Proibida 2

Tigre narrando: Cara, três anos se passaram e nesse tempo, muitas coisas mudaram e aconteceram, ter a paz de uma vida tranquila, sem preocupações do tipo, geral querendo minha cabeça e geral me querendo preso é bom demais, mas por outro lado, sinto falta daquela adrenalina, a viver aquilo que eu sempre fui acostumado, os bailes dos fins de semana, o churrasco do domingo na laje com a tropa, essas paradas as vezes me deixam com saudade de tudo que já vivi, mas eu tento me manter longe de tudo isso, agora sou pai de família e tenho dois filhos pra criar, graças a Anna e aos meus filhos, a minha perspectiva de vida mudou completamente, sou grato por isso, para mim, não tem nada mais importante que mantê-los seguros, essa sempre foi minha prioridade, eu tento muito me manter longe de tudo que envolve minha vida passada, eu sei como foi difícil largar tudo e recomeçar uma vida nova aqui, no México. Além disso, não quero por nada nesse mundo desapontar a Anna, ela está muito feliz aqui, acho que esse sempre foi o padrão de vida que ela quis, casa, filhos, um marido bom, passeios no fim da tarde com a família, sem medo de nada e ninguém. Já vivi períodos que eu nem podia descer no asfalto, só ficava preso no morro, mas aqui não, frequentamos os lugares que queremos, passeamos na rua abertamente, eu sei que isso é tudo que ela sempre quis e estou me esforçando para que isso dure. Anna: Vai logo Rodrigo, ele vai se atrasar para a escola! - Calma amor, relaxa, ele não vai se atrasar, a escola é vinte minutos daqui! Anna: Então vai logo! - Estou indo, mandona! Peguei a mochila do meu moleque, segurei a mão dele e fui caminhando para fora de casa. - Sua mãe é bolada, filho! Rodriguinho: Sim, papai! Segui até o carro com o Rodriguinho, coloquei ele na cadeirinha e entrei no carro, o segurança entrou no banco da frente e o outro pegou o volante, por mais que eu não veja ameaças aqui, eu não me canso de andar com seguranças, pra mim, nem toda segurança do mundo é suficiente, eu ainda carrego umas neuras comigo do passado, então invisto pesado em tudo que eu achar seguro para mim e minha família. O Segurança ligou o carro e partimos, o portão foi aberto e saímos da minha residência, p***a, nesse momento só ouvi barulho de pneu cantando no asfalto e um carro preto fechar o carro que eu estava com meu filho. Veio aquela velha sensação que uma m***a muito grande estava pra acontecer, foi como cena de filme irmão, eu só ouvi os disparos, em um movimento rápido me debrucei em cima do corpo do meu filho, na tentativa de protege-lo, o carro era blindado, mas ainda assim, eu não era h******l imaginar que a vida do meu filho está em perigo. O segurança avançou com o carro, batendo nosso carro no carro do inimigo, com o impacto os tiros sessaram, nesse momento meu segurança abaixou parte do vidro do carro e meteu bala, de imediato eles aceleraram e partiram dali. Meu garoto chorava muito, eu já estava desesperado. Anna narrando: Eu sei, o tempo passou muito rápido, as vezes nem acredito que estamos á três anos afastado de tudo aquilo, eu orei muito por uma vida tranquila, e agora nós temos essa vida tranquila. Todos nós vivemos em paz, cada um em seu espaço, mas todos no mesmo terreno, pra a gente é como se isso nos torne mais seguros, mais fortes, não somos uma família problemática, então aqui é como se fosse um condomínio, moramos todos juntos, mas ao mesmo tempo separados, pois cada um tem sua casa. Menos o meu pai, ele retornou para a Inglaterra, mas ele nos visita com frequência e tudo entre nós e ele está bem. O Walter e a Cris continuam juntos, porém viajam muito, acho que eles estão aproveitando tudo que a vida tem de bom, eles estão felizes e isso para mim não tem preço. Por inúmeras vezes eu me imaginei vivendo essa vida, essa calmaria, noites de sono tranquila, essa foi a vida que sempre almejei, as vezes me parece até um sonho, mas quando eu acordo, vejo que isso tudo é real e eu sou muito merecedora disso, foram muito tempo de luta e sofrimento, eu não sei se teria mais estrutura para viver tantas tempestades como no passado, ainda mais com dois filhos, tudo muda, as gente não vê mais as coisas como antes, nossa maior prioridade sempre serão nossos pequenos anjos, quem é mãe sabe, a gente faz o que pode e o que não pode pelos filhos e não tem nada mais prazeroso que os ver bem, feliz e em segurança. [...] Vi o Rodrigo entrar no carro com nosso filho, ele soltou um beijo de longe pra mim e entrou no carro. Eu sorri e entrei para dentro de casa, a minha pequena ainda dormia e eu aproveitei pra adiantar algumas coisas em casa, mas em questão de segundos ouvi uma rajada de tiros próximo, eu só ouvi a correria do lado de fora da minha casa, eu abri a porta rápido, sentia meu coração pulsar forte, vi os seguranças correndo para a parte de fora do portão da minha casa, eu senti aquela pontada no meu peito, pois meus dois amores tinham acabado de sair, eu não pensei duas vezes e sair correndo desesperada para a rua, mas antes de chegar no portão, senti meu corpo ser puxado de pressa. Segurança: Não, patroa. Sentia as lágrimas escorrer pelos meus olhos, mas um nó se formou em minha garganta e eu não conseguia pronunciar uma palavra, eu sentia o chão se abrindo abaixo dos meus pés e não podia fazer nada para mudar isso. Eu não sabia o que de fato estava acontecendo, mas eu sabia que eles estavam em perigo e isso me deixava completamente fora de mim, eu não sabia se eles estavam bem, se estavam feridos, eu só sabia que algo tinha acontecido com eles.