Na minha banheira eu continuo a mexer no celular. Quero achar seu nome. Vou aos contatos e procuro um número para ligar, a quantidade de números femininos é enorme. Nenhuma surpresa para mim, afinal, esse babaca é lindo. Aposto que com uma ou duas chamadas elas atendem.
O estranho é meu novo joguinho. Apesar de poder entrar em conversas, emails, evito o fazer. Isso é um crime, apesar de que já cometi um, ao quebrar a senha dele.
Não vamos nos preocupar. Você não fez nada demais, até então. Não é como no passado.
Resolvo comprovar a minha teoria. Aperto em um dos números de um contato chamado Ariana. O número começa a chamar, um, dois...
—Nathan – fala a voz, muito animada. Um sorriso de satisfação toma o meu rosto, pois adoro estar certa.
Então penso: o quão fútil são essas mulheres. Ele parece ser um completo i****a. Tem inúmeros telefones de mulheres, em ordem alfabética, com certeza é mais um cafajeste, que liga para uma delas, quando sente vontade.
De repente, algo vem em minha mente: e se eu passar um trote no nome dele. Finjo ser uma namorada ciumenta, só para ver a reação dela.
— Desculpa, não é o Nathan – falo furiosa. Nunca fiz aula de teatro, mas acredito que estou sendo convincente.
— Quem é e por que está me ligando do celular do Nathan? — Se ainda consigo ler as pessoas, apenas com a voz, acredito que seja esse o tom de decepção aliado a ciúmes.
— Há, desculpa, dondoca, está decepcionada? — Sério, eu não faço ideia do porquê, ou como, estou fazendo isso. — Você não precisa saber o meu nome, só que deve ficar longe do meu namorado.
— Olha aqui querida, se o seu namorado fica atrás de mim, a culpa não é minha – fala alterada.
Se eu realmente gostasse desse i****a, brigar com um dos seus inúmeros contatos seria a última coisa que eu faria. Contudo, fica feliz em saber que não sou i****a a esse ponto.
Quero só ver quando ele descobrir que estraguei sua longa lista de mulheres.
— Meu Nathan não fica atrás de mulheres. São as vadias que o procuram. — xingar alguém, assim, não faz o meu estilo. Ainda mais verbalizar, contudo, faz parte do plano. — Me faz o favor de avisar as suas colegas, que também correm atrás dele, de que Nathan tem uma dona, e ela não é flor que se cheira. — Não espero por nada mais. Desligo na cara dela, impressionada com o que acabei de fazer.
Esse homem é mesmo um babaca. Eu nunca faria algo assim. Porém, descobri que seu nome é Nathan. Um bom nome. Traz a áurea de um safado.
Fuço ainda mais o telefone, mas não acho nada que ligue Nathan a um sobrenome.
Talvez amanhã eu lhe investigue na empresa. Pensando na possibilidade dele trabalhar lá. A TEC Corporation tem muitos núcleos e com certeza tem vários folgados trabalhando lá.
Por enquanto, vou botar meu plano em ação, entro novamente na galeria e começo a editar nas fotos. Claro, algumas eu só edito em cópias, eu não sou tão c***l.
Depois, volto aos contatos e troco os nomes das piranhas por coisas engraçadas. Acho que ele vai ficar puto com a bagunça que estou fazendo.
Não ouso ir a conversas particulares, isso é muito pessoal e não quero invadir sua privacidade. Já basta o quanto estou invadindo, sei que para um Hacker invadir é o objetivo, mas tenho os meus limites.
Não quero me colocar em uma situação complicada novamente.
...
Acordo cedo e nem tomo café. Depois do banho, coloco uma roupa que não é muito chamativa, nunca gostei de chamar atenção para meu corpo.
Meu estilo é mais: blusa preta, longa, sem estampa, uma calça da mesma cor, jaqueta e botas. Acessórios não são o meu forte, no máximo, anéis. Eu amo usar diversos anéis.
Saio na rua e ando até o metrô com uma pequena caixa na mão. Dentro dela está o celular.
Pretendo descobrir quem é o Nathan antes do almoço e entregá-lo depois. Vou perguntar a única pessoa, naquela empresa, que sabe até os segredos mais sujos dos chefões. Agatha.
Ela é uma das secretárias, que ficam no topo do prédio, Advogados, acionistas, marketing, etc, e, se a alguém que sabe quem é Nathan, o bonitão arrogante, é ela.
Ando algumas quadras até o trabalho, depois que saio do metrô. Hoje ele não veio me derrubando, que pena, eu poderia xingá-lo pessoalmente, mas vou ter que imaginar a sua reação quando ver o que fiz em seu celular.
Além da capa de glitter rosa com enfeites, no qual levará dias, se não, semanas, para tirar, baguncei seus contatos e editei suas fotos.
Poxa, será uma boa cena!
Passo pela recepção e vou para o meu setor, indo para o meu armário. Coloco a caixa e saio.
Vou para a cantina e peço um café expresso e logo avisto Agatha, ela está sentada com outras duas secretarias, em o que parece ser uma conversa animada, pois estão rindo muito.
Não tenho muita i********e. Geralmente não converso com meus colegas. A não ser com Victor. Contudo, eu preciso desse ajuda.
Ela veste um terninho feminino muito elegante, seus belos cabelos loiros estão soltos, o batom vermelho, chama atenção.É nítido que aquela mulher é o topo da cadeia alimentar. Aproximo-me delas devagar. Assim que me avista, ela abre um belo sorriso. Não sei se é falso ou não, contudo, me deixa mais relaxada.
—Alisson, como vai? – pergunta. As outras ao seu redor, param e me olham dos pés a cabeça. A única que vejo ser gentil é outra loira. Uma novata.
— Muito bem. Nada fora do normal. — Deixa de ser mentirosa, garota. — Meninas, eu queria perguntar se vocês já viram um homem por aí, sei que seu primeiro nome é Nathan, ele tem pelo menos 1,90, cabelos escuros e olhos azuis e muito bonito...
— Tem pinta de arrogante? – termina Agatha.
— Sim – Até parece que acertei na loteria. Então eu estava certa. O babaca trabalha aqui. – Você já o viu por aí?
Estou tão ansiosa que quase não sei disfarçar. Eu não sou assim, mas esse mistério está tirando o meu sonho.
— Se eu já vi? — Riu, como se fosse uma piada. — Menina, quem não viu aquele homem. Que homem lindo. Um Deus. Mas muito estressado e m*l humorado. Sempre dando ordens e sendo arrogante, como se fossemos seus servos. – fala, parecendo desgostar dele.
Óbvio, e quem gosta, além das vadias do seu celular?
— Quem é esse homem Agatha? – Elas devem ter notado que esse cara era especial para mim, pois nunca cheguei em seu grupinho e perguntei sobre um cara.
— Esse homem é o mais novo chefe, querida. Nathan Novack. Ele é o filho do Robert Novack, assumiu depois que o pai sofreu aquele acidente e ficou em coma.
Meu sangue gela no mesmo instante. Aposto que meus olhos estão quase saindo da órbita. De tão nervosa, sento-me no banco, enfrente a mesa.
O babaca é o novo chefe? Isso só pode ser piada. Não é verdade. Eu... Aí meu Deus, estou mexendo no vespeiro.
— Você está bem? – pergunta, notando meu rosto mais pálido do que o normal. – ele fez algo para você?
Todas elas me encaram, ao mesmo tempo. Me sinto contra a parede e para disfarçar, pigarro e levantou.
- Não. Eu só o vi por aí, parecia que tinha comido algo estragado. – falo ainda me recuperando.
Ele não tem como me achar. Sou totalmente anônima. Será que voltou atrás?
Mas, como farei isso? Aquele glitter nunca mais vai sair. E a ligação. Não dá para voltar no tempo.
Não! Relaxa. Não vai acontecer nada com você. Óbvio que vai dar tudo certo.
— Ele está assim desde que assumiu – Comentou, me trazendo de volta para a realidade. — o que tem de lindo, tem que m*l educado.
- Ok meninas, tenho que trabalhar agora. Obrigada pela informação – falo e começo a andar.
A ansiedade volta a bater. Me pegou imaginando a cena: ele abrindo a caixa, vendo o que fiz e me demitindo.
Não quero irritada o meu chefe, mas ao mesmo tempo, ele é um grosso com todo mundo. Seu pai está em coma, mas isso não justifica a forma como ele trata as pessoas. Não posso desistir agora. Afinal, ele não vai saber quem eu sou. Ele nem sabe que eu existo.
Vou trabalhar, depois do almoço eu irei levar o pacote para a recepção, entregar, e ele que se vire. Isso ira deixa-lo ainda mais irritado do que já é?! Provavelmente, mas só a ideia já me deixa com um sorriso no rosto.
...
Volto do restaurante com o pacote. Claro que levei na bolsa, para que ninguém perceba.
Entro no prédio com o pacote na mão. Vou até a recepção e vejo Molly.
— Molly, — Uso um tom nada suspeito, muito pelo contrário. — uma moça me entregou esse pacote agora a pouco.Disse que era pra entregar a Nathan Novack, ela parecia muito irritada e não quis entrar – falo dando a ela o pacote. É muito m*l caratismo da minha parte. Nunca atuei tão bem. – quem é Nathan Novack?
Encosto-me na bancada, abrindo um sorriso amarelo e coçando a cabeça.
— Lembra-se do homem que você perguntou ontem e eu também não sabia quem era? – pergunta e respondo balançando positivamente a cabeça – É ele. É o novo chefe, dizem que ele é muito arrogante – fala. O homem m*l chegou e já tem uma má fama.
— Entendi, então você pode entregar a ele? — Coloquei o pacote na bancada e aproximei dela. Quero me livrar desse negócio o quanto antes.
— Vou pedir para que a Mila entregue a ele, ela é a secretária dele.
A loira simpática? Bem que percebi, quando ficou calada e triste.
— Coitada – ri de nervoso
Depois disso sigo para o meu posto, não quero ver Nathan pessoalmente. Provavelmente ele vai querer me matar quando notar o que eu fiz.