Chucky foi para o escritório com Ricardo.
— Novidades? – Chucky perguntou.
__ Não, assim que meu contato estiver disponível. Ele vai agir, precisa ter paciência.
Ricardo podia trazer Moa e Asafe, mas ele não queria que a mulher tivesse uma lembrança rui.im dele, já que iam viver próximos.
Assim preferiu que alguém distante resolvesse a situação.
– Eu preciso mostrar uma coisa, mas já vou avisando que se quebrar qualquer coisa, você paga..
Agora, ele tinha dinheiro, porque pintava quadros, Ricardo achava os quadros horríveis, mas o mundo artístico era diferente, e um quadro de Chucky podia se vendido por vinte mil doláres..
Eram quadro atemporais, mas doloridos, sempre em tons escuros e com manchas vermelhas indicando dor e sofrimento. E a procura era grande, quem comprava não sabia quem era o artista, porque Chucky somente assinava como "Without Soul", sem alma, essa era a assinatura, porque era assim que ele se sentia.
Chucky olhou para o cunhado, não fingiam ser o que não eram.. não diante um do outro..
Ricardo abriu a tela do computador.
_ Olhe a foto.
__ Chucky nunca tinha visto uma foto de Moa, já tinha tentado, mas a cada vez que acontecia de ter uma imagem da neta de Yoris diante dele, ele fechava os olhos, se recusando a vê-la, mas agora era necessário.
Na imagem, ela estava sentada em um balanço, segurava uma criança no colo.
Chucky jogou o computador no chão..
– Que merd@, é essa? Os cabelos dela…
Moa tinha um cor de cabelo diferente, uma tonalidade ruiva mais aberta..
Mas era a mesma cor de cabelo da madre, da maldita madre que começou tudo.
Chucky foi se sentar no chão, tentando recuperar o ar..
– Se ela chegar aqui com essa cor de cabelo horrívell, eu torço o pescoço dela.
A cor não era horrívell, mas Chucky não tinha achado uma ofensa melhor naquele momento.
__ De quem é aquela criança? __ Ele perguntou ao cunhado,
Por um momento, Ricardo quase contou, mas era melhor fazer isso longe dos filhos, e em um lugar que Chucky pudesse gritar e quebrar tudo que conseguisse.
Saber que tem um filho, daquela maneira seria terrível, por isso Ricardo preferiu não contar imediatamente, mas precisava, e quando soubesse a verdade, Chucky poderia abrandar ou se sentir ainda mais injustiçado.
Uma batida soou na porta.
Chucky se obrigou a levantar..
Era Zayn..
O menino primeiro pulou no pai.
– Bom dia! campeão.
Ricardo ganhou um abraço, como pai, ele também tinha sofrido para aprender a demonstrar carinho, mas Zayn o obrigou.
– Seu irmão já acordou?
__ Não. Ele vai dormir muito, passou a madrugada acordado comigo e com o senhor, enquanto a mamãe dormia.
Isso era verdade.
– Posso ir caminhar com o tio Chucky?
Ricardo olhou para o cunhado..
Chucky deu um aceno de positivo, não descontaria os seus problemas em uma criança, ainda mais em uma criança que só queria sua companhia.
Zayn saiu na frente.
__ Ele está seguro comigo, Ricardo.
__ Eu sei Chucky que os meus filhos estão seguros, Moa vai estar também?
Chucky balançou a cabeça negando, saiu do escritório, quando passava pela sala, viu a irmã amamentando o outro filho. O bebê dormia e mamava ao mesmo tempo.Era uma cena bonita, inocente..
Mas saiu dali antes que Amora, o questionasse sobre não pegar o bebê, mas não conseguia.
Com o outro sobrinho, era diferente, o menino já andava e não necessitava de colo.
Foi caminhar, gostava da companhia de Zayn, porque ele não falava muito, só caminhava , e corria, outras vezes jogavam bola.
O garoto necessitava desses momentos de caminhada, porque só possuía um olho e caminhar ajudava a manter a percepção mais aguçada. Assim caminharam por uma hora, até que o menino se cansou, voltaram , mas Chucky não entrou dessa vez, deixou o sobrinho com a mãe e foi nadar na cachoeira.
Nem mesmo se despiu, ela só ficava nu, quando estava escuro, odiava olhar para o seu próprio corpo.
Se secou na beira da fogueira, depois foi para o computador, o cunhado tinha ensinado ele a usar..
sem perceber ele digitou na lupa de pesquisa..
Cabelos femininos ruivos.
Quando o resultado surgiu, foi a vez de mais um computador ir para o chão.
Ele urrou de revolta.
Não soube porque fez aquilo, odiava aquele cor e o achava horrívell, não achava?
Foi pintar um quadro, lançaria toda a sua dor e revolta na tela.
Ficou imerso na criação de um novo quadro, mesmo se alguém gritasse o seu nome, ele não atenderia.
As tintas se espalhavam pela tela, enquanto ele tentava capturar a essência de sua alma atormentada.
Seus pincéis dançavam sobre a tela, cada traço carregado de emoção e dor. No centro da obra de arte, uma mulher de cabelos ruivos emergia, sua presença dominando o espaço com uma aura enigmática.
Os cabelos ruivos da mulher eram como chamas ardentes, atraindo o olhar para sua figura quase perfeita. Mas por trás da beleza da mulher, a escuridão estava sempre presente pelas mãos do pintor, se manifestando em sombras profundas e tons sombrios.
A cada pincelada, Chucky canalizava sua angústia e sofrimento para a tela, transformando sua dor em arte. Cada traço era uma expressão de sua alma atormentada, uma tentativa desesperada de dar sentido ao caos que o consumia por dentro.
Enquanto trabalhava, a escuridão o envolvia, parecendo uma presença sinistra que pairava sobre o estúdio como uma sombra. Mas ele não recuava. Em vez disso, mergulhava mais fundo na escuridão, permitindo que ela guiasse sua mão enquanto ele dava vida à sua criação.
Quando finalmente terminou, Chucky deu um passo para trás para admirar sua obra-prima. O quadro era uma expressão visceral de sua dor e sofrimento, uma janela para sua alma torturada.
Os cabelos ruivos da mulher brilhavam com uma intensidade sobrenatural, mas por trás de sua beleza radiante, a escuridão espreitava, ameaçando engolir tudo a sua volta.
Moa Yotis..
.. na pintura.... era como se um ser diabólico a atormentasse.