Prólogo
Moa encontrava-se sozinha, isolada em um silêncio perturbador que parecia sufocá-la. O medo se enroscava em seus pensamentos, criando sombras que dançavam ao redor dela na escuridão.
As paredes daquele porão distante, onde ela havia sido levada anos atrás, pareciam se fechar ao seu redor, como garras invisíveis prontas para devorá-la.
Ela tinha perdido a noção de quanto tempo fazia, mas achava que já se passavam exatamente 8 anos desde que não via a mãe, o pai ou a avó materna.
O avô era o único que a visitava, mas sumiu também .
Ela era neta de Rickson Yotis. O avô era a sua pessoa preferida, uma pessoa bondosa, que a amava acima de tudo, com o desaparecimento dele temia que o avô tivesse morto.
Ela tinha medo, porque não sabia o que acontecia, tinha sido levada para uma espécie de escola feminina reservada e distante de qualquer lugar.
Vivia isolada, mas ao mesmo tempo vigiada.
E a tratavam como uma boneca de porcelana. Ainda assim, vivia cercada de silêncio.
Mas agora, no silêncio opressivo, Moa enfrentava seus medos sozinha. Sua mente oscilava entre a esperança de que o avô voltasse um dia e o temor de que algo terrível tivesse acontecido.
Por que foi afastada de toda a família? Porque não pôde continuar na casa da mãe e do pai?
Mas o que Moa desejava mesmo era saber porque ela tinha uma criança em seus braços, uma criança que ela não fazia ideia quem era o pai.
Só sabia que era mãe e mais nada…
Como ou quando engravidou? Era um mistério.
Acreditava que engravidou em uma consulta, onde recebeu sedação, era a única explicação, mas nada fazia muito sentido.
Asafe acordou..
Ela foi pegar o filho no berço..
Era um menino lindo.. Não se parecia muito com ela, isso não.
Apesar de tudo, Moa o amou.
Se sentou para amamentar , nesse momento Anita entrou, era a diretora do lugar em que estava.
– Ninguém ligou, Anita?
– Oh, menina, não. Eu juro que quero ajudar, mas tenho medo de ligar para alguém e você correr perigo, entende? Vamos aguardar mais um pouco.
Anita sabia que Rickson Yotis estava ao menos desaparecido, mas tinha medo de contar para Moa, e ela quisesse sair dali. E depois que Moa saísse, não poderia ser mais protegida.
– Não sabe mesmo o que acontece? – Moa perguntou.
– Eu suspeito, mas não posso contar Moa. Sou tão pequena quanto você nisso tudo. Quem tratava com o seu avô era o meu pai e quando meu pai faleceu, eu só continuei o negócio, você escondida longe de todas as meninas foi aqui uma surpresa. – Anita afirmou.
Anita não sabia se a família de Moa era confiável, por isso não entrou em contato.
Também não sabia como a menina engravidou. Quando assumiu a escola de meninas, Moa já estava ali, assustada e indefesa.
A menina parecia o plano de algo maior, e nas últimas semanas ligações estranhas chegavam, e também pessoas estranhas rodavam o quarteirão da escola.
Na verdade, Moa pressentia o perigo chegando..
Anita era boa com ela, o porão tinha uma grande janela, era confortável e Asafe tinha um bonito enxoval..
Às vezes achava que estava internada em um manicômio, que Asafe era produto de sua imaginação e que Anita fingia ver as suas alucinações, porque era o melhor a se fazer.
Mas Anita sabia bem que tudo era real.
E o pior, sabia que Moa não poderia ficar ali muito tempo, porque alguém perigoso se aproximava.
E Anita estava certa, alguém chegava para atormentar Moa.
E esse alguém era a resposta para o bebê que a neta de Rickson Yotis carregava nos braços.