capítulo 5

1951 Words
Meu dia foi cheio para c*****o. Minha cabeça está doendo, e como sempre, ando estressado. Tive duas reuniões demoradas e ainda tenho papéis para ler e assinar. Olho para o relógio e são sete e meia. Vejo que já está na hora de ir embora e resolvo deixar isso para amanhã. Esse trabalho está me matando, pois não é o único negócio que tenho, e ainda tem a preocupação com o meu pai. Ele está em coma há dois meses, os médicos não sabem quando vai acordar, ou se é que ele vai acordar. Não quero perder meu pai. Nem consigo pensar nessa possibilidade Mesmo sendo casca grossa, sempre esteve do meu lado, mesmo com todas as merdas que fiz. O plano era eu me formar e vir trabalhar na TEC Corporation, mas segui outro rumo, com um negócio diferente, com um amigo da faculdade. Achei que ele fosse se orgulhar, contudo, meu pai só ficou decepcionado por eu não ter seguido com o plano dele. Isso nos afastou, um pouco, e justamente quando resolvo vir para NY, o ajudar e tomar a liderança da empresa, isso acontece. Agora minha obrigação é cuidar dos negócios da família, mas isso está me estressando muito, vivo com dor de cabeça e as preocupações invadem a minha mente e me fazem perder a noção. Noto que aqui, todos estão correndo de mim. Também, estou sempre dando ordens e de m*l humor. Com toda certeza eles me odeiam, isso porque só estou aqui há uma semana. Ontem mesmo, esbarrei em alguém e nem parei para ajudar, estava tão cheio e atrasado para uma reunião que, na hora, isso não passou pela minha cabeça. Claro que balbuciei um “desculpa”, porém, até eu sei que isso não é o suficiente. E nem sei quem era a moça. Escuto batidas leves na minha porta e vejo que é minha secretária. Eu ainda não decorei seu nome. Na verdade, eu não decoro nomes de mulheres. Costumo sair com tantas que todos os nomes se misturam. Isso pareceu muito errado, eu sei. Confesso que gastei muito da minha vida boêmia com mulheres e futilidade. Agora, isso não me conforta em nada. Me pego pensando se seria diferente caso eu tivesse uma namorada ou esposa. Teria alguém a minha espera, quando voltasse para o apartamento. Ela entra com um pacote na mão. Vejo que a loira, até que atraente, está se tremendo toda. Dou uma risada. Mesmo não tendo graça. Me tornei o que mais odeio: um i****a egocêntrico e arrogante. — Senhor Novack, alguém pediu para que lhe entregasse isso. — diz colocando o pacote sobre a mesa. Até parece que sou um monstro. Ela nem olha nos meus olhos. — Quem pediu? – Quase não noto que o motivo por Milla está tão amedrontada é a minha face m*l humorada. Deixo ela de lado, pois não está na hora de ser arrogante. Estou muito cansado para isso. — Não sei senhor, foi entregue na recepção. A pessoa nem quis entrar para entregar, parecia estar chateada – fala, temerosa. Isso gera certa curiosidade. O que seria, esse pacote estranho? Uma bomba? Esse pensamento me deixa alarmado. Séria capaz? Depois que a loira sai, pego-o e tento entender o que seria. É pequeno. Uma caixa. Não tem remetente, o que me deixa ainda mais preocupado. Quem me entregaria isso? Com cautela, abro a embalagem, feita com cuidado por uma criança de cinco anos. A primeira coisa que vejo é glitter, papel celofane e mais glitter. Que p***a é essa? Surpreendo-me ao ver que é um celular. Quase igual ao que perdi ontem, mas esse está com capa rosa choque cheia de glitter por todo lado. Que merda! Esse é o meu celular? O que perdi no dia anterior, no metrô? Sim, é ele. O papel de parede não mente. Não sei se fico feliz ou triste. Ele está em bom estado, o problema é que... Está todo blindado. Rosa. Muito glitter rosa. A mulher, com certeza era a que esbarrei. Só alguém com muita raiva, faria algo assim. Olha só como está. Estendi o aparelho. O brilho caiu sobre o meu colo. Abro a tela. Parece está normal, mas tenho o impulso de verificar, apesar de confiar na minha senhora. Contudo, novas surpresas. Seja lá quem for, conseguiu mexer na minha defesa. Viu o que escondo, minhas memórias: as fotos. — Eu deveria chamar a polícia. — Me chateei. Então, vejo a galeria. As fotos. Duplicadas? — O que é isso? “Olá, bundão. Dei um upgrade nas suas fotos. Espero que goste. Mas não se preocupe, fiz o favor de duplicar para não perder todas elas.” — Havia em uma delas, no qual é uma selfie minha. Cerro meus olhos, ainda incrédulo. Isso não pode está acontecendo.Passo para as outras e a que estou com minha avó tem: “sua vó sabe que você se tornou um homem escroto?”. Sem notar, sorrio. Espera! Porque estou achando graça nisso? Na foto que estou com Hunter, meu cachorro tem: “o cachorro é fofo. Mas o dono não. Apesar da banca de dono do mundo, não sabe ser educado.” Ela tem bom humor. Gosto disso em uma mulher. Todas as minhas fotos estavam modificadas. Tinham cópias, que deixaram intactas. Será que foi a pessoa que esbarrei ontem? Essa pessoa deve está muito chateada comigo. Mas como ela sabia a minha senha? Será que ela é hacker? Que irônico. O CEO de uma empresa de tecnologia, que trabalha para proteger as pessoas desse tipo de ataque, fui hackeado? Uma mensagem chega no aparelho que acabei de recuperar. Anônima: Então bundão. Gostou? Talvez da próxima vez você preste mais atenção por onde anda. Ou seja, mais educado. Só notei que estava rindo, por causa do reflexo. Talvez eu esteja muito carente. Ou sou um i****a. Eu: O senhor bundão sente muito por ter sido um babaca, mas você é muito pequena. Sou bem educado senhorita. E falando sobre a bagunça que fez no meu celular, achei muito agradável os seus comentários. Achei engraçado. Tenho que admitir. Mando a mensagem e não obtenho resposta rápida. Resolvo ir embora. Hoje o dia foi cheio. Acredito que preciso de um banho. Quem sabe não esqueço essa... Coisa inusitada Guardo os papéis e saio do escritório, todos já foram embora. Quando olho para a minha calça, ela está brilhando. O azul marinho tomou uma cor bem... Desagradável. Pareço ter uma criança de cinco anos comigo. Entro no elevador e fico pensando na mulher que achou meu celular. Apesar de ter sido um pouco evasiva, ela alegrou minha noite. Saio do elevador e o motorista já está a minha espera. Depois de me acomodar no banco do carro, sinto o celular vibrar. Devo me achar um maluco por sentir ansiedade para ver quem é, e torcer para ser a anônima? Anônima: Eu gostaria de ter feito mais. Mas não queria invadir sua privacidade. Fui até mais educada do que o senhor, bundão. Volto a rir. Não sei o porquê, mas essas mensagens estão me relaxando. Eu: Obrigado por não ir tão além da minha privacidade, senhorita. Mas me diga como se chama, e o mais importante, qual a sua obsessão com a minha b***a? Ela não me responde. O carro anda pela cidade movimentada de NY, olho para os carros e lembro-me do meu pai. Às vezes eu o acompanhava as reuniões. Ele sempre quis que eu assumisse a empresa quando fosse à hora, assim ele se aposentaria e curtiria o resto da vida com a minha mãe. Mas as coisas saíram do controle. Agora ele está em uma cama de hospital, em coma, e não sei se ele voltará para nós. O barulho da mensagem me traz a realidade. Assim como a urgência para ler as mensagens. Anônima: O senhor bundão não saberá meu nome. Mas pode me chamar de Birdpink. Sobre o outro assunto, devo dizer que foi a única coisa que vi, depois do tombo e devo admitir que é bonita. Começo a rir.Nunca paro para conversar com uma mulher. Não dessa forma. Sempre fui muito objetivo e as mulheres com quem saio não são tão impressionantes como essa. Eu: Está com medo que eu saiba seu nome,Birdpink? E, obrigado. Ficou feliz que tenha gostado. Anônima: Claro que não. Mas não quero que o senhor bundão saiba meu nome verdadeiro. E... Você é um completo safado. Eu: Senhor bundão ficou chateado com isso. Além do mais, foi você quem chegou me elogiando. Anônima: foi uma observação. Não fique se gabando. Eu: há, não posso me gabar por ter um bom resultado da academia? Anônima: É, eu vi que você adora academia. Talvez deva, também, prática a simpatia. E preste mais atenção por onde anda. Eu:Desculpe por não ter lhe ajudado. Desculpe por ter esbarrado em você. Ela não responde imediatamente. Quando noto estou em casa, desço do carro e entro no prédio. Desde o último incidente com meu carro, contratei um motorista. Tenho que me deslocar com muita pressa e não gostei da experiência do metrô. Mesmo que ele tivesse me dado a oportunidade de esbarrar em uma estranha tão interessante como essa. Morar só nessa imenso apartamento é um pouco solitário, mas às vezes trago algumas “amigas” para se divertir comigo. Claro, isso não é muito legal. Sou um cafajeste por causa disso. Subo no elevador , sentindo o cansaço me bater, ao entrar no apartamento, jogo as chaves no balcão de entrada. Vou para o quarto tomar um banho. E logo em seguida tomo um comprimido para a minha dor de cabeça. Hunter está latindo para lá e para cá, brinco um pouco com ele. — Iai carinha? — O pego no braço e ouço o telefone vibrar. A velocidade que vou até ele, só para ler a mensagem, me impressiona. Anônima: Você não é sempre um arrogante escroto, senhor bundão? Eu: Nem sempre, senhorita Birdpink. Às vezes eu sou uma pessoa normal. Que não briga com as outras. Que não esbarrar em mulheres vingativas. Que não é estressado. Não sei o porquê, mas sinto o desejo de me justificar. Anônima: Porque é tão estressado? A sua vida perfeita não lhe agrada?” Eu: Senhorita Birdpink, minha vida não é tão perfeita quanto pensa. Assim que acordo, m*l tenho tempo para tomar café.Tenho que correr para as muitas reuniões e papéis que o novo trabalho me traz. Além do mais, ainda tem o fato de que o meu pai pode, ou não, voltar a viver como todos nós. Não tenho uma vida perfeita, apesar das outras pessoas acharem isso. Não sei o porquê falei essas coisas a essa desconhecida.Isso foi um desabafo? Porque fiz isso? Lembrar que meu pai está quase morto, não me alegra em nada. Anônima: Sinto muito, senhor bundão. Seu pai deve ser um bom homem. Não merece algo assim. Mas lhe recomendo ter mais calma. O início pode ser conturbado, mas vai se acostumar e tudo se resolverá. Tente não descontar tudo isso nas outras pessoas. E... Espero que ele melhore. Ela está me dando conselhos? Por que uma estranha está me dando conselhos? E por que eu me senti bem com isso? Eu: Está me dando conselhos, senhorita Birdpink? Anônima: se eu conseguir lhe ajudar com isso. Talvez as outras pessoas não sofram. Isso me faz rir.Não é uma ironia. Os funcionários, realmente, me odeiam. Anônima: Tenho que ir, senhor bundão. Amanhã acordo cedo e ainda tenho que terminar um trabalho. Eu: Boa noite, senhorita Birdpink. Anônima: Boa noite, senhor bundão. Sinto-me estranhamente bem, agora. Jamais imaginei que um esbarrão pudesse me fazer ter um final de dia tão... Diferente.
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