela tenta se livrar de mim.
- Nunca deixarei de acreditar no meu pai , para confiar nas palavras de um mafioso.
- Eu sou um homem muito paciente Amélia. Não terei pressa em esperar até que te faça ver toda a verdade.
Ela umedece os lábios piscando os olhos nervosamente .