Um dia de domingo

920 Words
Era um dia de domingo e as outras internas tinham permissão para irem visitar a família, só Moa ficou no local, assim pode usar o jardim e a piscina com Asafe. Às vezes, ele só queria saber com quem o filho se parecia, o cabelo claro, os olhos, a boca perfeita.. Não era porque era filho dela, mas o menino era lindo. Ficou no balanço com Asafe, beijou o filho. E sentiu uma saudade intensa da família, mas principalmente do avô, era Rickson que a bajulava, comprava doces, a levava em parques, cinema e comprava os livros que gostava. Moa suspirou, às vezes tinha certeza que o avô estava morto, outras não queria acreditar que ele não estava mais presente no mundo. Chorou com o filho no colo. Olhou em direção a saída do lugar, se desejasse ir embora, Anita não a deteria, mas ela tinha medo do mundo lá fora, porque passou a viver reclusa muito jovem, e agora tinha Asafe para proteger e vestir, ao menos ali o filho estava 100 % seguro. Caminhou pelo jardim, era bom respirar o ar que não fosse o porão, mesmo que o porão fosse grande, limpo, com as janelas e arejadas, em alguns momentos ela se sentia sufocada. Foi trocar Asafe no lençol que tinha colocado ali, o menino tinha uma marca de nascença na cox@, com se fosse um crucifixo, parecia uma imagem desenhada, mas não era. Passou o dia no jardim, lendo , brincando com o filho na piscina. Mas quando retornou para o quarto/porão, Anita apareceu. – Alguma novidade? – Moa sabia que até se tornava repetitiva, mas não perdia a esperança do avô ligar, e dizer ao menos que estava vindo visitá-la para passarem um dia juntos, cozinharem como faziam ou jogarem cartas. Tinha o pai, mas ele nunca foi muito presente ou foi? Não tinha mais certeza. __ Não tenho nada, Moa. Mas o lugar vai passar por uma dedetização e uma fiscalização de rotina. – Mas já houve outras, e não tivemos problemas.. Anita. Antes de você chegar era comum. Eu ficava na cozinha de touca .. – Eu não sei, Moa, algo está estranho, mas não sei o que é, entende? Existe algo por trás de sua história que não faço ideia do que seja. Como um plano maior. Anita suspirou. – Acho que vou ligar na antiga casa do seu pai, tenho o telefone de lá. Moa ia concordar.. – Não, não tenho como explicar Asafe, Anita, e não deixo meu filho. – Moças de sua idade namoram , se casam e têm filhos. Pode dizer que foi com um namorado. Seria o melhor, já que ninguém acreditaria que ela não sabia como engravidou. – Não, Anita, é melhor esperar, talvez, ele apareça, meu avô, talvez, ele tenha tido algum problema, mas retorne, pois ele cuidaria de mim e de Asafe, não tenho tanta certeza se os outros fariam o mesmo. Abraçou o filho. – Não posso nem pensar em ficar sem ele. Mesmo que não soubesse quem era o pai e o seu futuro fosse completamente incerto, sua única certeza era o que sentia pelo filho, e era um amor puro e verdadeiro. Quando Asafe dormiu , foi deitá-lo no berço. Trancou a porta do quarto e colocou uma cômoda contra a porta. Morria de medo de alguém levar Asafe, era o seu único porto seguro. Ligou o chuveiro e se despiu. Era um momento bom.. a água morna, adorava a sensação do banho e o quanto ficava relaxada. Ficou meia hora ali.. Saiu enrolada na toalha. Mas parou.. um homem segurava Asafe contra o peito. – Por favor! O meu bebê.. – Só preciso que venha comigo.. Estou esperando do lado de fora enquanto se veste. Ela ficou indecisa, entre correr para pegar o filho, coisa que não conseguiria, não teria forças para lutar, ou se vestir, mas escolheu o caminho que lhe garantiria Asafe, pegou um vestido e vestiu, depois puxou a toalha. __ Meu bebê, por favor!. Asafe foi colocada no braços dela. Moa apertou o filho que chorou , porque ficou desconfortável. – Vai caminhar, ou tenho que arrastá-la.. Moa olhou para o homem, nunca o tinha visto, ou já? __ Para onde vou? __ Para onde me mandaram levá-la , moça, mas não tenho todo o tempo do mundo e está me enrolando.. – Posso arrumar roupa e fraldas para o bebê? __ Não, não pode. Vou precisar arrastá-la? __ O homem perguntou. __ Não. Eu vou, foi o meu avô que mandou? __ Não. O seu marido.. Moa quase caiu, afinal, não tinha marido. Mas acompanhou o homem, porque não teve outra opção. Ela olhou em busca de Anita ou de alguma funcionária, mas não viu ninguém. Entraram em uma vã, tinha uma cadeirinha dentro do carro. _ Coloque a criança. __ não. Não queria correr o risco de ficar sem o filho, de ser obrigada a descer do carro, sem Asafe. __ O trânsito é perigoso, uma freada mais brusca e o bebê pode se machucar. Moa prendeu o filho, mas se agarrou a cadeirinha.. Queria saber para onde ia, mas não teve coragem de perguntar, não teve, porque o homem parecia sem muita paciência. Depois de vinte minutos, ele estacionou, mais que depressa, Moa pegou o filho, foi direcionada para um avião, e ficou aliviada quando encontrou água, lanche, fralda e até mesmo roupas para o filho. Ela não dormiu por todo o trajeto de avião, nem mesmo fechou os olhos. Para onde ia?
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