Moa ansiava por escapar da espécie de gaiola dourada em que vivia, desejando ardentemente ver o mundo além de suas paredes restritivas. No entanto, a realidade era diferente de seus sonhos, pois ela se encontrava em uma situação cada vez mais angustiante. Não sabia para onde estava indo ou com quem iria se encontrar, tornando sua ansiedade ainda mais opressiva. A afirmação do homem desconhecido de que ela seria entregue ao marido só aumentava sua confusão, já que Moa nunca tivera nem mesmo um namorado, quanto mais um marido.
A palavra marido ressoava em sua mente..
Maridos podiam ser ruins.. Disso ela sabia.
Mas não tinha se casado com ninguém.
Tudo isso a deixava em um estado de angústia crescente, mas ela encontrava conforto ao abraçar seu filho.
No entanto, lá no fundo, uma sensação de desamparo começava a se instalar, fazendo-a questionar se tudo que sabia sobre sua família era real ou apenas fruto da educação repressora que recebera. Como era possível que, após tantos anos, a sua mãe, pai ou até mesmo seu tio não tivessem se importado em saber onde ela estava?
Parecia como se ela tivesse sido abandonada à própria sorte, como se estivesse morta em vida e ninguém sequer tentasse dar-lhe um enterro digno.
Beijou os fios claros de Asafe, o cabelo do menino crescia rapidamente.. E provavelmente era uma característica do pai.
Quando chegou a hora de amamentar seu filho, Moa hesitou, cobrindo o s£io com uma fralda para evitar olhares indiscretos. O homem desconhecido estava sentado algumas poltronas à sua esquerda, e ela não fazia ideia de quem ele era ou o que estava acontecendo. Em um momento de pânico, ela fechou os olhos enquanto o sangue pulsava em suas veias, mas os abriu rapidamente, agarrando-se à poltrona em busca de algum tipo de apoio emocional e físico diante da incerteza que a cercava.
Por sorte Asafe não tinha idade para perceber nada, era somente um bebê risonho, e Moa não conseguiu evitar sorrir de volta..
__ Pode me dizer ao menos para que estado vamos?
Silêncio.
__ Por favor! Não tenha piedade..
__ Não de mulheres. ___ Foi a resposta curta de Teo, ele também não tinha motivos para acreditar na inocência feminina.
O bebê dormiu..
E Moa foi usar o banheiro.. mesmo preocupada com o filho, o deixou lá dormindo, porque não tinha como Asafe desaparecer no ar, felizmente, mas quando saiu com o rosto molhado, o homem estava em pé e entregou algo para ela, uma caixinha, ela ia abrir depois de sentar, mas foi impedida.
__ Abra aqui, longe do bebê.
Ela deixou a caixa cair, assim que viu.
Era um dedo, e ela soube de quem era, do avô, porque tinha a letra M, no dedo, era uma homenagem que Rickson havia feito para ela.
Aquele dedo tinha sido guardado por Chucky em nitrogênio por meses e meses. Quando uma parte de um corpo era submetido ao nitrogênio líquido, esse parta podia passar por um processo conhecido como criopreservação. Isso era comumente usado em criogenia, onde o corpo era exposto a temperaturas extremamente baixas para retardar a deterioração celular e biológica. E Chucky tinha estudado cada passo, simplesmente para poder atormentar Moa.
Moa escorregou para o chão do avião e deixou as lágrimas caírem, teve certeza que estava indo para um lugar rui.im.
Chorou até que se lembrou que era mãe e não podia ficar ali sentindo a dor de saber que o avô não estava mais vivo, mesmo que quisesse se embolar em uma coberta e chorar até não restar mais nenhuma gota de lágrima.
Voltou para o seu lugar completamente abalada e assustada.
Teo só observou se a criança estava bem.
Moa ficou ali sentada tentando buscar informações em sua mente que a fizesse ter noção do que acontecia, noção de quem eram aquelas pessoas e do porque tinham mat@do o avô dela.
Talvez fosse somente um sequestro, e pedissem resgate para a sua família, mas os sequestradores não tinham aviões ou tinham?
Recomeçou a chorar, ganhou uma garrafinha de água, e bebeu, mas não se acalmou.
__ meu bebê vai ficar bem?
__ Vai.Não machucam crianças. __ Foi a resposta que recebeu, mas não tinha mais certeza de nada.
Apertou a corrente no pescoço com a foto do avô, ele era tão bom, cuidadoso e sentia falta dele. Se sentiu ainda mais sozinha e ainda por cima com uma criança nos braços, amava o filho com toda a sua força, mas tinha medo do futuro.
Queria parar de chorar, mas não conseguiu, chorava pelo avô, pela perda de sua autonomia, pelos anos em uma gaiola dourada, por ter um filho que nem sabia como concebeu.
Tinha direito de chorar e deixou as lágrimas descerem.
Moa só parou de chorar quando ficou exausta e precisou trocar o filho.
Encontrou produtos ainda melhores do que as coisas que Asafe tinha.
A fralda tinha o tamanho adequado e ela deu um sorriso para o bebê, não era um sorriso alegre, mas queria transmitir algo bom para Asafe, mesmo que ele não entendesse bem o que se passava.
Ganhou uma bandeja com macarrão e suco, ela pensou em não comer, mas tinha que se manter alimentada para produzir leite e não podia fazer greve de fome.
Comeu, nem sentiu o gosto do que comia, mas sim sentiu o gosto de algo amargo e rui.im.
Seria uma m@u presságio?