Capítulo 03

954 Words
Milena narrando: O luto doí muito, eu juro que eu daria qualquer coisa para ter meu pai aqui comigo, eu sei, muitos dizem que ele era um criminoso, m*l, matador e inúmeras outras coisas, mas ele era meu pai e como pai, ele era o melhor, eu ainda não consigo acreditar que o perdemos e não tivemos nem a oportunidade de nos despedir e o pior ainda, não poderei dar o último adeus. O Rodrigo acha que não é seguro, eu também não acho, mas pra mim, não tem nada que me machuque mais, eu já estou um caco, a única coisa que está me dando forças nesse momento é minha filha, preciso ser forte por ela e mais ninguém, ela ainda precisa muito de mim e eu não posso cair agora. Rico: Vamos amor, temos que ir! - Ele disse pra aonde vamos? Rico: O México já não é mais seguro para nós, vamos para outro país, por enquanto. - Tá, vamos! Já passava das duas horas da madrugada, eu sair de casa eu vi aquela cena, que me fez lembrar do passado... sim, o passado! Diversos homens armados com armas de grosso calibre, diferente dos antigos seguranças, esses tinham cara de criminosos de verdade, mas eu sei que a partir de agora o Rodrigo vai ficar na psicose com isso e não vai poupar esforços para nos proteger, ele não demonstra, mas eu sei que isso abalou ele demais, apesar de tudo, esse jeitão que ele tem, eles sempre foram muito próximos, mas que pai e filho, eles eram amigos de vida e parceiros de crime, um disposto a dar a vida pelo outro. Anna narrando: Eu conhecia aquele olhar do Rodrigo, eu sei o quanto ele está sofrendo, mas também sei que ódio está tomando conta dele, isso é o que mais me preocupa, se o Tigre voltar a habitar nesse Rodrigo de agora eu não sei como as coisas vão ficar, nesse momento eu estou com minha mente e meu coração turbados, estou sofrendo pelo falecimento do meu sogro, preocupada com a situação da Cris, preocupada com nossa segurança e também do meu pai. [...] Depois de quase uma hora de carro, chegamos em uma pista de pouso, tinha um jatinho lá, certamente irá nos levar para algum lugar. - Para aonde vamos, meu amor? Tigre: Seu pai vai nos aguardar em um local seguro, ele vai cuidar de vocês por um período! - Você não vai ficar com a gente? Tigre: Preciso resolver algumas coisas, pra nossa segurança mesmo! Não posso permitir que estejam correndo perigo. Senti minha garganta secar e aquela vontade enorme de chorar, pois eu sabia que no fundo, isso iria dar uma m***a muito grande e eu não sei se a gente conseguiria sair dela de novo. Segurei a mão dele antes de sair do carro... - Espero que pense bem em mim e em nossos filhos antes de fazer as coisas. Tigre: Não se preocupe, é por vocês mesmo que eu preciso fazer certas coisas. Ele desceu do carro e pegou nosso filho no colo, eu levei nossa filha que dormia tranquila, coitada, ainda é tão pequena para entender todas essas coisas que estamos vivendo. Todos nós nos acomodamos no jatinho, a Milena está tão triste, doía em meu coração vê-la daquela forma, mas não dava pra dizer muita coisa, todos nós ficamos abalados com essa notícia, tudo que a gente estava esperando era ver ele e a Cris entrar pela porta nos contando suas histórias sobre as viagens que eles fizeram, a morte dele foi algo tão inesperado e duro, que não vai ser algo tão fácil de superar. Além do peso do luto, temos a preocupação constante da segurança da nossa família, a gente não sabe o que de fato aconteceu, o que levou o pai do Rodrigo ao Rio, o Brasil foi o país que estipulamos não voltar mais, não entendo porque ele foi até lá, eu juro que não consigo entender como isso tudo aconteceu. Eu queria fechar os olhos e imaginar que isso não passou de um pesadelo terrível e quando eu abrir os olhos, tudo vai voltar ao normal. Tigre narrando: Sentia meu coração pulsar firme e não era só de dor, era de ódio também, isso passou da minha capacidade de controlar as coisas, eu não posso deixar isso assim, a vida de meu pai valia muito, eu preciso descobrir o que aconteceu de verdade, essa história está muito m*l contada, meu pai não era o tipo de cara que fazia m***a, ele era um cara centrada, calculista, media cada ação que ele fazia, na minha cabeça não entra que ele foi no Rio a passeio, tem algo a mais nisso, nosso trato foi não pisar os pés no Brasil, ele viajou o mundo e nunca foi lá, do nada ele resolve ir lá e morre, isso não tem cabimento, falta uma peça nessa história e eu não vou sossegar até descobrir toda a verdade. Eu sei, as coisas não são mais como antes, eu já não sou o poderoso tigre, frente de comunidades, mas tem algo que eu não perdi parceiro, o respeito de todos aqueles que trabalharam comigo, eu sair como homem e voltar como homem. Essa vida já não é pra mim, mas nesse momento, eu só quero aniquilar, destruir, cortar em pedaços o culpado pela morte de pai, e disso ninguém vai me impedir nem mesmo a Anna, eu espero que ela não venha me falar nada sobre isso, eu não estou com cabeça pra explicar o que estou sentindo nesse momento, eu só quero deixa-los seguros e poder fazer justiça pelo meu pai, ademais, a gente vai vendo no que vai dar.
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