Proibida 2

Capítulo 04

Luiz narrando:

A notícia da morte do Walter mexeu comigo, eu esperava tudo, menos algo do tipo, ele me ajudou quando precisei, fiquei em divida com ele, no fim Tigre cobrou a divida e vocês sabem no que deu, mas depois de tanta coisa eu aprendi a gostar deles e para mim, eles são minha família, eu não sei ao certo o que aconteceu, mas eu sei que o Tigre não vai passar pano nisso, aquele garoto tem personalidade e coragem, mas também penso em tudo que a Anna e meus netos possam vir a passar, uma nova guerra, crime, ela e meu neto no meio disso não me agrada nada, eu não criei ela com tanto zelo para que ela passe por essas situações, a morte inesperada do Walter nos fez ficar de orelhas em pé, pois não sabemos a real motivação do crime. O Tigre me pediu ajuda, disse que viria com a família, eu me prontifiquei a ajuda-los em tudo, não sei o que ele tem em mente, mas espero que ele pense na família que ele construiu, agora não se trata só dele, vai muito além disso.

[...]

No horário marcado ao encontro deles na pista de pouso, nesse momento a prioridade é a segurança, então fui preparado, eu não sou bandido, mas era juiz e até exercendo minha profissão eu precisava de escolta.

Vi o jatinho pousar e a porta ser aberta, o Tigre foi o primeiro a descer com o Rodriguinho dormindo em seus braços, logo depois vi minha filha com minha netinha no colo, em seguida os outros desceram, todos estavam muito tristes, era possível notar isso no olhar de cada um deles, a Anna me abraçou e pousou sua cabeça em meu peito.

Anna: Pai, como é bom te ver bem!

- Oi querida, você sabe que seu velho é um homem de ferro. Você está bem?

Anna: Na medida do possível, sim!

Cumprimentei os outros e seguimos para minha casa, só assim poderíamos conversar e tomar decisões sobre tudo isso que está acontecendo.

Anna narrando:

Tudo isso está me enlouquecendo, parece até um pesadelo, é como se eu estivesse à beira de um precipício e uma força maior estivesse me puxando para baixo. Mas o pior de tudo, é que me sinto sozinha, nesse momento o Rodrigo não consegue pensar em mais nada a não ser em vingar o seu pai, e para eu o pior de tudo é pensar que não posso contar com ele, porque a prioridade dele nesse momento é outra. O único lado bom disso, foi ver meu pai e ter toda certeza que ele está bem e seguro, toda essa situação me deixou a flor da pele, sinto a todo instante que meu coração vai saltar pela minha boca.

[...]

Nos acomodamos na casa do meu pai, passamos uma noite e no dia seguinte acordei e vi uma mala pronto ao lado da cama, passei a mão no rosto esfregando a mão nos olhos, nesse exato momento vi a porta se abrir e vi o que o Rodrigo entrou no quarto e sentou na cama, ao meu lado.

-Bom dia, meu amor!

Tigre: Bom dia, amor!

-E essa mala, para aonde vamos?

Tigre: vou para o Brasil, Anna!

Senti uma pontada forte no meu peito e uma vontade imensa de chorar, várias situações começaram a ser formuladas em minha mente, vários questionamentos, eu não podia acreditar que ele estava abrindo mão de tudo que construímos até aqui.

-O que?

Tigre: Já conversei com seu pai, você e nossos filhos vão ficar aqui até eu voltar!

-Então é isso? Você não me consulta mais em nada, apenas toma as decisões por nós, achei que fossemos um casal!

Levantei da cama, secando as lágrimas...

Tigre: Eu preciso vingar a morte do meu pai, eu preciso saber o que realmente aconteceu.

-Seu pai está morto, eu sinto muito por isso, mas nada do que você faça vai trazer seu pai de volta, já eu e seus filhos estamos aqui, bem vivos.

Tigre: vocês estarão seguros aqui!

-Já não basta todas as vezes que fomos separados, que fugimos do Brasil para recomeçar, agora você quer voltar, deixando de lado tudo que construímos aqui.

Tigre: eu só quero saber o que aconteceu, eu não vou ficar aqui de braços cruzados.

-Então a sua solução é, abandonar sua família em prol de uma chacina para vingar a morte de seu pai? Grande homem você é, em?!

Ele balançou a cabeça negativamente e passou a mão nos cabelos...

Tigre: Fiz tudo que você quis, te apoiei em sair do Brasil, aceitei em recomeçar do 0. Você não pode me apoiar nisso, é difícil demais para você? Se trata do meu pai, Anna! Se eu lutar por essa causa, vai te decepcionar, eu sinto muito, mas é melhor você começar se preparar, porque eu estou disposto a tudo, tudo mesmo!

-Se trata da nossa família também, Rodrigo! Nós estamos aqui, vivos! Sinto muito em dizer, mas seu pai já se foi, não podemos fazer mais nada.

Tigre: eu posso e eu vou, queira você ou não, goste você ou não! Nada que você fale vai me fazer mudar de ideia e se você não poder me apoiar na minha decisão, eu sinto muito, mas eu vou fazer isso com ou sem seu apoio.

-Faz o que você quiser fazer, só não conta comigo para isso!

Seguir em direção ao banheiro e bate a porta com força, eu só espero que ele pense muito antes de tomar qualquer decisão, tudo agora funciona diferente, eu coloco meus filhos acima de qualquer coisa, não se trata mais só de nós dois, mas também dos nossos filhos e eu vou priorizar o que for melhor para eles.