Era um dia de domingo e as outras internas tinham permissão para irem visitar a família, só Moa ficou no local, assim pode usar o jardim e a piscina com Asafe. Às vezes, ele só queria saber com quem o filho se parecia, o cabelo claro, os olhos, a boca perfeita..
Não era porque era filho dela, mas o menino era lindo.
Ficou no balanço com Asafe, beijou o filho. E sentiu uma saudade intensa da família, mas principalmente do avô, era Rickson que a bajulava, comprava doces, a levava em parques, cinema e comprava os livros que gostava.
Moa suspirou, às vezes tinha certeza que o avô estava morto, outras não queria acreditar que ele não estava mais presente no mundo. Chorou com o filho no colo.
Olhou em direção a saída do lugar, se desejasse ir embora, Anita não a deteria, mas ela tinha medo do mundo lá fora, porque passou a viver reclusa muito jovem, e agora tinha Asafe para proteger e vestir, ao menos ali o filho estava 100 % seguro.
Caminhou pelo jardim, era bom respirar o ar que não fosse o porão, mesmo que o porão fosse grande, limpo, com as janelas e arejadas, em alguns momentos ela se sentia sufocada.
Foi trocar Asafe no lençol que tinha colocado ali, o menino tinha uma marca de nascença na cox@, com se fosse um crucifixo, parecia uma imagem desenhada, mas não era.
Passou o dia no jardim, lendo , brincando com o filho na piscina.
Mas quando retornou para o quarto/porão, Anita apareceu.
– Alguma novidade? – Moa sabia que até se tornava repetitiva, mas não perdia a esperança do avô ligar, e dizer ao menos que estava vindo visitá-la para passarem um dia juntos, cozinharem como faziam ou jogarem cartas. Tinha o pai, mas ele nunca foi muito presente ou foi? Não tinha mais certeza.
__ Não tenho nada, Moa. Mas o lugar vai passar por uma dedetização e uma fiscalização de rotina.
– Mas já houve outras, e não tivemos problemas.. Anita. Antes de você chegar era comum. Eu ficava na cozinha de touca ..
– Eu não sei, Moa, algo está estranho, mas não sei o que é, entende? Existe algo por trás de sua história que não faço ideia do que seja. Como um plano maior.
Anita suspirou.
– Acho que vou ligar na antiga casa do seu pai, tenho o telefone de lá.
Moa ia concordar..
– Não, não tenho como explicar Asafe, Anita, e não deixo meu filho.
– Moças de sua idade namoram , se casam e têm filhos. Pode dizer que foi com um namorado.
Seria o melhor, já que ninguém acreditaria que ela não sabia como engravidou.
– Não, Anita, é melhor esperar, talvez, ele apareça, meu avô, talvez, ele tenha tido algum problema, mas retorne, pois ele cuidaria de mim e de Asafe, não tenho tanta certeza se os outros fariam o mesmo.
Abraçou o filho.
– Não posso nem pensar em ficar sem ele.
Mesmo que não soubesse quem era o pai e o seu futuro fosse completamente incerto, sua única certeza era o que sentia pelo filho, e era um amor puro e verdadeiro.
Quando Asafe dormiu , foi deitá-lo no berço. Trancou a porta do quarto e colocou uma cômoda contra a porta. Morria de medo de alguém levar Asafe, era o seu único porto seguro.
Ligou o chuveiro e se despiu.
Era um momento bom.. a água morna, adorava a sensação do banho e o quanto ficava relaxada.
Ficou meia hora ali.. Saiu enrolada na toalha.
Mas parou.. um homem segurava Asafe contra o peito.
– Por favor! O meu bebê..
– Só preciso que venha comigo.. Estou esperando do lado de fora enquanto se veste.
Ela ficou indecisa, entre correr para pegar o filho, coisa que não conseguiria, não teria forças para lutar, ou se vestir, mas escolheu o caminho que lhe garantiria Asafe, pegou um vestido e vestiu, depois puxou a toalha.
__ Meu bebê, por favor!.
Asafe foi colocada no braços dela. Moa apertou o filho que chorou , porque ficou desconfortável.
– Vai caminhar, ou tenho que arrastá-la..
Moa olhou para o homem, nunca o tinha visto, ou já?
__ Para onde vou?
__ Para onde me mandaram levá-la , moça, mas não tenho todo o tempo do mundo e está me enrolando..
– Posso arrumar roupa e fraldas para o bebê?
__ Não, não pode. Vou precisar arrastá-la? __ O homem perguntou.
__ Não. Eu vou, foi o meu avô que mandou?
__ Não. O seu marido..
Moa quase caiu, afinal, não tinha marido.
Mas acompanhou o homem, porque não teve outra opção.
Ela olhou em busca de Anita ou de alguma funcionária, mas não viu ninguém.
Entraram em uma vã, tinha uma cadeirinha dentro do carro.
_ Coloque a criança.
__ não.
Não queria correr o risco de ficar sem o filho, de ser obrigada a descer do carro, sem Asafe.
__ O trânsito é perigoso, uma freada mais brusca e o bebê pode se machucar.
Moa prendeu o filho, mas se agarrou a cadeirinha..
Queria saber para onde ia, mas não teve coragem de perguntar, não teve, porque o homem parecia sem muita paciência.
Depois de vinte minutos, ele estacionou, mais que depressa, Moa pegou o filho, foi direcionada para um avião, e ficou aliviada quando encontrou água, lanche, fralda e até mesmo roupas para o filho.
Ela não dormiu por todo o trajeto de avião, nem mesmo fechou os olhos.
Para onde ia?