capítulo 3

1197 Words
Peguei o aparelho e fui para o meu horário de almoço. Sentei-me na cantina, no andar abaixo do meu setor, onde, em algumas ocasiões, eu comia, com preguiça de sair e procurar um restaurante, e pedi o meu prato. Encostei na cadeira e encarei o aparelho, moderno, algo que só um grã-fino tem, e ao ligar a tela, logo vejo o papel de tela. O bom de ser uma Hacker é que não há senha que me impeça de entrar em aparelhos telefônico como esse. Só preciso o conectar ao meu laptop e o desbloqueio. Logo estou dentro do sistema. O papel de parede até é fofo, um cachorrinho branco bem pequeno. Um lulu da pomerania. Fico pensando, como um cara tão bruto como aquele, pode ter como animal de estimação tão fofo? Meu pedido chega e almoço enquanto olho a galeria de fotos dele, realmente espero não ter nada tão comprometedor aqui, Deus me livre ver um nude de um desconhecido. Mas pensando bem, um homem, com aquela b***a e porte físico, com certeza é gatinho. Espera! Outra vez não. O que deu em mim? Um esbarrão e já se apaixona? Balancei a cabeça, tentando apagar da mente, toda impurezas que eu possa estar criando com aquele estranho i****a e volto para a minha investigação. Abro as fotos e vou passando. Fotos de pessoas em festas, duas senhoras que podem ser mãe e avó, um senhor que acho que já vi em algum lugar, nada de muito importante, até chegar a uma selfie. “p**a merda, é ele.” Até engasgo com a bebida. O cara é lindo. ”lindo é pouco.” A foto o mostra depois da academia. Uma bela foto, com rosto suado, camisa de alça fina, e assim tão de perto, seus olhos, azuis cristalinos, parecem o céu. “Nossa, suado ele fica um pecado.” Seus cabelos pretos caem sobre o rosto quase pálido. Seus olhos parecem penetrar minha mente. Passo para ver se há outras fotos dele, “Graças a Deus tem muitas”, o senhor arrogante tem músculos incríveis, e fica perfeito de terno. Como se já não bastasse a minha fantasia, a realidade condiz com ela e isso é irritante. O senhor bundão poderia ser feio. Poderia... Há, ele tinha que ter muito mais coisas para eu focar, e esquecer as partes onde eu, sinceramente, tiraria a roupa na frente dele. Calma, Alisson. Lembra que o maior defeito desse canalha é a arrogância. Aposto que é um cafajeste. Todas as mulheres caem de amores por ele, assim como eu, agora. Olho para as horas e vejo que meu tempo de refeição está acabando. Vou deixar para ver mais depois. Talvez enquanto eu estiver no banho. Meu Deus, mulher, acalma esse fogo dentro da calcinha. Guardo o celular no bolso e vou embora, voltando ao trabalho, mas minha mente não sai do homem que vi nas fotos. Ok, ele foi um i****a, mas é um i****a lindo. ”Será que ele é assim tão arrogante e i*****l?” ele devia estar tão atrasado e distraído, que nem me viu na sua frente. “Não! De novo não!”. Eu não posso arranjar desculpas para ele. Eu não sou tão pequena e insignificante assim. Apesar de ser um pouco estranha e me vestir como uma adolescente problemática, tenho o meu valor. Não é porque ele é um riquinho com o corpo de um deus grego, que vou deixar para lá o fato dele ter me derrubado e nem ter se importado. Vou descobrir quem ele é e entregarei seu celular, mas não como ele o deixou quando caiu. ... Chego a casa e visto minha roupa de corrida. Não sou de fazer muito exercício, mas como Bia quer ficar com o corpo definido e não quer ir sozinha, tenho que ir com ela. Sou do tipo: quanto menos esforço, melhor. Sedentária convicta, contudo, hoje não é o dia de ficar fazendo drama. Tenho que sair, esquecer esse gato que esbarrou em mim, e pensar no que vou fazer. Só faço para relaxar, além disso, não tenho nada e nem ninguém em casa mesmo. Não demora muito para que ela chegue batendo na porta do meu apartamento. — Vai logo, temos que correr o dobro que ontem – fala, me fazendo arregalar os olhos. Não estou tão desesperada para ter que morrer no meio do exército. — O que? – assusto-me – você quer me matar? Eu nem estou brincando. Corridas acabam com o meu corpo, que é acostumado a ficar na cadeira, enfrente ao computador. — Deixe de ser sedentária. Isso não é nada! – fala já puxando o meu braço. Mesmo não querendo correr três quilômetros, eu vou. Estou com muita coisa na cabeça e posso usar esse tempo para pensar em uma forma de fazer o gato arrogante pagar por ter me deixado no chão. Começamos andando e logo estamos correndo em um ritmo agradável. Logo nos primeiros passos, vejo que isso não me ajuda a esquecer o bundão. Lembro da sua foto suada, depois da academia. Isso me deixa quente. Graças a voz da minha amiga, consigo me concentrar no caminho. — Então, o que fez hoje além de sentar na frente de um computador e olhar números e coisas bizarras que eu não entendo? – pergunta Bia. Nossa amizade é estranha. Somos totalmente o oposto. Eu, a nerd que viveu uma vida simples, e ela, a filha de um magnata. — Você não vai acreditar – começo já ofegante. Aposto que ela vai amar saber que, no meu dia, aconteceu algo diferente, do que um simples problema no sistema. – me atrasei de novo, e o pior é que quando eu estava saindo do metrô, perto do trabalho, um cara esbarrou em mim e foi embora como se nada tivesse acontecido. — Escroto, mas... O que isso tem de tão importante para que comentei comigo? Há é, quase me esqueço que Bia é a garota malvada da relação. — Escroto deixou o celular cair e agora estou com ele. — Você ficou com o celular dele? — levantou uma das sobrancelhas, bem feitas. Tenho que concordar que ela é uma mulher linda. Magra, cabelos longos e loiros, olhos verdes, tem roupas de grife. Comparada a mim, sou, praticamente, uma mendiga. E olha que tenho bastante dinheiro na conta. — E assim começa uma linda história de amor. — Ironizou. — Sei que está zuando, mas vou surpreender. — Há é? — Duvidou. — Vasculhei, vi as fotos e descobri que o cara é lindo de morrer. — E não estou nem exagerando. — Bem o seu tipo. — Ótimo, você poderia me passar o número. — Não, desculpa, esse babaca é meu. — Ela me olha surpresa. O que me faz sentir feliz. — Vou deixar ele louco. — Aí papai. — Brincou. — Você é a mesma Alisson que conheço? — Não, Bia, não vou dar em cima dele. Nem vou aparecer na frente dele. — E como vai o enlouquecer? Bem, algumas ideias começam a aparecer, contudo, ainda tenho que descobrir quem é esse i****a. — Ainda vou descobrir isso. — Finalizo.
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